Dólar volta a cair, com ambiente externo favorável; ruídos sobre IOF continuam

O dólar reverteu novamente a tendência da véspera e fechou em queda de 0,50% nesta quinta-feira (29), penúltimo pregão do mês, cotado a R$ 5,6670. A moeda norte-americana chegou a bater na mínima de R$ 5,6431 durante o pregão.

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No acumulado da semana, a divisa ainda sobe 0,35%, mas voltou a ficar com o resultado do mês negativo, em 0,17%. A desvalorização acumulada no ano é de 8,30%.

Apesar do aumento dos ruídos políticos domésticos, com dúvidas crescentes em torno da manutenção das alterações no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o mercado nacional acompanhou a onda de enfraquecimento do dólar tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

Os negócios foram guiados pela reação à decisão do Tribunal de Comércio dos EUA de suspender a maior parte das tarifas comerciais impostas por Donald Trump. A percepção de que instituições americanas reagem a possíveis excessos presidenciais é vista como positiva, embora não solucionem as incertezas trazidas pela administração do presidente republicano, empossado há quatro meses.

Além do ambiente externo favorável ao real, operadores afirmam que pode ter ocorrido entrada de capital externo para renda fixa. O Tesouro vendeu a oferta integral de 3 milhões de NTN-F, papel público que costuma atrair investidores estrangeiros. O volume financeiro somou R$ 2,616 bilhões.

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O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, afirma que o cenário externo tem dominado a precificação da taxa de câmbio, embora possa haver episódios esporádicos de maior influência do quadro interno, como o observado na questão do IOF. “O dólar está apanhando de todas as moedas. Continuamos a ver o movimento de realocação de portfólio, com investidores reavaliando os riscos de investimentos nos Estados Unidos”, explica o analista.

Dólar recupera força com possível estabilidade nos juros 

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY voltou a cair abaixo da linha dos 100,000 pontos, com mínima aos 99,217 pontos. No fim da tarde, rondava pouco acima dos 99,300 pontos. 

A segunda leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre mostrou contração anualizada de 0,2%, menor que a esperada e que o resultado da primeira leitura (-0,3%). Já os pedidos semanais de auxílio-desemprego vieram acima do esperado.

Na disputa jurídica, a corte de Apelações para o Circuito Federal dos EUA suspendeu temporariamente, no fim da tarde desta quinta, a decisão judicial anunciada na noite de quarta-feira (28) que havia anulado ordens executivas de Trump sobre tarifas. A medida cautelar vale “até nova ordem”, enquanto a própria Corte avalia o pedido formal do governo para suspender os efeitos da decisão de primeira instância.

“Os EUA estão entrando em uma zona de turbulência institucional. Isso muda o jogo da geopolítica monetária — e o real se valoriza nesse ambiente, ainda que temporariamente”, opina Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital.

Com Estadão Conteúdo

Fernando Cesarotti

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