Fundo Verde vê a primeira queda desde crise de 2008 e destaca ‘implosão do teto pelo governo’

Apesar de ter ganho rentabilidade na aposta em criptomoedas e no mercado de juros em 2021, o fundo Verde terminou 2021 com o segundo resultado negativo da sua história – desde a fundação em 1997 -, em razão, principalmente, da desvalorização das ações brasileiras em um ano “frustrante”.

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O principal erro de gestão do fundo Verde, de Luis Stuhlberger, segundo carta aos cotistas, foi “não conseguir defender a enorme deterioração do mercado de ações brasileiro”, coisa que a asset destaca ter conseguido fazer em outros anos, durante “momentos difíceis para o mercado acionário“.

O fundo de investimento ganhou dinheiro com posições tomadas na parte curta da curva de juros e com a compra de inflação implícita ao longo do ano, dado o cenário macroeconômico, mas “tais ganhos foram pequenos perante a perda no restante do portfólio.”

“O grande detrator do portfólio do Verde no ano foi a exposição em ações no Brasil. O fundo manteve uma exposição média comprada em torno de 27% no ano, e teve uma perda nessa carteira em torno de 21%”, destaca o texto. As ações se dividem em: 23,5% são do mercado brasileiro e 4%, internacionais. “É um resultado que nos deixa frustrados.”

Em 2021, o fundo caiu 1,1%, após passar por um dos meses mais difíceis de sua história em outubro, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O risco de exposição ao mercado acionário se justificava, segundo a asset, pelas perspectiva de agilidade de vacinação contra a covid-19, reabertura econômica aliada à aceleração do crescimento econômico e aperto gradual dos juros pelo Banco Central.

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“Embora tenhamos acertado a direção dos primeiros itens, e o mercado brasileiro tenha ido bem até meados de julho, no segundo semestre do ano a implosão do teto dos gastos pelo governo, via a PEC dos Precatórios, alterou de modo importante todo o equilíbrio macro e microeconômico do Brasil”, reforça a Verde Asset Management.

As alocações pequenas em criptomoedas, crédito e commodities vieram com o viés de diversificação, e “adicionaram valor ao fundo [conforme] uma estratégia da gestão de diversificar a alocação de capital do Verde.”

A Verde Asset Management tem cerca de R$ 50 bilhões em ativos sob gestão.

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Fundo Verde e outros sofrem com deterioração das ações

Segundo os últimos dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), os fundos de ações registraram uma queda de 99% na captação, com R$ 200 milhões injetados em 2021 ante R$ 73,3 bilhões em 2020.

“Nos momentos em que vemos mudanças no potencial de retorno [da renda fixa] e avanço no risco, é bastante racional e compreensível que as pessoas realoquem um pouco os seus patrimônios. Eventualmente, o investidor mais alocado em ações começa a ter um pouco mais de desconforto com a volatilidade que temos visto no mercado”, disse o diretor da Anbima, Pedro Rudge, em coletiva online.

A alta nos aportes da classe pode ser explicada, em parte, pelo ciclo altista da Selic, que ocasiona um movimento de evasão do mercado de ações e de entrada no mercado de renda fixa.

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As estimativas são de que a Selic termine o ano de 2022 em 11,75%, ante os atuais 9,25% definidos na última reunião do Copom, em dezembro.

O retorno médio de uma cesta de 242 multimercados brasileiros acompanhados pela Bloomberg no período de três meses encerrado em 27 de dezembro ficou positivo em 0,78%, cerca de um ponto percentual abaixo do ganho do CDI.

O ano amargo para bolsa fez o Fundo Verde e outros da classe de ativos somarem um desempenho no vermelho. A outra única vez em que o fundo terminou um ano em baixa foi em 2008, quando recuou 6,4% em meio à crise financeira global. O fundo se recuperou após um turbulento início de quarto trimestre e subiu 2,1% em dezembro.

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Eduardo Vargas

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