Sem fiscal, Copom deve acelerar alta e levar Selic para até 7,75% na próxima semana, diz Goldman Sachs

Em meio ao atual cenário político e fiscal conturbado desta semana, o banco Goldman Sachs (GSGI34) divulgou nesta sexta (22) um relatório no qual afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve acelerar o ritmo de altas da Selic para 125 pontos-base, o que levaria a taxa a 7,5% na decisão que será anunciada na próxima quarta-feira (27).

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“Além disso, avaliamos uma probabilidade de 33% de uma alta maior da Selic de 150 pontos-base. A divulgação do IPCA de 15 de outubro na véspera da reunião e as condições de mercado no início da semana provavelmente influenciarão a magnitude da resposta de política do Copom” disse o Goldman Sachs.

Para o banco, a percepção da política fiscal que orienta o orçamento público chegaram a um ponto de inflexão, citando a criação do programa de distribuição de renda Auxílio Brasil — substituto do Bolsa Família que pagará R$ 400 para famílias mais vulneráveis — como um fator que impulsiona a erosão do teto de gastos. O banco também comenta sobre a saída de funcionários do Ministério da Economia, que representa “danos de curto prazo causados ​​à credibilidade fiscal e a capacidade da equipe econômica para influenciar a perspectiva fiscal”.

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O banco lembra ainda que a volatilidade financeira aumentou significativamente nas últimas semanas, com os preços dos ativos sendo reajustados de forma acentuada, enquanto real esteve sob forte pressão de desvalorização, levando o Banco Central a intervir no mercado.

Com isso, o Goldman Sachs refez suas previsões para a inflação: cerca de 8,7% para o final de 2021 — acima da meta de 3,75% — e possivelmente mais de 4,0% para o final de 2022. “Esperamos que a previsão de inflação condicional para o final de 2023 tenha permanecido em torno da meta de 3,25%, mas as forças inerciais de um provável nível mais alto previsto para o final de 2022 também podem impactar a previsão para 2023”, diz o relatório.

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Copom deve levar Selic a patamar mais alto, diz Goldman Sachs

“Em nossa avaliação, uma resposta de política monetária de curto prazo mais enérgica é garantida não apenas por causa da deterioração das perspectivas de inflação para 2022 e do balanço geral dos riscos em torno dela, mas também por causa do efeito prejudicial ao crescimento e ao investimento da volatilidade financeira persistente em meio a aumento dos prêmios fiscais e de política econômica. Além disso, o enfraquecimento significativo da âncora fiscal e outros desenvolvimentos políticos e de política sugerem que a taxa de juros real neutra provavelmente está subindo. Isso também requer uma recalibração mais hawkish da política monetária de curto prazo”, afirma o banco.

“Ao todo, esperamos que o comunicado pós-reunião e o Guia para Futuro (FG) sinalizem que o Copom pretende levar a Selic a um patamar claro acima do neutro, e possivelmente a uma taxa terminal superior à prevista na reunião do Copom de 22 de setembro. O Copom deve reconhecer sinais crescentes de disseminação da inflação (efeitos de segunda ordem), deterioração das expectativas de inflação 2021-2022 e piora generalizada das perspectivas para a inflação, incluindo núcleos e serviços. Também esperamos que o balanço de riscos para a inflação permaneça assimétrico para cima.”

A reunião do Copom começa na próxima terça-feira (26) e o anúncio da decisão da taxa de juros sairá na noite do dia seguinte.

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Bruno Galvão

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