Grana na conta

Copom deve manter taxa Selic a 2% ao ano, mas de olho na questão fiscal

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil vai divulgar hoje (09) novas decisões sobre a política monetária. A expectativa que predomina no mercado é de que a taxa básica de juros (Selic) será novamente mantida em 2% ao ano, nível mais baixo da história.

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Esta é a visão dos bancos BTG Pactual (BPAC11), Credit Suisse, Golman Sachs, UBS, Santander (SANB11) e Itaú Unibanco (ITUB4). Até o momento, não houve uma mudança de cenário que justifique um aumento na taxa de juros, embora o Banco Central deva destacar que se mantém vigilante sobre deterioração fiscal do país.

Segundo os especialistas das instituições financeiras consultadas pela SUNO Notícias, ainda estão presentes as condições para a manutenção do forward guidance.

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O forward guidance é uma indicação de médio prazo dada pelo Banco Central sobre como pretende conduzir a política monetária. Também chamada de “prescrição futura“, é uma ferramenta usada por outros bancos centrais, como o Fed, nos Estados Unidos.


Em relatório, o Itaú Unibanco afirmou que não deve ocorrer uma modificação da postura de política monetária, já que não houve, pelo menos até o momento, uma mudança clara de regime fiscal.

O que é esperado, no entanto, é uma ressalva do Banco Central sobre uma possível mudança na trajetória da Selic no futuro, caso o risco fiscal se acentue.

“Esperamos a manutenção do forward guidance na sua forma atual, mas com uma indicação mais enfática de que as condicionalidades serão constantemente reavaliadas”, declarou o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.

Inflação ainda não justifica alta da Selic

Apesar da inflação em alta no Brasil, os economistas avaliam que ainda não existe indicação de que o Copom aumentará as taxas de juros para controlar o movimento inflacionário. Isso porque as projeções de inflação futura ainda estão abaixo ou próximas da meta.

Segundo o Itaú, as pressões inflacionárias atuais parecem ter “natureza transitória”, ao menos por enquanto.

Além disso, o alto grau de ociosidade da economia, ainda sob os efeitos da pandemia, reforçam a visão de que os juros seguirão no nível mais baixo da história. De acordo com relatório do BTG Pactual, tem ocorrido uma recuperação forte em alguns setores da economia, mas as perspectivas ainda são incertas.

O banco destacou ainda que o fim do auxílio emergencial vai causar uma desaceleração na atividade econômica. “Com isso, acreditamos que o Copom vai decidir novamente manter a Selic inalterada em 2% ao ano. Também acreditamos que o comitê vai manter a mensagem do forward guidance, que sinaliza para juros baixos por um bom tempo”, declarou o BTG.

No entanto, os bancos ressaltaram que a manutenção da Selic a 2%  é, assim como o próprio forward guidance, condicional à manutenção da sustentabilidade das contas públicas.

Copom deve remover chance de novos cortes

Embora a pressão inflacionária não deve motivar alta da Selic, o cenário atual pode levar o Copom a adotar uma linguagem mais cautelosa. Segundo o Credit Suisse, o Banco Central deve ficar mais cauteloso na sua visão sobre inflação, removendo a possibilidade de novos cortes na taxa Selic.

“Em particular, esperamos que a frase ‘espaço para estímulos de política monetária, caso exista, deve ser pequeno’ seja removida”, disse o Credit Suisse.

No cenário do banco, as expectativas de inflação devem continuar a aumentar. Com isso, existe uma possibilidade de mudança do forward guidance do Banco Central no começo de 2021.

Mesmo assim, o Credit manteve sua previsão de que a Selic ficará estável em 2% até junho de 2021.

Já o Goldman Sachs prevê que a taxa Selic atinja 2,75% ao final de 2021. Em relatório, o banco afirmou que a Selic deve permanecer em 2% durante todo o primeiro semestre de 2021.

Na visão do Goldman, será necessário iniciar um “gradual ciclo de normalização” no segundo semeste de 2021 para proteger as metas de inflação em 2021 e 2022.

Ainda sobre expectativas futuras para a Selic, o Santander Brasil prevê a Selic a 2% ao ano até o final de 2021. De acordo com o banco, o ciclo de alta de juros começará apenas em janeiro de 2022.

Boletim Focus aumentou novamente previsão de inflação

Nesta semana, o Boletim Focus voltou a aumentar a expectativa para a inflação de 2020, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Foi a 17ª semana consecutiva de aumento na previsão. De acordo com a pesquisa do Banco Central (BC), divulgada nesta segunda-feira (7), os especialistas do mercado esperam que a inflação deste ano seja de 4,21%.

Quatro semanas atrás, a projeção dos analistas ouvidos pelo Banco Central era de um aumento nos preços na ordem de 3,20%, enquanto na semana passada, a estimativa estava em 3,54%.

De acordo com a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a inflação deste ano no cenário híbrido está em 2,1%. Para 2021, meta fixada é de 3,75%, com variação entre 5,25% e 2,25%. O BC estima um aumento dos preços na ordem de 3,34% em 2021.

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Natalia Gómez

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