Copom deve manter Selic a 2%, mas risco fiscal acende alerta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil vai divulgar hoje (28) novas decisões sobre a política monetária. A expectativa que predomina no mercado é de que a taxa básica de juros (Selic) será mantida em 2% ao ano, nível mais baixo da história.

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Esta é a visão das seguintes fontes consultadas pela Suno Notícias: Goldman Sachs, Credit Suisse, JPMorgan, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Santander.

Por enquanto, os especialistas avaliam que o risco de inflação no longo prazo não é o suficiente para justificar uma alta na taxa de juros. O que mais chama atenção dos bancos neste momento são os temores em relação à deterioração fiscal do país, o que deve levar o Copom a aumentar seu alerta sobre riscos, podendo impactar os juros mais adiante.

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Confira a trajetória da taxa Selic nos últimos anos:

Gráfico da Selic Copom

Ressalvas no texto do Copom

De acordo com o Goldman Sachs, o Copom deve condicionar a manutenção da taxa de juros à preservação do regime fiscal. “Ou seja, o Copom pode adicionar ressalvas no texto da ata para indicar que pode retirar ou modificar o forward guidance caso o regime fiscal seja enfraquecido”, afirmou em relatório.

Além disso, o Copom deve sugerir que existe uma menor probabilidade de cortes adicionais nas taxas no curto prazo, segundo o banco.

O forward guidance é uma indicação de médio prazo dada pelo Banco Central sobre como pretende conduzir a política monetária. Também chamada de “prescrição futura“, é uma ferramenta usada por outros bancos centrais, como o Fed, nos Estados Unidos.

Na reunião de 16 de setembro, o Copom declarou que apesar dos maiores riscos de inflação, não pretendia reduzir o estímulo monetário a não ser que o cenário inflacionário se aproxime da meta em um horizonte de prazo mais longo, que inclui 2021 e 2022. Além disso, ficou claro que o forward guidance depende da manutenção do regime fiscal atual.

Em relatório, o BTG Pactual também avaliou que a taxa de juros deve ser mantida nesta reunião, mas destacou que uma mudança mais adiante é possível. “A história não termina aí. As possíveis mudanças no quadro fiscal ainda são a principal fonte de risco para a mensagem do forward guidance e para o cenário de política monetária à frente.”

Junto com a manutenção da taxa a 2%, o Itaú Unibanco espera que o Copom faça uma indicação de que as condicionalidades serão constantemente reavaliadas. “Nesse sentido, para as próximas decisões, será de particular importância acompanhar as discussões sobre a tendência dos gastos públicos nos próximos anos”, afirmou o banco.

Inflação ainda sob controle

Outro tema que chama atenção é o crescimento da inflação. Vale lembrar que a prévia da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15  (IPCA-15)  subiu 0,94% em outubro, após ter avançado 0,45% em setembro. Trata-se do maior resultado para o mês desde 1995.

O Banco Central já esperava uma alta na inflação de curto prazo, mas os dados ficaram acima do esperado, segundo o JPMorgan. O BC previa IPCA de 0,40% em setembro e de 0,30% em outubro. No entanto, o resultado de setembro foi de 0,64% e o consenso de mercado para outubro está entre 0,6% e 0,7%, ambos acima do previsto pelo BC, conforme quadro abaixo:

Copom Selic
Fonte: JPMorgan

Na visão do banco, o Copom deve reconhecer que a pressão sobre preços está maior que o esperado. “Mesmo assim, o Copom deve afirmar que as pressões de curto prazo ainda não se traduzem em expectativas mais altas para a inflação além de 2020”, afirmou o JPMorgan.

Inflação é vista como pressão temporária pelo Copom

De acordo com o BTG, a inflação ainda é vista como uma pressão temporária pelo Copom. Em relatório, o banco explicou que vários fatores estão provocando a alta nos preços dos alimentos. Entre eles, o BTG citou restrição na oferta de carne bovina, impactos climáticos na produção agrícola e aumento das exportações. “Vemos uma forte desaceleração da inflação de alimentos em 2021, mas não uma reversão generalizada de preços”, afirmou.

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Por outro lado, a inflação de serviços está controlada, com os níveis ainda altos de desemprego. Quando o período de isolamento social terminar, pode haver uma alta na inflação de serviços. Por isso, o BTG aumentou a previsão de IPCA de 2,5% para 3,1% em 2020, e vê riscos para uma alta maior no ano seguinte.

Já o Credit Suisse tem previsão de inflação de 3,15% em 2020 e de 3,55% em 2021. Na visão do banco suíço, a recuperação da economia e a inflação mais alta deixaram o cenário menos favorável desde a última reunião do Copom. Mesmo assim, não será o suficiente para alterar a política monetária, uma vez que as expectativas para inflação permanecem abaixo da meta.

“Acreditamos que o Banco Central não vai retirar o forward guidance de manter a Selic estável enquanto a inflação estiver abaixo da meta, e enquanto não houver mudança no regime fiscal”, afirmou o Credit. Assim como os outros bancos, a instituição espera um discurso mais cauteloso do Copom sobre as contas públicas e sobre como isso pode impactar o cenário de inflação nos próximos anos, com implicações na Selic. Para o Credit, a taxa ficará em 2% ao ano até o segundo semestre de 2021.

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Natalia Gómez

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