Empresas nos EUA pagam bônus aos executivos antes da falência

Muitas empresas nos Estados Unidos estão concedendo bônus de “retenção” multimilionários aos seus executivos de alto escalão pouco antes de declararem falência. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (20) pelo jornal “Financial Times”.

A prática se tornou comum entre as empresas americanas com dificuldades financeiras, que foram especialmente afetadas pela pandemia do coronavírus (covid-19). A lista inclui colapsos de grandes empresas, como JC Penney, Hertz e Neiman Marcus; companhias do setor de energia, como Whiting Petroleum; e milhares de grupos de menor porte, cujas receitas foram atingidas pela crise.

Na maioria dos casos, os pagamentos estão vinculados aos executivos que permanecem em suas funções enquanto a empresa passa por uma reorganização. Os defensores da prática dizem que ela limita a interrupção de companhias que já enfrentam um futuro tumultuado e argumentam que reter os melhores talentos é fundamental para uma recuperação bem-sucedida.

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No entanto, o ato de pagar esses executivos é alvo de críticas por parte dos credores das empresas. Segundo eles, frequentemente, os bônus de retenção são concedidos semanas – ou até dias – antes que as companhias demitam trabalhadores e se recusem a pagar juros aos credores.

“Se a administração levou a empresa ao chão, então alguém deveria ser capaz de fazer pelo menos o mesmo que eles”, disse Tom Krasner, fundador da Concise Capital, uma administradora de fundos com sede em Miami, ao jornal britânico. “Não acho que esses pagamentos de retenção sejam de forma alguma garantidos”.

Executivos na Whiting foram pagos apesar da falência

Brad Holly, presidente-executivo de Whiting que ingressou na empresa em novembro de 2017, recebeu US$ 6,4 milhões (equivalente a R$ 35,89 milhões) no final de março, sob um novo plano de remuneração aprovado pelo conselho de administração, que ele também preside, menos de uma semana antes de a empresa entrar com pedido de falência. Whiting, que espera sair do processo de recuperação judicial no mês que vem, disse na semana passada que Holly deixaria o seu cargo quando isso acontecer e receberia US$ 2,53 milhões adicionais em indenização.

No total, Whiting pagou mais de US$ 14 milhões a executivos apenas alguns dias antes de se declarar falida. Em um arquivamento regulatório em abril, a empresa disse que seu plano de pagamento foi projetado “para alinhar os interesses da empresa e de seus funcionários”. Whiting não respondeu a um pedido de comentário.

A S&P Global observou que 424 empresas com dívidas avaliadas com notas altas (A para cima) entraram com pedido de falência durante o ano até 9 de agosto. Trata-se do ritmo mais rápido de falência em uma década.

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Daniel Guimarães

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