Líder da categoria reforça ameaça de greve dos caminhoneiros: “Não temos mais condições de rodar”

A possibilidade de greve dos caminhoneiros, que já era alta depois do aumento dos preços dos combustíveis, segundo as lideranças da categoria, ganhou mais força depois das afirmações feitas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, juntamente com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Bolsonaro propôs uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras (PETR4). Lira reclamou da renúncia do presidente da estatal, José Mauro Coelho. “O que importa é que o País vai parar naturalmente, por não ter mais condições de rodar”, diz o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como “Chorão Caminhoneiro”.

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Um dos principais líderes dos caminhoneiros, Landim afirma que o governo federal tem adotado medidas sem eficácia, apenas norteado por interesses eleitorais, e que Bolsonaro descumpriu compromissos que teria assumido com os profissionais de transporte, como a alteração da política de preços usada pela Petrobras, que se baseia em oscilações internacionais para definir sua tabela no País.

Ao lado de uma bomba de combustível, Landim exibiu nesta segunda-feira o preço praticado por um posto de São Paulo, onde o diesel é vendido por R$ 8,70 o litro. “Estou aqui em São Paulo, 300 litros de diesel, R$ 2.610, a R$ 8,70 o litro do diesel. Categoria, vamos acordar. Precisamos, sim, nos unir, em todos os Estados”, disse Landim, mencionando a necessidade de uma paralisação dos caminhoneiros.

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“Vamos acordar, nos unificar e ir para cima da Petrobras. Quando eu falo em ir para cima da Petrobras, é ir para cima do governo federal, também. Quem nomeia o presidente da estatal é o senhor Jair Messias Bolsonaro, que fez um compromisso para nós de mudar esse preço de paridade de importação em 2018. Por isso nós acreditamos no senhor e queremos iniciar uma greve”, afirmou.

Landim diz que a definição dos membros do conselho da empresa tem concentração nas mãos do governo e que, por isso, Bolsonaro poderia fazer mudanças estruturais. “Dos 11 membros do conselho, seis também são indicações suas. Você pode fazer, sim. Vamos para cima da Petrobras, do governo, do Ministério de Minas e Energia. Não podemos mais ficar calados”, declarou, referindo-se à possibilidade de greve dos caminhoneiros.

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Como mostrou o Estadão, a União receberá hoje mais uma parcela, de R$ 8,8 bilhões, do lucro da estatal. A cifra faz parte de um total, já anunciado este ano, de R$ 32 bilhões em dividendos que serão pagos até julho ao governo, maior acionista da companhia.

Entre 2019 e 2021, a União já tinha embolsado em dividendos outros R$ 34,4 bilhões, a valores atualizados, segundo levantamento de Einar Rivero, da TC/Economática. Quando se somam, ao lucro destinado à União, os impostos e os royalties, a Petrobras injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões de 2019, início do governo Bolsonaro, a março deste ano, conforme dados dos relatórios fiscais da companhia, revelados pelo Estadão em maio. Considerando Estados e municípios, o montante chega a R$ 675 bilhões. Só o montante pago à União corresponde a aproximadamente cinco vezes o orçamento do Auxílio Brasil previsto para este ano, em torno de R$ 89 bilhões.

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Na semana passada, a Abrava declarou, em citação ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que, “por ironia do destino, o ministro apelidado de posto Ipiranga, que deveria resolver esse problema, é o grande culpado deste caos, e hoje chegamos neste ponto crítico, sendo que ainda temos sérios riscos de falta de combustível”.

Paulo Guedes não comentou as declarações sobre a greve dos caminhoneiros. A Abrava afirmou que “muitas especialistas afirmam que esse problema tem soluções viáveis, mas está claro que essa não é a prioridade, o que vemos é um governo desesperado.”

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Com informações do Estadão Conteúdo

Ana Carolina Cury

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