Coteminas (CTNM4), produtora da Shein no Brasil, pretende demitir 700 funcionários em Blumenau (SC)

Após confirmação da parceria com a Shein na semana passada, a Coteminas (CTNM4), Companhia de Tecidos Norte de Minas, anunciou que pretende demitir mais de 700 funcionários da sua fábrica de Blumenau, em Santa Catarina. A informação é do Sintrafite-SC (Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial).

A Coteminas enviou na última semana um ofício ao sindicato no qual afirma que terá de realizar uma demissão em massa no mês de julho.

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A princípio, o documento indicava mais de 800 funcionários desligados, mas a empresa esclareceu, em reunião com o sindicato, que seriam cerca de 700 demissões. Em assembleia realizada ontem, os trabalhadores presentes rejeitaram a proposta da empresa de que suas rescisões fossem pagas em até 15 parcelas.

Em um ofício encaminho aos funcionários na última sexta-feira (30), a Coteminas (CTNM4) informou sobre a decisão da demissão em massa no mês de julho. Além disso, a companhia também teria anunciado em reunião na semana anterior que os trabalhadores vão receber verbas rescisórias divididas em 15 parcelas.

“É uma contradição, pois a empresa divulgou uma parceria com a Shein na semana passada e está fazendo investimentos em outras regiões, enquanto os trabalhadores de Blumenau são penalizados”, disse ao Broadcast o presidente do Sintrafite, Carlos Alexandre Maske.

Segundo Maske, a fábrica de Blumenau, onde devem acontecer as demissões, tem cerca de 1.200 trabalhadores, sendo que em torno de 200 estariam afastados. “Trata-se de uma demissão, portanto, de cerca de 70% do quadro de funcionários”, diz o presidente do sindicato.

A lista de nomes a serem demitidos somava 841, segundo o sindicato dos trabalhadores. Entretanto, a companhia afirmou que os desligamentos se limitariam a cerca de 700 pessoas.

A Coteminas informou que a unidade de Blumenau terá ajustes de produção para implantação de “um novo modelo de trabalho que exigirá novos equipamentos industriais e adequação do seu quadro de pessoal.” A declaração da Coteminas foi feita ao jornal Folha de São Paulo.

Trabalhadores apontam a Shein como responsável

Na segunda-feira (3), o Sintratife reuniu os funcionários da unidade industrial da Coteminas em Blumenau na portaria da empresa para uma assembleia, onde foi determinada a criação de uma comissão para negociação com a têxtil.

Na semana passada, o diretor-presidente da Coteminas, Josué Gomes, revelou que a produção das peças para a e-commerce chinesa Shein seria alocada na cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte (RN). A previsão para começarem a produzir as roupas também estava agendada para o mês de julho.

Com essa parceria, a maioria dos funcionários apontam que o “novo modelo de trabalho” previsto pela companhia está ligado ao contrato fechado com a Shein.

Com Estadão Conteúdo

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Altos e baixos da Coteminas

A empresa têxtil já vinha passando por uma crise financeira nos meses anteriores, e o sindicato notificou um atrasado no salário dos funcionários entre janeiro de abril.

Um cenário econômico mais positivo parecia se desenhar graças às negociações com a e-commerce. Inclusive, os papéis de CTNM3 e CTNM4 chegaram a subir +199,5% e +195,87% em 24 de abril, quando foi anunciado o fechamento do acordo da Shein com a empresa para a produção nacional.

A prefeitura de Blumenau está acompanhando a situação e dos trabalhadores locais, em reuniões com a diretoria da Coteminas de São Paulo e Santa Catarina.

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Camila Paim

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