Movimentos do Fed atingem mais países emergentes e endividados, diz FMI

Pode ser grande o impacto do aperto monetário que o Federal Reserve, o Fed, estuda a fim de conter a inflação americana. Em especial, para as economia emergentes mais vulneráveis, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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Em publicação em seu blog, a organização aponta que, nos últimos meses, os mercados emergentes com elevadas dívidas, tanto pública quanto privada, exposições cambiais altas e saldos menores em conta corrente já notaram movimentação das moedas locais em relação ao dólar.

Segundo o comunicado, o crescimento mais lento e vulnerabilidade elevada podem criar ciclos adversos para tais economias a partir dos últimos movimentos do Fed, que indicou aumentar o aperto monetário a fim de conter a inflação.

Na prática, as medidas do banco central americano – caso se confirme alta de juros – devem atrair recursos dos países emergentes, com investidores de olho em riscos menores e retornos mais elevados, bem como elevar o custo de financiamento das dívidas.

O FMI continua esperando um crescimento robusto dos EUA, com a inflação provavelmente se moderando no final deste ano. As taxas de juros devem aumentar e a história mostra que os efeitos para os mercados emergentes são provavelmente benignos se o aperto for gradual, bem telegrafado e em resposta a um fortalecimento na recuperação, avalia.

As moedas de mercados emergentes ainda podem se depreciar, mas a demanda estrangeira iria compensar o impacto do aumento dos custos de financiamento, aponta o Fundo.

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Por outro lado, aumentos mais rápidos nos juros poderiam sacudir os mercados e apertar as condições no mundo.  Estas consequências podem vir com uma desaceleração da demanda e do comércio dos EUA, e levar a saídas de capital e depreciação da moeda em mercados emergentes.

Para o FMI, os emergentes devem adaptar a resposta às ações do Fed e às condições de financiamento mais restritivas com base em suas circunstâncias e vulnerabilidades.

Aqueles com credibilidade para conter a inflação podem apertar a política monetária de forma mais gradual, enquanto outros com inflação mais forte ou instituições mais fracas devem agir de forma rápida e abrangente, avalia.

Em ambos os casos, as respostas devem incluir a depreciação das moedas e o aumento dos juros de referência, afirma o relatório.

Tais ações podem representar escolhas difíceis enquanto tentam apoiar uma economia doméstica fraca.

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FMI vê necessidade de ‘comunicação clara e consistente’ do Fed e outras autoridades

Da mesma forma, estender o apoio às empresas além das medidas existentes pode aumentar riscos de crédito e enfraquece a saúde a longo prazo das instituições financeiras, atrasando o reconhecimento de perdas, alerta o FMI, lembrando que reverter as medidas pode restringir ainda mais as condições, enfraquecendo a recuperação.

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Para os bancos centrais conterem as pressões inflacionárias, uma comunicação clara e consistente dos planos pode melhorar a compreensão do público da necessidade de buscar a estabilidade de preços, enquanto países com altos níveis de endividamento em moedas estrangeiras devem procurar reduzir esses descasamentos e proteger suas exposições, detalha o FMI.

Diferente dos EUA com o Fed, países altamente endividados também podem precisar iniciar o ajuste fiscal mais cedo e mais rápido. O apoio contínuo para as empresas deve ser revisado e os planos para normalizar esse suporte deve ser calibrado com cuidado para a perspectiva e para preservar a estabilidade, afirma.

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Eduardo Vargas

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