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ETFs internacionais: como as gestoras estão abrindo caminho para investir lá fora

Uma das formas mais acessíveis de se investir no exterior é a partir de ETFs internacionais, que têm como vantagem o acesso a diversos ativos por meio de um único investimento. E tendo em vista a busca crescente por diversificação geográfica e setorial por parte dos investidores, as gestoras estão apostando cada vez mais em novos produtos nesse sentido. 

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Segundo Danilo Moreno, especialista de ETFs da Investo, a expansão desses produtos no Brasil reflete tanto a maturidade da base de investidores quanto a necessidade de acessar setores globais específicos com simplicidade e baixo custo.

“Há uma busca crescente por diversificação geográfica e setorial, especialmente num cenário em que eventos locais impactam portfólios concentrados em ativos brasileiros”, afirma.

Renato Eid, sócio e superintendente de estratégias indexadas e investimento responsável da Itaú Asset, reforça essa tendência. 

“A partir de 2020, com o avanço das plataformas e da digitalização, vimos um salto na busca por diversificação, o que motivou o lançamento de produtos como o TECK11 (primeiro ETF de tecnologia do Brasil), SPXR11 (primeiro ETF internacional, ligado ao S&P500, com hedge cambial e o BITI11 (criptoativos)”, comenta. 

Ele destaca ainda que os ETFs passaram a ser vistos não só como instrumentos de alocação tática, mas como parte da estratégia estrutural de diversificação dos portfólios.

Flávio Vegas, especialista de produtos da Global X ETFs, aponta que essa variedade crescente de produtos tem permitido que investidores com diferentes perfis, do conservador ao mais arrojado, encontrem ETFs adequados às suas estratégias.

“Já existem desde ETFs de renda fixa, que atendem ao investidor mais conservador, até opções para quem visa geração de renda mensal. Para investidores mais experientes, existem também os ETFs de índices amplos, setoriais e temáticos, que geralmente possuem um pouco mais de volatilidade, mas também visam um maior retorno no longo prazo.”

Democratização no acesso ao exterior

Segundo os especialistas, a possibilidade de investir em ETFs internacionais diretamente da B3 tem sido um diferencial importante para esse avanço.

“Os ETFs são negociados como ações comuns na bolsa brasileira, com liquidez garantida por formadores de mercado e mecanismos que mantêm o valor alinhado ao portfólio de ativos no exterior”, explica Moreno. A segurança regulatória e a simplicidade operacional também são fatores que atraem investidores.

Renato Eid destaca que os produtos da Itaú Asset têm lastro em ativos custodiados no exterior, e a negociação é feita via corretoras locais, com toda a infraestrutura de mercado da B3. “Isso reforça o aspecto prático e seguro desses produtos”, garante.

Contudo, apesar dos ETFs globais oferecerem vantagens como diversificação, simplicidade operacional e baixo custo, evidentemente também é preciso estar atento aos riscos envolvidos: gestores alertam que esses fundos estão sujeitos à volatilidade cambial, ciclos longos em temas específicos e riscos macroeconômicos e geopolíticos. Além disso, dependendo da estratégia, a volatilidade pode ser superior ao perfil de risco de alguns investidores. 

Temas que capturam oportunidades

Entre os ETFs temáticos, especialistas afirmam que os que mais têm chamado a atenção dos investidores são os de inteligência artificial, energia nuclear, blockchain, ativos digitais e transição energética. 

“Essas teses têm relevância econômica, tecnológica e geopolítica. A inteligência artificial, por exemplo, já impacta cadeias inteiras de valor”, afirma Moreno.

Vegas observa também que há forte demanda por produtos ligados à tecnologia e inovação, bem como por ativos com baixa correlação com os índices tradicionais, como o urânio. Eid, por sua vez, destaca que o TECK11, ETF de tecnologia do Itaú, já superou R$ 1 bilhão em patrimônio líquido, refletindo o apetite dos investidores brasileiros por megatendências globais.

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Renda fixa internacional também entra no radar

Embora o foco principal dos ETFs ainda esteja nos ativos de renda variável, os produtos de renda fixa internacional começam a ganhar espaço. “Com os juros dos EUA em torno de 4,5%, muitos investidores estão buscando exposição ao maior mercado de dívida do mundo, com uma moeda forte e taxas atrativas”, diz Vegas.

A Investo também tem apostado nesse segmento, com ETFs como o USDB11, focado em títulos americanos, e o BNDX11, que amplia a exposição para outros emissores globais em dólar. “A tendência é que essa demanda cresça com o amadurecimento das estratégias de alocação global”, diz Moreno.

Eid, no entanto, ressalta que essa mudança de comportamento ainda é gradual: “O investidor brasileiro se acostumou com renda fixa local de juros altos. Mas com o avanço da educação financeira, a demanda por renda fixa global deve crescer de forma sustentada.”

O futuro: sofisticação e consolidação

Um dos movimentos esperados pelos especialistas para os próximos anos é a evolução de estratégias mais refinadas, como os ETFs de smart beta e de fatores. Embora ainda pouco difundidos no Brasil, produtos que aplicam filtros baseados em valor, qualidade ou baixa volatilidade já começam a surgir, como aponta Moreno ao mencionar os ETFs SCVB11 e SVAL11 da Investo.

Para Eid, esse é um segmento ainda em desenvolvimento no país, mas com potencial de crescimento à medida que os investidores compreendam melhor os conceitos de performance ajustada ao risco.

Portanto, os especialistas concordam que o avanço dos ETFs internacionais no Brasil é uma tendência sem volta. Com um mercado cada vez mais atento às oportunidades globais e à necessidade de diversificação, a expectativa é a de que gestoras sigam expandindo suas ofertas, com o objetivo de conectar o investidor local às principais transformações econômicas do mundo.

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Redação Suno Notícias

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