Petroleiras sob pressão: o que analistas veem no horizonte do setor

A recente queda do petróleo reacendeu a cautela no mercado — e, segundo analistas, o momento exige menos atenção ao movimento do Brent e mais foco na execução das teses de cada companhia. Ao observar os resultados e as teleconferências de 3T25 das petroleiras, especialistas traçam um panorama que combina avanços operacionais, riscos específicos e uma necessidade crescente de seletividade entre PRIO3, PETR4, BRAV3 e RECV3.

Na avaliação do mercado, quatro pilares devem guiar o olhar do investidor: volumes e novos projetos, eficiência e redução de custos, investimentos/expansão e disciplina na alocação de capital. Em outras palavras, quem entregar mais barris gastando menos e direcionando o caixa com rigor tende a se destacar em um contexto de petróleo mais fraco. Mas cada empresa caminha em uma trilha muito própria — algumas acelerando, outras patinando.

Petrobras surpreende, PRIO avança, Brava desacelera — enquanto RECV preocupa

Entre as cobertas, analistas destacam a Petrobras (PETR4) como a melhor entrega do trimestre. Produção recorde, eficiência crescente nos FPSOs e geração de caixa robusta sustentam uma tese operacional forte. O FPSO Almirante Tamandaré, operando acima da capacidade nominal sem aumento de capex, virou símbolo desse momento.

O grande divisor de águas, entretanto, deve ser o Plano Estratégico 2026–2031, esperado ainda para novembro, com potenciais revisões para cima na curva de produção e nos investimentos. A grande incógnita — e principal risco — segue sendo a alocação de capital da companhia. Mesmo assim, analistas consideram o valuation atual excessivamente descontado frente aos fundamentos.

No caso da PRIO (PRIO3), o foco continua positivo. Apesar de um trimestre marcado por eventos não recorrentes, a essência da tese permanece intacta: ramp-up consistente, avanço do projeto Wahoo para 2026 e uma aquisição estratégica em Peregrino que deve gerar US$ 250 milhões/ano em sinergias de custos. A empresa mantém disciplina, prioriza retorno por ação e prepara o terreno para acelerar geração de caixa assim que a alavancagem cair. Entre as independentes, PRIO segue como a tese mais linear e previsível.

Brava (BRAV3) vive um momento intermediário. Entregou forte performance operacional — novo recorde de produção e lifting cost em queda —, mas ainda sofre com um fluxo de caixa tímido. Além disso, 2026 será um ano mais pesado em investimentos, com a expectativa de que novos poços de Atlanta e Papa-Terra só tragam alívio no fim de 2026 e início de 2027. Analistas reconhecem avanços na integração Enauta + 3R, mas não veem catalisadores relevantes no curto prazo.

Já a PetroReconcavo (RECV3) enfrenta a situação mais desafiadora do grupo. A produção decepcionou, a depleção dos reservatórios se intensificou e os resultados de workovers perderam tração. Apesar de avanços tecnológicos — como o primeiro poço horizontal no RN —, a empresa convive com incertezas sobre produtividade, permeabilidade baixa em novos poços profundos e a necessidade de adotar tecnologias mais sofisticadas. A certificação de reservas do 1T26 deve ser decisiva para recalibrar expectativas.

O que o investidor deve monitorar nas petroleiras em 2026

Para os especialistas, o pano de fundo permanece claro: um Brent mais fraco coloca pressão, mas não elimina oportunidades. Em ciclos assim, empresas com capacidade de aumentar produção, reduzir custos e gerir capital com disciplina tendem a atravessar a maré com vantagem.

Para Petrobras, o centro gravitacional é o novo plano estratégico — que pode reforçar o otimismo operacional, mas ainda exigirá atenção redobrada à estratégia de investimentos e eventuais incursões em novos mercados.

Para PRIO, a combinação de sinergias em Peregrino e Wahoo entrando em 2026 cria um ciclo de expansão raro entre as petroleiras locais.

A Brava entra em modo de transição: 2026 é passagem, 2027 é colheita. Já a RECV encara o teste mais duro — provar que consegue revitalizar seus campos e recuperar tração operacional.

Entre riscos, oportunidades e calendários de projetos, o investidor que segue as petroleiras deve mapear com clareza quem está pronto para entregar volume, eficiência e disciplina — e quem ainda precisa provar que merece espaço no portfólio.

Maíra Telles

Compartilhe sua opinião

ÚLTIMA CHANCE: AS OFERTAS EXCLUSIVAS DE BLACK FRIDAY DA SUNO

INSCREVA-SE!