Por que as ações da Engie (EGIE3) desabaram nos últimos dias?
As ações da Engie (EGIE3) acumulam queda relevante no mês de julho, após um forte movimento de alta observado nos meses anteriores. Nesta sexta-feira (11), os papéis são negociados na faixa dos R$ 41, segundo dados da B3. No início do mês, as ações chegaram a ser cotadas a R$ 48.

O recuo acontece mesmo com a Engie mantendo perspectivas operacionais positivas, o que levantou dúvidas entre os investidores. Para Bernardo Viero, analista CNPI da Suno, o movimento foi uma correção normal após uma valorização substancial. “Nada mais foi do que uma correção normal após uma alta que vinha sendo substancial num passado não tão distante”, afirmou.
Por que as ações da Engie estão caindo?
De acordo com o analista, as ações EGIE3 chegaram a acumular ganhos de mais de 20% em um curto período, impulsionadas por expectativas de OPA, movimentos de short squeeze e interesse estrangeiro no setor elétrico.
Segundo ele, o momento atual não deve ser interpretado como reversão de tendência. “É uma situação normal do mercado nos lembrando mais uma vez que nada sobe eternamente. A volatilidade é para cima e para baixo”, explicou.
Do lado operacional, a empresa segue com expansão nos segmentos de geração e transmissão. Em 2025, a companhia colocou em operação ativos como Serra do Assuruá e Sussol, e adquiriu as hidrelétricas Jari e Cachoeira Caldeirão, que pertenciam à EDP. Essas adições representam quase 1 GW médio de capacidade comercial, ou cerca de 20% da capacidade total da Engie.
Além disso, a recuperação dos preços da energia também deve beneficiar os resultados. “Os preços de energia se recuperaram de uma mínima de cerca de R$ 80 o MWh, não tanto tempo atrás, para hoje estar próximo de R$ 190 o MWh. Isso significa que, conforme os contratos de comercialização foram terminando, eles poderão ser substituídos por um preço bem mais do que se esperava”, apontou o analista.
Dividendos da EGIE3
Os dividendos seguem como um dos principais atrativos para quem busca investir em Engie. A companhia tem histórico de distribuição consistente de lucros e, segundo Viero, isso deve se manter nos próximos anos. “Caso ela siga optando por um payout de 55%, o dividend yield tende a ficar na casa dos 5%”, disse.
No entanto, o analista observa que a Engie já adotou distribuições maiores em outros períodos. “Retomando o payout de 100% do lucro líquido ajustado, que é o mais usual no histórico da Engie, teríamos um yield de 9,5% nos preços de hoje”, afirmou.
A expectativa é que os novos ativos da empresa comecem a contribuir de forma mais expressiva apenas em 2026. Por isso, o potencial de crescimento nos dividendos de EGIE3 nos próximos anos também é uma possibilidade. “O dividendo não é o maior da Bolsa, mas tende a ser sustentável e crescente ao longo do tempo”, concluiu Viero.