Crise na Venezuela repercute na cotação do preço do petróleo no mercado

A crise política instalada na Venezuela possui pouco efeito sobre os preços dos combustíveis no Brasil. Todavia, conforme Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), os preços do petróleo já sentem as consequências do conflito presidencial venezuelano. A apuração é da “Folha de S. Paulo”.

Em abril, a cotação do petróleo no mercado internacional obteve ascensão próxima de 10%. Assim, a Petrobras (PETR3) alterou o preço da gasolina três vezes nas refinarias. A última alta ocorreu na segunda-feira (29), de 3,5%. O preço médio do litro do combustível foi elevado a R$ 2,045 nas refinarias.

A alta do preço do petróleo no mercado internacional é consequência da pressão do governo dos Estados Unidos da América (EUA) sobre os países que consomem petróleo do Irã.

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Tal país está sob embargo econômico desde novembro de 2018, entretanto, o país liderado por Donald Trump ameaça punir os países que seguem comprando a commodity iraniana.

Apesar de a Venezuela possuir uma das maiores reservas do mundo, o país produz cerca de um quarto do petróleo que já extraiu no passado, declarou o diretor do Cbie. Ou seja, menos de 1 bilhão de barris/dia. A redução na produção é devida aos conflitos políticos existentes na nação.

“A crise na Venezuela, na verdade, faz com que o preço do petróleo não caia”, disse Pires.

Juan Guaidó seria melhor escolha para preço do petróleo

Caso o regime de Maduro seja deposto, e o presidente autodeclarado, Juan Guaidó, assuma o governo da Venezuela, o diretor do Cbie crê que as cotações do petróleo caiam. Na visão, de Pires, a nova gestão gera perspectiva no mercado financeiro de retorno de investimentos. Além de maior produção da commodity.

Se o fato se concretizasse, e Guaidó assumisse o governo, isto teria impacto até mesmo no Brasil. Com menor pressão para a Petrobras reajustar os preços nas refinarias, o risco de uma nova greve dos caminhoneiros seria menor.

“O governo brasileiro é o único acionista de petroleira do mundo que acha ruim quando o petróleo sobe”, disse Pires.

Preço do diesel

Pires também afirmou à “Folha de S. Paulo” que se a atual regra de reajuste para o diesel for mantida, a Petrobras deverá anunciar um novo aumento do diesel nos próximos dias.

Caso seja mantida a atual regra de reajuste para o diesel, a estatal deverá anunciar um novo aumento do combustível anunciar nos próximos dias.

O último reajuste ocorreu em 17 de abril. A estatal anunciou um reajuste positivo de R$ 0,10 por litro no preço do óleo diesel. Desta forma, o preço em vigência desde 22 de março, R$ 2,1432, passou para R$ 2,2470 nas distribuidoras do Brasil.

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Tal reajuste ocorreu após a intervenção do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). O mesmo decidiu conter um avanço de preço do diesel uma semana antes. Bolsonaro estava sob pressão da classe caminhoneira, que ameaçava realizar uma nova greve.

“Se a Petrobras tem autonomia de fato, será inevitável o reajuste do preço do diesel e da gasolina nos próximos dias”, afirmou

O prazo para uma nova alteração no preço vence na quinta-feira (2). Conforme o diretor do Cbie, há necessidade de corrigir preços internos para que alinhar às cotações internacionais do petróleo. A defasagem calculada na última segunda (29) variava entre R$ 0,09 e R$ 0,15.

Amanda Gushiken

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