Balanços da semana

Cyrela (CYRE3) não deve ter dividendos extraordinários em 2022; mas BofA reitera compra

Em reunião virtual com o Bank of America, o diretor financeiro da Cyrela (CYRE3), Miguel Mickelberg, discutiu as perspectivas da empresa para o ano de 2022. De acordo com relatório de Carlos Peyrelongue, Aline Caldeira e Gabriel Carvalhal, o foco da Cyrela está em projetos de média renda no estado de São Paulo e em fortalecer o primeiro semestre do ano. Com medo da queima do fluxo de caixa, a empresa não deve ter dividendos extraordinários durante 2022.

“A Cyrela planeja manter os lançamentos próximos aos níveis de 2021, ajustando o mix de produtos. No entanto, esse objetivo está sujeito às condições de mercado, com o aumento da oferta de moradias já enfrentando uma demanda em desaceleração”, afirmam os analistas.

O BofA reitera a classificação de compra das ações da Cyrela, ao preço alvo de R$ 26, em função da estratégia de produtos resiliente e bem diversificada, o que traz bons resultados mesmo com cenário de demanda mais desafiador.

Principais estratégias

O BofA destaca que os projetos de média renda (Living) devem ser priorizados sobre os de baixa renda (Vivaz). Já os de alta renda (Cyrela) estão previstos para se manterem em estabilidade. Além disso, a Cyrela afirma que os projetos devem se concentrar no primeiro semestre, com estimativas de crescer na comparação anual (dependendo das aprovações) e desacelerar no segundo semestre.

São Paulo continua como prioridade, seguido por Rio de Janeiro, com a região sul com menor participação no ano.

A situação do banco de terrenos continuará confortável para os próximos dois anos, permitindo uma abordagem oportunista na aquisição de terrenos. De acordo com o relatório, os preços destes levam tempo para se ajustar às novas condições de demanda.

Segundo o que foi reportado pelo BofA, as margens brutas podem cair em 2022, já que o repasse de preços se torna um desafio. Ou seja, a acessibilidade sofre tanto com os preços mais altos quanto com as taxas de hipoteca. “As taxas subiram mais de 2 pontos percentuais, para 9,1% (mais a Taxa Referencial) de mínimos com pressão adicional de um TR agora positivo (~1%) e riscos de alta se os fluxos de poupança passarem a se deteriorar e os bancos recorrerem a financiamentos mais caros (ou seja, LCI)”, diz o relatório.

A Cyrela se mostra disposta a aumentar os empréstimos se as condições de crédito apertarem, mas a taxas menos atrativas. O CFO da empresa também ressaltou que os custos de materiais caíram, mas os de mão de obra podem  aumentar com a demanda.

Por fim, a empresa afirmou que conseguiu prosseguir com o financiamento da fintech CashMe, que tem foco em home equity. Agora o maior desafio de crescimento do negócio é o financiamento competitivo.

Menos dividendos “extraordinários” estão previstos

De acordo com os analistas, a administração da Cyrela deve ter mais cuidado com dividendos “extraordinários”, já que a atividade de construção continua com força e pagamentos antecipados desaceleraram. Ou seja, pode haver uma queima de caixa moderada durante 2022, mesmo com um volume de entregas maior.

“A atividade de construção deve refletir lançamentos robustos de 2020-2021, enquanto os clientes têm menos incentivos para pagar antecipadamente em meio a uma inflação menos aguda. Para 2023, espera-se que o fluxo de caixa melhore com mais entregas”, relataram.

Cotação da Cyrela

No fechamento da segunda-feira (14), as ações da Cyrela subiram 0,38%, a R$ 15,92. Nos últimos 12 meses, os ativos da empresa acumularam queda de 43,57%.

Victória Anhesini

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