Hapvida (HAPV3), Dasa (DASA3) e Rede D’Or (RDOR3) lideram corrida de consolidação

Com as perspectivas de crescimento mais elevadas e o caráter ainda fragmentado do setor de saúde brasileiro, a consolidação deste mercado deve se acelerar. À frente deste movimento, estão alguns nomes que devem disputar o espaço de principal empresa de saúde do Brasil: Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3), Dasa (DASA3) e Rede D’Or (RDOR3) estão entre as favoritas.

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Existe uma tendência de aumento na expectativa de vida no Brasil, e estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o percentual de pessoas com 60 anos ou mais poderia saltar dos atuais 14,3% do total para 32,2%, em 2060. Isso impacta em cheio o setor de saúde e pode representar uma grande oportunidade para empresas privadas.

Apesar do aumento da demanda, a taxa de cobertura de beneficiários de planos de saúde está hoje muito concentrada na região Sudeste, segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

É nesta região que atuam de forma mais expressiva a NotreDame e a Dasa, com os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, bem como o Distrito Federal, registrando percentuais superiores a 30%. No Norte e Nordeste, regiões onde a Hapvida possui mais força, a cobertura é inferior a 10%.

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“É um setor ainda muito pulverizado”, disse André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners. “Ainda há bastante espaço para consolidação”. Segundo o especialista, os grandes players deste setor são brasileiros, e conhecem o mercado como ninguém.

Hapvida e NotreDame

A NotreDame e a Hapvida anunciaram recentemente que chegaram a um acordo para a combinação de negócios. A operação prevê a incorporação das ações da primeira pela empresa cearense, o que criará uma das maiores provedoras de soluções de saúde verticalizadas no mundo.

Caso a fusão seja aprovada, a nova companhia contará com 84 hospitais, 280 clínicas, 257 unidades de diagnóstico, com abrangência nacional. A companhia deve ter ainda cerca de 20% de participação no mercado no primeiro momento.

Victor Bueno, analista de investimentos na Top Gain, disse enxergar a operação com “muito bons olhos”. Para o especialista, as companhias “têm um modelo de negócio muito parecido, de empresas verticalizadas”, o que deve gerar sinergias empresariais entre elas.

De fato, tanto a Hapvida quanto a NotreDame apostam em um modelo de negócio verticalizado e eficiente, no qual seus beneficiários utilizam sua própria rede de serviços, que vai desde planos de saúde a hospitais, sem precisar passar por outras empresas no meio do caminho.

De acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, a estratégia garante musculatura para os negócios oferecendo tickets médios mais baixos e uma eficiência elevada, o que permite o crescimento da rentabilidade.

Em relatório da XP Investimentos, os analistas Vitor Pini, Matheus Soares, Marcella Ungaretti ressaltam que, embora o número de beneficiários de planos de saúde tenha mantido certa estabilidade nos últimos anos, as operadoras verticalizadas têm conseguido crescer acima da média.

Com maior eficiência e ticket médio menor, os analistas avaliam que a Hapvida e a NotreDame “estão bem posicionadas para continuar ganhando participação de mercado à medida que oferecem planos mais baratos tanto pela perspectiva corporativa, quanto para os indivíduos que desejam ter uma melhoria em relação ao sistema público de saúde para pessoas de baixa renda”.

Outro fator que corrobora a tese é a barreira de entrada. “No setor de saúde a necessidade de investimento é muito alta”, observou Henrique Lara, sócio e analista da Reach Capital.

Há, segundo o especialista, uma grande necessidade de se investir em infraestrutura e em uma carteira de clientes robusta. Além disso, as despesas operacionais são elevadas.

Dasa

A Dasa, por sua vez, também não fica para trás. A empresa dona dos laboratórios Delboni e Lavoisier anunciou que está selecionando instituições financeiras para realizar uma possível oferta subsequente de ações (follow on) no Novo Mercado.

Hoje, a Dasa já possui ações em circulação, porém elas constituem somente 2,5% de seu capital social.

A companhia procura na Bolsa o capital necessário para levar adiante seu plano de crescimento. Segundo o Brazil  Journal, que cita pessoas a par do assunto, a operação pode chegar a R$ 5 bilhões, e serve para a empresa da família Bueno voltar a crescer no setor hospitalar, como uma plataforma capaz de resolver a fragmentação e o desperdício no setor de saúde.

A maior rede de laboratórios da América Latina também busca abocanhar um pedaço do mercado hospitalar através da estratégia de verticalização. Só nos últimos meses, a Dasa adquiriu a rede de hospitais Leforte, por R$ 1,77 bilhão, e a Innova Hospitais Associados. O valor da última não foi divulgado.

“Vamos ver uma consolidação grande, com a criação de hubs” através da prestação de uma ampla gama de serviços, avaliou Renata Simon, sócia do escritório Candido Martins Advogados e especialista em fusões e aquisições, que coloca a Dasa como um dos principais players do setor de saúde.

Rede D’Or

Já para a Rede D’Or, tamanho não é problema. Segundo a empresa, o grupo opera a maior rede independente de hospitais privados do Brasil, com 51 hospitais próprios.

Segundo relatório do BB Investimentos, a companhia possui a rede hospitalar com o maior número de leitos privados no Brasil, cerca de 8,7 mil, com larga distância para os seus principais concorrentes. Para se ter ideia, a NotreDame, segunda colocada, dispõe de pouco menos de 3,1 mil leitos.

O grupo também apresenta um sólido histórico de aquisições, com mais de 40 compras desde 2007. “A Rede D’Or, para crescer em outras praças, cada dia tem uma notícia nesse sentido”, salientou Marcelo Shiramizu, sócio da consultoria especializada em M&As Peers Consulting.

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“A estratégia de aquisição da companhia concentra-se em hospitais localizados em mercados de saúde urbanos, com condições demográficas e econômicas favoráveis. Como resultado de inúmeras operações realizadas, a Rede D’Or tem conseguido integrar novos ativos à sua operação de forma rápida e eficiente, garantindo sinergias e benefícios de escala que tem contribuído para a manutenção da rentabilidade do grupo”, considerou o BB Investimentos.

Na visão dos analistas, a companhia pode liderar a consolidação do setor via aquisições e por meio do apoio ao crescimento das operadoras de planos privados.

Os especialistas são unânimes em dizer que o setor de saúde passará por uma consolidação e nessa disputa Hapvida, NotreDame, Dasa e Rede D’Or saem na frente. “Acho que há espaço para crescimento”, disse Shiramizu. “Cada uma na sua maturidade”.

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Arthur Guimarães

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