Crise por risco de calote da Evergrande poderá se espalhar pelo mundo, diz gestor da Galapagos

A China passa por uma crise de confiança, em meio ao risco de calote da Evergrande, que poderá se espalhar pelo mundo pouco a pouco, avaliou Scott Hodgson, gestor da Galapagos Capital. A pressão vem do papel crucial do país na demanda por produtos de outros países, além da exposição de bancos internacionais ao mercado chinês. “Se a China está estressada, o mundo todo vai sentir a pressão”, prevê Hodgson.

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O setor imobiliário foi um dos sustentáculos da China nos últimos anos, mas passou a sofrer um aperto de Pequim neste ano. O alvo principal desse gargalo foi a gigante Evergrande — a segunda maior incorporadora do país —, cuja dívida beira os US$ 300 bilhões (algo em torno de R$ 1,6 trilhão).

“[A companhia] tem criado crises de confiança e, como resultado, vimos outros empresas imobiliárias despencar e o financiamento subir até não dar mais para continuar com o crescimento”, analisou Scott Hodgson, lembrando que o setor representa cerca de 20% da economia chinesa.

Segundo o gestor, o arrefecimento do mercado imobiliário chinês poderá pressionar o balanço de governos locais, que recebem cerca 30% das receitas de vendas de terrenos. A situação sinaliza a possível necessidade de um auxílio por Pequim aos governos regionais.

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A expectativa é de que haja uma reestruturação de longo prazo tanto para o mercado de imóveis quanto para a Evergrande e um seja elaborado pelo governo federal um pacote para salvar o setor em geral.

Crise da Evergrande afeta apetite para risco no mundo

Nas últimas décadas, a China cresceu aceleradamente, muito amparada na alavancagem, problema que Pequim busca resolver para dar continuidade à expansão. A crise envolvendo as dívidas da Evergrande é um sintoma da pressão a um dos setores mais impactados pelos planos do governo.

“O sistema passa por uma crise de confiança pouco a pouco. Isso não vai ser de repente, de um dia para o outro. Vai ser gradual e depende de vários fatores”, declarou o gestor da Galapagos Capital, que espera um impacto global a países expostos à China.

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A previsão é de que países vendam menos produtos, experimentem uma desaceleração da economia e tenham possivelmente um aumento dos juros — devido ao maior risco. Japão e Singapura, onde bancos têm parcela relevante em créditos na China, são exemplos.

O mercado aguarda agora o desfecho do caso Evergrande e conjecturara sobre o futuro do setor imobiliário na China. “Vamos ver. Talvez o governo da China possa dar uma boia e salvar os mercados.”

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Arthur Guimarães

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