Fed mantém taxas de juros, mas não descarta novas altas em 2023

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed), anunciou nesta quarta (14) que vai manter as taxas de juros no país no intervalo entre 5% e 5,25%. Foi a primeira pausa nos juros após dez altas consecutivas desde março de 2022. A decisão foi unânime. O comitê, no entanto, não descarta dois novos ajustes até o fim do ano.

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O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,15%, decisão que entra em vigor a partir da quinta-feira, 15, e a taxa de desconto, para 5,25% ao ano.

O comunicado sobre a decisão do Fed diz que o banco central americano “está empenhado em trazer a inflação à meta de 2%”.

E completa: “O Comitê está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas. Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica segue crescendo em ritmo modesto. Os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada.”

O comunicado do Fed acrescenta: “Ao determinar a extensão do endurecimento adicional da política que pode ser apropriado para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com os quais a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os fatores econômicos e financeiros. desenvolvimentos.”

Nove dos dirigentes do Fed estimam altas de juros nos EUA entre 5,5% e 5,75% até o final de 2023. Dez deles veem avanços dos juros acima de 4,5% ao fim de 2024.

Powell explica decisão do Fed

O presidente do Fed Jerome Powell concedeu entrevista coletiva após a divulgação do comunicado do banco central dos EUA. O dirigente da instituição reforçou o que indica o texto: a maioria dos integrantes do Fomc entendem que há necessidade de mais aumentos para tentar trazer a inflação no país à meta dos 2%.

“A expectativas de inflação seguem ancoradas no longo prazo. O Fed está atento aos riscos de inflação”, argumentou. “Por isso esperamos mais algum aperto na política monetária ainda em 2023. A manutenção das taxas de hoje é um prolongamento do ciclo de altas.”

“Não estamos vendo progresso significativo no núcleo da inflação”, assinalou. O mercado de trabalho, porém, tem mostrado resiliência.”

Fed fala em inflação ainda elevada

O Federal Reserve avaliou em sua última decisão que a inflação segue elevada nos Estados Unidos e que os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses, além de que a taxa de desemprego permaneceu baixa. Em comunicado, a autoridade afirmou que ao manter as taxas de juros nesta reunião, permitirá aos dirigentes avaliar informações adicionais e suas implicações para política monetária.

O Fed reforçou que está fortemente empenhado para retornar a inflação à meta de 2%, segundo a publicação.

Ao determinar a extensão do endurecimento adicional da política, a autoridade levará em conta o aperto cumulativo, os atrasos com os quais a política monetária afeta a atividade econômica, a inflação, os fatores econômicos e os desenvolvimentos financeiros.

O Fed ainda afirmou estar preparado para ajustar sua política de acordo com os riscos. Além disso, o Comitê do Fed decidiu que continuará reduzindo suas participações em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas (MBS, na sigla em inglês).

Os dirigentes avaliaram que o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente. Já as condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação, segundo o comunicado. “A extensão desses efeitos permanece incerta”, avaliou o Fed.

Medianas de projeção

A mediana das projeções do Conselho Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve para a inflação nos Estados Unidos medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) caiu no cenário estimado para 2023 e permaneceu inalterada para 2024, 2025 e no longo prazo.

As estimativas foram divulgadas nesta quarta, juntamente com a decisão de política monetária da instituição.

Para 2023, a mediana das projeções baixou de 3,3% para 3,2%. A estimativa para 2024 foi mantida em 2,5% e para 2025, em 2,1%. A mediana do longo prazo permaneceu em 2,0%.

Já a mediana das projeções para o núcleo do PCE (que exclui itens voláteis, como alimentos e energia) aumentou para 2023 e 2025, e permaneceu a mesma para 2024.Para 2023 subiu de 3,6% para 3,9%. Para 2024, se manteve estável em 2,6%. A mediana de previsão para 2025 subiu de 2,1% para 2,2%. Não há projeções para o núcleo do PCE no longo prazo.

Gráfico de pontos

O gráfico de pontos atualizado do Federal Reserve (“dot plot”), publicado nesta quarta-feira, mostra que a principal projeção dos dirigentes do Fed presentes na reunião desta quarta é de que os juros nos Estados Unidos estejam na faixa entre 5,50% e 5,75% em 2023. Essa é a expectativa para nove dos dirigentes, enquanto três esperam juros acima de 5,75%, e seis projetam taxas abaixo de 5,50%.

O gráfico de pontos ainda mostra que dez dirigentes esperam juros acima de 4,50% em 2024, incluindo três que esperam taxas mais altas que 5,50%. Enquanto isso, seis dirigentes esperam juros entre 4,25% e 4,50% ao final do próximo ano, e dois acreditam em uma taxa abaixo de 4,25% em 2024.

Para 2025, há maior divergência, com três dirigentes esperando que os juros estejam na faixa entre 3,00% e 3,25%, e outros três projetam que eles estejam entre 3,25% e 3,50%. Entre os demais, há grande variação, que vai desde uma aposta para a faixa entre 2,25% e 2,50% a uma projeção de 5,50% a 5,75%.

No prazo mais longo, oito dirigentes do Fed esperam que os juros estejam em 2,50%, com maior dispersão nas demais projeções.

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Repercussão no mercado

O mercado esperava um tom mais otimista na decisão do Fed. As bolsas nos EUA reagiram ao comunicado do Fomc com quedas: o índice Dow Jones cai 1,11%, Nasdaq recua 0,44% e S&P 500 cede 0,50%.

Após o Fed, o Ibovespa reduziu alta e passou a operar com avanço de 0,85%, perdendo os 118 mil pontos.

Com Estadão Conteúdo

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Marco Antônio Lopes

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