Volatilidade testa crédito privado, mas fundos mantêm otimismo e desempenho

O aumento da volatilidade global, impulsionada principalmente pelas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, afetou o desempenho de diversos ativos, incluindo os fundos de crédito privado. Ainda assim, o mercado tem reportado resultados consistentes nos fundos de debêntures incentivadas, com postura conservadora e preferência por ativos de alta qualidade.

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Para o planejador financeiro Jeff Patzlaff, os efeitos dessa volatilidade foram sentidos principalmente na marcação a mercado dos fundos com duration mais longa. “A elevação da volatilidade gerou uma reprecificação de ativos de risco. Fundos com duration mais longa passaram a apresentar desvalorizações temporárias”, afirmou. “Apesar disso, o carrego desses fundos continua atrativo, especialmente em comparação aos títulos públicos.”

Infraestrutura e alta qualidade de crédito dominam as alocações

A AZ Quest reportou que seu fundo de debêntures incentivadas teve rendimento de +1,65% em abril, contra +1,76% do benchmark IMA-B5, acumulando +5,09% no ano, superior aos +4,92% do IMA-B5. A gestora destacou o impacto do fechamento da curva de juros reais, apesar de perdas pontuais com spreads de crédito e estrutura da curva.

O Fator Debêntures Incentivadas, por sua vez, registrou rentabilidade de 87,08% do CDI líquido, o que equivale a 102,45% do CDI bruto quando ajustado pelo benefício fiscal. A carteira manteve aproximadamente 75% dos ativos com rating AA- ou superior, sendo 20% AAA.

“É bom priorizar setores com maior previsibilidade. Além disso, há maior seletividade por emissores com bom histórico de governança e ratings robustos”, complementa Patzlaff.

Crédito privado: hedge e cautela como proteção à volatilidade

Em resposta ao ambiente instável, os fundos vêm adotando estratégias de hedge, como contratos futuros de NTN-B e swaps de inflação, além de maior liquidez em caixa. Para Patzlaff, essas táticas ajudam a “reduzir a exposição da carteira à variação da curva de juros real”.

Mesmo diante da reprecificação de ativos, a expectativa para novas emissões é positiva. A continuidade do apoio governamental ao financiamento via debêntures incentivadas, por meio do Ministério da Fazenda e BNDES, fortalece essa visão.

“Para projetos de longo prazo com retorno ajustado ao risco, a debênture incentivada ainda é uma ferramenta eficiente de financiamento”, afirmou.

Patzlaff recomenda diversificação nas carteiras de renda fixa, com títulos pós-fixados, indexados à inflação e debêntures de infraestrutura. “Investidores mais tolerantes à volatilidade podem aproveitar a janela de preços descontados nos fundos de debêntures incentivadas”, conclui.

Mesmo com os desafios recentes, os fundos de crédito privado seguem como alternativa relevante para investidores de longo prazo que buscam exposição isenta de IR e setores estratégicos da economia brasileira.

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Maíra Telles

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