Crise do Covid-19 leva à queda histórica no comércio global

O comércio global entrou em colapso no primeiro semestre de 2020, representado a maior queda em duas décadas, já que o bloqueio causado pelo coronavírus (covid-19) interrompeu o transporte aéreo e marítimo, afetando a demanda por muitos produtos. As informações foram divulgadas pelo jornal “The Wall Street Journal” nesta terça-feira (25).

Nas últimas semanas, surgiram sinais de uma recuperação na transferência internacional de mercadorias. Porém especialistas consultados pelo jornal norte-americano acreditam que as enormes perturbações econômicas e sociais causadas pela pandemia deverão remodelar o comércio global no longo prazo.

O comércio global enfraqueceu antes da crise, principalmente prejudicado por tensões comerciais e novas tarifas entre os EUA e a China. Somando-se a essas interrupções, a pandemia levantou novas questões sobre a resiliência das cadeias de produção que se estendem por todo o mundo e impulsionam um terço do comércio mundial.

Suno One: acesse gratuitamente eBooks, Minicursos, Artigos e Video Aulas sobre investimentos com um único cadastro. Clique para saber mais!

Atualmente, alguns governos, atingidos pela escassez de suprimentos médicos domésticos com a chegada do coronavírus, estão defendendo a construção de barreiras comerciais e pressionando para trazer a produção para territórios nacionais, no que poderia representar um ajuste permanente do comércio mundial.

O CPB Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis informou nesta terça-feira que os fluxos de mercadorias cruzando fronteiras foram 12,5% menores nos três meses até junho do que no primeiro trimestre do ano. Essa foi a maior queda desde o início do século, apagando o aumento registrado após a crise de 2008.

A China foi a primeira grande economia a entrar em bloqueio internacional e a primeira a deixá-lo. Assim, suas exportações aumentaram no segundo trimestre, 2,4%, após registrarem queda de 7,7% no primeiro trimestre. Como os EUA e a zona do euro estiveram paralisados ​​durante grande parte do período de três meses, suas exportações caíram 24,8% e 19,2%, respectivamente.

À medida que o segundo trimestre chegava ao fim, alguns fluxos de comércio haviam se recuperado mais rapidamente do que outros. De acordo com a agência de estatísticas da Alemanha, as vendas de produtos para a China foram 15,4% maiores em junho do que no ano anterior. Enquanto para os EUA, foram 20,7% menores.

Sinais indicam demora para o retorno do comércio global

Um desafio para que o comércio global retorne aos níveis pré-pandêmico é sua capacidade. As empresas preferem enviar itens menores e de alto valor por via aérea quando estão vendendo para clientes em outros países, enquanto as viagens aéreas também são essenciais para compensar a escassez decorrente de atrasos no transporte marítimo. Mas muitas aeronaves permanecem sem decolar em resposta à queda acentuada na demanda por viagens aéreas, pois as restrições ao movimento de pessoas continuam.

Veja também: Coronavírus: OMC diz que comércio global foi afetado por restrições à importação

No entanto, especialistas não descartam uma recuperação, já que existem alguns sinais de que os fluxos comerciais estão se recuperando rapidamente. Na terça-feira, um indicador de tráfego de contêineres do Instituto Leibniz de Pesquisa Econômica da Alemanha registrou um aumento acentuado no comércio global em julho, para um nível não muito abaixo do que foi visto um ano antes.

Daniel Guimarães

Compartilhe sua opinião