CVC (CVCB3) sobe 17% em meio ao pedido de RJ da 123milhas. É hora de comprar ações?

As ações da CVC (CVCB3) dispararam nesta quarta-feira (30) no Ibovespa, liderando os ganhos do índice, em meio ao pedido de recuperação judicial solicitado pela 123milhas na última terça-feira (29) junto à 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte. A agência de viagens acumula dívidas de cerca de R$ 2,3 bilhões.

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No fechamento, as ações ordinárias da CVC subiram 17%, cotadas a R$ 2,77.

Cotação CVCB3

Gráfico gerado em: 30/08/2023
1 Dia

“Ontem, as ações da CVC já tiveram uma alta relevante. O mercado especula que ela será beneficiada, mas não sei se na prática isso vai acontecer. São públicos diferentes, os da CVC e os que eram da 123milhas. Mas, de toda forma, é bom para o setor como um todo, porque os preços vão ficar mais racionais”, pontuou Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed.

O pedido de recuperação judicial da 123 milhas também abrange a suspensão imediata, por um período de 180 dias, das ações judiciais de cobranças movidas contra a empresa, a sua controladora Novum Investimentos e a Art Viagens, que emite passagens.

Na petição, a 123milhas afirma que enfrenta uma crise momentânea, e diz que é plausível de ser resolvida. Para a solução, a companhia argumenta que a recuperação judicial é necessária.

Ainda de acordo com a empresa, a venda de passagens promocionais é um dos fatores da crise, uma vez que o processo operacional das promoções foi frustrado por causa da covid-19, alta de juros e novas regras para as companhias aéreas.

De acordo com o pedido de recuperação judicial, a dívida acumulada pela 123milhas é de cerca de R$ 2,3 bilhões. O montante inclui as dívidas da companhia sujeitas à RJ, podendo haver ainda outros passivos que não entram nesse dispositivo legal.

CVC vai pegar market share da 123milhas?

Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, observa: “Com a crise da 123 Milhas, existe até uma chance de a CVC aumentar o market share, mas essa não é a minha maior convicção. A CVC compete num nicho de público diferente, mais focado naqueles consumidores que até não usam a internet, não compram em sites desse tipo. É um público mais conservador que busca uma marca de referência, acostumado já a comprar na CVC, que vai na loja do shopping, por exemplo.”

Galindo considera “difícil que a CVC vá abocanhar esse market share.” Ele explica: “Eu acho que esse pessoal que comprava na 123 Milhas e no Hurb vai passar a comprar direto no site das companhias aéreas, no site dos hotéis. A não ser que a pessoa tenha um pouco de preguiça ali e vá comprar um pacote já pronto pela CVC, mas ela vai pagar mais caro por isso. Então não é minha tese principal não, não vai pegar o market share da 123milhas.”

No passado, lembra Galindo, o surgimento dessas plataformas teve impacto no operacional da CVC “porque mostrou que o produto era mais caro, então empresas como a 123milhas começaram a praticar preços muito abaixo do mercado – que você não encontra no próprio site da companhia aérea ou do próprio hotel.”

O analista acrescenta: “Isso acabou distorcendo os preços e a competição do setor. Então, teve um impacto significativo ali no operacional da CVC. Não diria que tão significativo assim, mas acho que acabou afetando mais as próprias empresas aéreas do que a CVC em si. Mas esses preços baixos criaram um ambiente de competição ruim para o setor e impactou negativamente as empresas.”

Perspectivas

Em relação às perspectivas para a CVC, Galindo lembra que é possível ver uma “melhora na operacional da companhia daqui pra frente”. A companhia vem enxugando as despesas, “focando mais no core, na questão dos pacotes, fretamento. Então já tem uma margem melhor e menos competição do que ficar competindo por preço de passagem aérea.”

A despesa da CVC “tinha crescido muito nos últimos anos. Era parte do que causava esse prejuízo nos últimos trimestres”. Endereçando isso, ele argumenta, “a empresa deve ter uma boa economia e melhorar e reverter esse prejuízo pra lucro, não sei se nesse trimestre ou no próximo, mas a partir de 2024, ao menos lucro operacional.”

E o que fazer com as ações da CVC? “Para quem já tem a CVC na carteira, a recomendação é de manter, a gente tem recomendação para ela. A empresa está valendo hoje cerca de R$ 1 bi. Se esses resultados melhorarem, se a empresa começar a entregar resultados positivos, deve obster lucro operacional mais próximo do que entregava no passado e conseguir reduzir as despesas. Ela já endereçou a questão do endividamento dela com follow-on, então a despesa financeira vai melhorar, tem tudo pra essa lucratividade aumentar, olhando pra 2024 em diante. Então, na nossa opinião, a recomendação é de manter.”

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123milhas: MP de MG move ação para bloquear R$ 20 milhões da agência, enquanto deputado reúne assinaturas para CPI

Na terça-feira (29), a 123milhas recebeu a Ação Civil Pública da Promotoria de Justiça de Defesa do Cidadão de Uberlândia, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), contra a agência de viagens. O processo intima o bloqueio de pelo menos R$ 20 milhões para futura indenização dos consumidores que aderirem à ação.

Além disso, a ação do MPMG também solicita que a 123milhas seja proibida de conduzir as chamadas “promoções flexíveis”, vendas de passagens para viajar com datas não previamente definidas. O órgão tenta prevenir novos prejuízos a consumidores.

Outro requerimento da ação é de que a empresa seja condenada a pagar R$10 milhões em danos morais, além de danos individuais, tanto patrimoniais quanto extrapatrimoniais.

O MPMG argumenta que a conduta da 123Milhas prejudicou os consumidores ao anunciar preços baixos para seus pacotes e explorou a inexperiência dos compradores ao sugerir que era possível adquirir passagens aéreas pelo preço anunciado, em um mercado tão volátil. “Uma verdadeira cilada. Vê-se, assim, a quebra da confiança, por parte da empresa”, aponta o promotor de Justiça de Uberlândia Fernando Martins, no documento. 

Desde o dia 18 de agosto, a 123Milhas suspendeu a emissão de passagens para voos previstos entre setembro e dezembro deste ano, alegando “motivos alheios à sua vontade”.

Deputado do Maranhão reúne assinaturas para abrir CPI da 123milhas

Segundo publicação informações da Agência Câmara de Notícias e UOL, a solicitação para abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da 123milhas já reúne 172 assinaturas (uma a mais que o mínimo obrigatório de 171).

O pedido é encabeçado pelo deputado Duarte Jr. (PSB-MA), que anunciou já ter atingido o número mínimo de assinaturas para instalação da CPI na Câmara dos Deputados. O pedido foi protocolado na Mesa Diretora da Câmara e as assinaturas passarão por um processo de verificação de autenticidade.

Depois disso, Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara, poderá ler o requerimento para então efetivar a criação do colegiado.

Segundo Duarte Jr., o foco da CPI da 123milhas não irá se restringir à agência, mas também examinar demais irregularidades em outras empresas do setor de viagens, como Booking e Hurb (antigo Hotel Urbano).

CVC com turbulências: prejuízo aumenta 76% e Ebitda segue negativo no 2º trimestre

A empresa de pacotes de viagens CVC anunciou um prejuízo líquido 76,1% maior no segundo trimestre de 2023 ante o mesmo período em 2022. O valor agora soma R$ 167 milhões, de acordo com o resultado divulgado pela CVC Corp no início do mês.

Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do trimestre ficou em R$ 1,5 milhão negativo, um aumento de 82,9% em relação ao trimestre do ano anterior. No saldo semestral, o Ebitda foi de -56,4% ante o mesmo período de 2022.

Na perspectiva da CVC, os resultados “demonstraram resiliência e crescimento ao longo do primeiro semestre de 2023, com resultados que corroboram o aquecimento do turismo, embora o resultado do 2T23 tenha sido afetado negativamente pelas restrições de capital pré follow-on”.

Recapitulando o primeiro semestre de 2023, a CVC registrou um crescimento de quase 20% nas reservas confirmadas em comparação com o primeiro semestre de 2022. A receita líquida indicou um crescimento tímido no semestre de 0,4%, sendo negativa (-0,1%) no 2T23. No trimestre, o montante equivale a R$ 269,4 milhões.

Em volume de Reservas Confirmadas, o aumento do trimestre foi de 2,0% ante o 2T22, um período em que as restrições sanitárias já eram removidas após a Covid-19 e o setor de turismo já via sinais de reaquecimento.

No B2C (business to costumer), as Reservas cresceram 2,5% graças aos produtos exclusivos e procura por viagens marítimas, além de condições especiais de preço. No B2B (business to business), as reservas executivas tiveram uma queda de 9,4%, menor estímulo na venda de produtos aéreos.

Os destinos internacionais da CVC representaram 59% das reservas confirmadas, sendo a maior concentração no Pacote de “Circuitos Europeus”, e viagens para Portugal e Orlando, EUA. Ao todo, o semestre somou R$ 7,9 bilhões em reservas confirmadas, 19,9% acima dos primeiros seis meses de 2022.

Com informações da Agência Brasil

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Giovanni Porfírio Jacomino

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