Educação financeira para crianças: 5 dicas para ensinar seus filhos sobre dinheiro

Há quem diga que dinheiro não é assunto para criança, mas conhecer um pouco mais sobre finanças logo no início da vida pode fazer toda a diferença. Estudos mostram que a educação financeira para crianças contribui para a construção de competências que os jovens precisam para enfrentar os desafios sociais e econômicos da sociedade.

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É o que mostra o último relatório de Competência Financeira do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, em inglês) de 2018, divulgado pela OCDE. 

Muitos pais acreditam que quando o assunto é dinheiro, é preciso retirar os filhos da sala, mas isso não é uma verdade. Portanto, com o intuito de auxiliar os pais na jornada de educar financeiramente seus filhos, o SUNO Notícias preparou uma lista de cinco orientações para falar sobre dinheiro com as crianças.

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1º Comece cedo a educação financeira para crianças

Ao contrário do que muita gente pensa, a educação financeira para crianças deve começar cedo. Segundo a pedagoga e educadora financeira especialista em jovens, Luiza Dalmazo, os pais podem falar sobre dinheiro com os filhos desde que são pequenos.

Isso não quer dizer, claro, que educação financeira será um tema central, mas que é possível passar alguns conceitos importantes logo no início da vida.

“Quando temos um bebê, ficamos falando com ele o tempo todo, e nada impede de falar em algum momento sobre coisas que envolvem dinheiro”, explica. Idas ao supermercado, por exemplo, são uma boa oportunidade para abordar o assunto.

“A criança vai pedir algo no mercado e você tem a oportunidade de explicar por que vai comprar ou por que não vai. Por exemplo, ‘a mamãe vai comprar fruta pois é o que está faltando lá em casa’”. Para, ela, a conversa pode ser tão simples e direta quanto falar para a criança não colocar o dedo na tomada pois vai machucar.

Segundo a pedagoga, a criança começa a entender o que é desejo por volta do primeiro e do segundo ano de vida, e esse é o momento ideal para os pais conversarem.

O educador financeiro Reinaldo Domingos compartilha da mesma opinião. Para ele, quando a criança começa a ter os primeiros desejos é a hora que os pais precisam agir para orientar os filhos.

“Lá para os dois anos de vida, elas já pedem aos pais, então elas entendem brevemente o poder do dinheiro, algumas até dizem ‘papai é só passar o cartão’. Com isso, precisamos orientar os filhos”, afirma o fundador da DSOP.

2º Esqueça o sermão quando falar de dinheiro

Para ensinar os filhos sobre finanças, não é preciso recorrer a livros e mais livros de economia aplicada. Segundo os especialistas, educação financeira para crianças é algo muito mais simples, e não se trata de compreender as diferenças entre renda variável e renda fixa.

O mais importante são as conversas sobre o dia-a-dia da família com a criança.

Os pais podem ensinar que a moeda que compra a bala e o chocolate é a mesma que pode comprar o carrinho ou o video-game. Mesmo se a criança for muito pequena e não alfabetizada, ela tem a capacidade intelectual de entender o que é troca.

A DSOP tem uma metodologia que auxilia a situação para os pais. São necessários três cofrinhos: o primeiro para curto prazo, o segundo para o médio e o terceiro para o longo.

Os responsáveis precisam conversar com a criança sobre o que ela deseja no momento. Após a conversa, eles precisam desenhar, recortar e colar as imagens nos cofrinhos para que fique sempre visível à criança.

“Assim ensinamos que seus desejos têm tempo, ensinamos a fazer escolhas. O pai pode questionar se a moeda vai para a bala ou para o cofrinho, e ensinamos que dentro dos cofrinhos guardamos sonhos”, disse Domingos.

3º Envolva a criança nos assuntos de família

Muita gente pensa que precisa tirar as crianças da sala quando o assunto é dinheiro. Isso porque, em muitas famílias, o tema ainda é um tabu. Mas segundo os especialistas, a educação financeira das crianças demanda uma postura mais aberta sobre o assunto, de modo que os pais envolvam a criança nas conversas relacionadas a dinheiro.

Uma maneira saudável de fazer isso, segundo Domingos, é reunir a família para conversar sobre os sonhos, desejos e necessidades de cada um. Em seguida, é preciso descobrir quanto custa o valor de cada sonho, desejo e necessidade. Apesar de a criança não entender o valor, ela entende que é necessário guardar moedas para conquistar aquele sonho.

Em seguida, os pais devem questionar em quanto tempo os filhos desejam conquistar os sonhos e desejos. Finalmente, a família deve identificar quanto precisam guardar e de onde vão tirar este dinheiro, sem deixar de lado que existem necessidades, como pagar as contas da casa.

Domingos aponta que esse momento é importante pois abre a oportunidade dos pais conversarem com seus filhos sobre dívidas, além de identificarem os custos em excesso. “Muitas das famílias brasileiras têm a capacidade de reduzir de 20% a 30% os consumos que estão em excesso”, disse o presidente da DSOP.

4º Forneça à criança o acesso ao dinheiro

Para aplicar os conceitos que ela aprendeu em família, a criança precisa ter acesso ao dinheiro. Segundo os especialistas, dar uma mesada é importante, desde que fique claro que o dinheiro não “caiu do céu”. “Não adianta só dar o cofrinho, você tem que dar educação financeira comportamental”, diz Dalmazo.

Em seu livro Mesada Não É Só Dinheiro, Domingos explica que existem diversos tipos de mesadas. O primeiro tipo é a mesada voluntária, que é quando os pais dão as primeiras moedas aos filhos para comprarem bala, figurinha ou chocolate. “Este momento é importantíssimo para que os pais ensinem a educação financeira comportamental e para que eles possam respeitar o dinheiro.”

O segundo tipo é a mesada financeira, que se implementa quando os filhos começam a pedir dinheiro com mais frequência, em torno de 7 ou 8 anos. “Nessa fase é importante ensinar o equilíbrio financeiro de uma forma estruturada com o consumo e sonhos da criança.”

5º Deixe a criança errar

Uma vez que os filhos têm dinheiro em mãos, eles podem fazer escolha boas ou ruins. O mais importante é que os pais deixem seus filhos errarem.

Segundo a educadora, se o combinado entre os pais e o filho foi dinheiro para comprar lanche na escola todos os dias e o filho decidiu gastar tudo em um dia só, ele não deverá receber mais dinheiro. Ele precisará aprender a solucionar o seu problema, talvez fazendo seu próprio lanche em casa, mas o importante é que o filho resolva e aprenda com essa situação.

“Ele precisa aprender com seus erros, deixe ele vivenciar, tomar decisões e errar. Depois de errar, os pais podem ensinar e fazer sugestões de como a criança deveria administrar o dinheiro”, concluiu Dalmazo, especialista em educação financeira para crianças e jovens.

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Poliana Santos

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