Dólar cai 1,02% e fecha a R$ 4,6204, com clima ruim no exterior

O dólar à vista apresentou queda firme na sessão desta quarta-feira, 20, véspera do feriado de Tiradentes, em dia marcado por enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior e recuo das taxas dos Treasuries, em aparente movimento de ajustes e realização de lucros após a rodada recente de alta desencadeada pelo tom mais duro do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

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Operadores notaram entrada de exportadores e desmontagem de posições cambiais defensivas no mercado doméstico, especialmente na primeira etapa de negócios, quando a divisa chegou a trabalhar no patamar de R$ 4,60, ao registrar mínima a R$ 4,6092 (-1,26%). Após alternar entre os patamares de R$ 4,61 e 4,62 ao longo da tarde, o dólar fechou a R$ 4,6204, em baixa de 1,02%, com perda de 1,62% na semana. A divisa acumula desvalorização de 2,96% em abril e de 17,14% em 2022.

Segundo analistas, apesar de temores de desaceleração da economia chinesa e, por tabela, das exportações brasileiras, o real continua se beneficiar de fluxo robusto pelo canal comercial. O preço do minério de ferro caiu 1,37% no porto de Qingdao, na China, em meio a medidas para conter o avanço da covid-19 e reduzir a produção de aço neste ano. Houve certa decepção também com o fato de o PBoC, o Banco Central da China, ter mantido as taxas de juros de curto (3,70%) e de longo prazo (4,60%) inalteradas.

Por ora, os gargalos de oferta provocados pela guerra na Ucrânia, ao lado de uma demanda global ainda aquecida, mantêm preços de commodities agrícolas e do petróleo em patamares elevados. Também dá suporte à moeda brasileira o diferencial entre juros internos e externos, que tende a se manter elevado mesmo com a perspectiva de ajuste mais rápido e intenso da política monetária americana. Até porque cresce a aposta de que o Banco Central vai ter que levar a taxa Selic para mais de 13% para ancorar as expectativas de inflação.

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“A forte alta dos juros nos EUA é uma fonte de preocupação para os mercados em geral, pelos impactos que podem vir, como a realocação de portfólios e custos maiores. Mas, comparando com as taxas reais aqui, o diferencial ainda é bem significativo”, afirma, em post no Twitter, a economista-chefe da do Banco Inter, Rafaela Vitória.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em queda durante todo o dia, embora ainda acima do patamar de 100,000 pontos. A moeda americana caiu majoritariamente em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, como dólar australiano e canadense e, entre os pares do real, o peso chileno e mexicano.

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“O DXY subiu muito nos últimos dias com essa questão do Fed subir os juros com mais rapidez e era de se esperar que houvesse uma correção. O dólar aqui acabou acompanhando o movimento lá fora”, diz o especialista em renda fixa da Blue3, Nicolas Giacometti, ressaltando que uma ala relevante do mercado já começa a prever que o dólar encerre 2022 abaixo da linha de R$ 5,00. “O desempenho do real tem que ser visto em contexto. Ele caiu mais de 40% em termos nominais nos dois últimos anos e agora tem uma recuperação com o fluxo.”

Pela manhã, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, disse que a taxa básica de juros americana (Fed Funds) deve alcançar o nível neutro no fim deste ano. Evans, que não tem direito a voto neste ano, afirmou que é possível que haja aumento de 50 pontos-base na taxa nas reuniões do Fed em maio e junho – e de 25 pontos-base nos demais encontros deste ano. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly (também sem direito a voto), defendeu uma aceleração no ritmo de alta nos juros em maio, ressaltando que o “argumento por um ajuste de 50 pontos-base está agora completo”.

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O estrategista-chefe da Inv., Rodrigo Natali, minimiza a influência do tombo do DXY sobre o mercado de câmbio doméstico, lembrando que o índice, apesar do recuo nesta quarta, ainda está “praticamente na máxima nos últimos anos”. Para Natali, o tombo recente do dólar se deve a um movimento especulativo de fundos de investimentos locais, que tentam turbinar resultados com reforço de posições vendidas (que ganham com a queda do dólar) no mercado futuro.

“Historicamente, o resultado dos multimercados locais tem correlação com alta da Bolsa, queda dos juros e baixa do dólar. A Bolsa enfrente o problema da economia fraca e dos juros ainda subindo. Na parte de prefixados (da renda fixa), tem a inflação e também a alta em juros. O call consensual é que é mais fácil alocar em câmbio (com posições vendidas)”, afirma o estrategista, que vê esse movimento “especulativo já está bem esticado”.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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