Dobradinha Haddad-Arida anima mercado e faz bolsa disparar; entenda

O mercado financeiro parece ter recebido com otimismo uma possível dobradinha entre Haddad e Arida para assumir o Ministério da Fazenda na nova gestão Lula. Segundo informações do jornalista Eduardo Gayer, do Estadão Broadcast, o ex-prefeito de São Paulo sinaliza sua disposição em trabalhar com o idealizador do Plano Real e integrante do governo de transição.

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Não por acaso, em um dia marcado pelo feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos e a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo, nesta quinta-feira (24), o Ibovespa fechou próximo dos 112 mil pontos. Com alta de 2,75%, o volume negociado foi de R$ 18 bilhões.

A expectativa do mercado é de que haja uma dobradinha Haddad-Arida na Secretaria-Executiva da Fazenda ou no comando do Ministério do Planejamento. Segundo o que já se especulava, Haddad já estava cotado para chefiar a Economia, porém sua chance subiu após ter acompanhado Lula em viagem para a Conferência do Clima da ONU (COP-27). 

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Febraban: Haddad representará Lula em encontro

Amanhã (25) será realizado o almoço anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Na ocasião, a entidade fez o convite para participar da reunião a Lula. Mas o presidente recém-eleito, que passou por uma cirurgia, enviará Haddad como seu representante.

Outro nome petista confirmado é Alexandre Padilha — que também especula-se para a Fazenda. No entanto, segundo informações da jornalista Miriam Leitão, é Haddad que levará a palavra de Lula para os banqueiros. Antes dele, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fará palestra no evento para 350 convidados.

Lula testa aceitação de Haddad na Fazenda em dobradinha com Arida no Planejamento

Mesmo com problemas ainda na voz, depois da cirurgia para retirar uma lesão na laringe, a expectativa do seu entorno é de uma sinalização mais forte de Lula. Não seria ainda uma indicação oficial, mas “gestos” para mostrar que Haddad tem todas as condições políticas e técnicas para ocupar o cargo. Lula vai colocar Haddad para fazer “conversas” com representantes do mercado nos próximos dias.

Apesar da articulação, Haddad sofre resistências do mercado financeiro e também do meio político do Congresso, inclusive de parlamentares do próprio PT. Barreiras que os apoiadores à escolha do seu nome no PT acreditam que podem ser superadas.

Com a ideia de Persio Arida na equipe econômica, esse caminho poderia ser pavimentado na avaliação dos defensores do nome de Haddad. Uma forma de diminuir as resistências com Arida no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

A grande questão é se Arida, considerado um dos economistas mais brilhantes de sua geração e um dos formuladores do Plano Real, aceitaria ser uma figura secundária numa pasta que sempre foi considerada de menos poder na Esplanada, antes da formação do superministério da Economia de Paulo Guedes, que será dividido por Lula.

Com a necessidade de reforma não só do arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos, mas também da gestão orçamentária, o novo Ministério do Planejamento poderia ganhar outro patamar, principalmente no caso de Lula resolver tocar a reforma administrativa, de reestruturação do serviço público.

Um tema caro na agenda de Arida é a modernização da administração pública e da instititucionalização de buscas de resultados no serviço público, começando pelo processo de execução orçamentária financeira, cuja legislação é dos anos 60.

Por outro lado, é na equipe oriunda do antigo Ministério do Planejamento que se dão as negociações salariais do funcionalismo – um espeto complicado em tempos normais e muito mais difícil depois de anos de reajustes salariais congelados por Paulo Guedes. As negociações do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão que consiste na transferência de verba a parlamentares sem critérios de transferência em troca de apoio político, são outra dor de cabeça para quem sentar na cadeira do Planejamento, concentrador da gestão orçamentária.

Já a possibilidade de Arida ocupar uma secretária-executiva de um ministério comandado por Haddad, que circulou nesta quinta-feira, 24, no mercado financeiro, é considerada muito difícil (ou mesmo quase zero), segundo pessoas próximas a ele.

A senha de que a definição do nome para o Ministério da Fazenda por Lula está próxima foi dada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), que defendeu nesta quinta a indicação para facilitar a negociação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que enfrenta dificuldades de negociação no Congresso.

O grupo de aliados de Haddad considera que o seu nome estaria se “afunilando”. Quem é contrário à indicação e tem proximidade com Lula, aconselha que o ex-prefeito deveria ser conduzido para uma ministério que conte com uma agenda positiva. O que não é o caso do Ministério da Fazenda, onde o ministro tem em boa parte do tempo que dizer não.

Haddad deve assumir o Ministério da Fazenda no governo Lula?

Principal responsável pela aproximação entre Lula e o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), o ex-ministro da Educação é considerado uma das apostas para assumir o Ministério da Fazenda. Isso porque Haddad, mestre em economia pela USP, teria sido o nome apontado para assumir o Ministério da Fazenda de Lula, caso o petista tivesse concorrido (e vencido) a disputa de 2018.

Com a nova gestão petista que se iniciará em 2023, Haddad busca reduzir a hesitação do mercado financeiro em relação ao seu nome. Ainda segundo informações de Eduardo Gayer, o ex-ministro mantém conversas com agentes do setor. 

Segundo o jornalista, na interlocução do partido com o mercado, argumenta-se que o ex-ministro é favorável à reforma administrativa, fez boa gestão fiscal na Prefeitura de São Paulo e sempre foi considerado um quadro mais pragmático do PT.

A expectativa, agora, é de que a dobradinha Haddad-Arida traga mais credibilidade do novo governo, na percepção do mercado financeiro.

Com informações do Estadão Conteúdo

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Janize Colaço

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