Silvia Alambert Hala

Saúde financeira na pandemia

Tão importante quanto as artérias que levam o sangue, a educação financeira é uma ferramenta fundamental

O período de pandemia tem se mostrado desafiador sob diversos aspectos na vida de todos nós e, conforme o tempo passa, fica cada vez mais evidente a falta que a educação financeira faz na vida de grande parcela da população.

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Manter-se saudável, assim como manter uma fonte de renda, têm sido as maiores preocupações das pessoas desde o início da pandemia. Considerando que uma pandemia sempre traz restrições consigo, um vírus e um lockdown era tudo o que o país menos precisava para perturbar a saúde física, metal e financeira dos brasileiros, uma vez que já vínhamos de um histórico de dificuldades da retomada econômica.

Curioso como ao priorizar a saúde as pessoas se tornam mais atentas ao futuro, seja por instinto de sobrevivência ou pelo simples fato de terem vivenciado um período pandêmico, que resultou em cerca de 219 milhões de casos e mais de 4,5 milhões de óbitos no mundo.

Ao olhar para si mesmas, muitas pessoas se deram conta que nunca se sentiram tão vulneráveis física, mental e  financeiramente e tiveram que conviver com a realidade do outro também. Assim, e pelo menos por um período, as pessoas conseguiram se ver no outro e fazer essa autorreflexão sobre o que buscam para suas vidas: o que serve, o que não serve, espaços para melhoria e como ajudar o próximo.

A mudança de comportamento durante a pandemia é um ponto interessante a ser analisado e, assim como muitos adotaram novos hábitos para manter o físico saudável, como começar a andar de bicicleta, correr ou fazer ginástica em casa e tomar suplementos vitamínicos, por exemplo, muitos começaram a entender como mudanças econômicas bruscas e repentinas estão propensas a ocorrer a qualquer momento e como estar preparado para isso, sem depender apenas de seus empregos ou fontes de renda atuais ou de subsídios do governo, é de extrema importância.

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Com o COVID-19 também aprendemos que cuidar da saúde é o ponto crucial para fazer com que toda a dinâmica de nossa vida ocorra em equilíbrio, já que um indivíduo doente impacta  emocional, social e financeiramente mais pessoas além de si: impacta a sua família, amigos, colegas de trabalho, que irão dispor de tempo, energia e talvez até dinheiro para ajudar com os gastos médicos e hospitalares, caso esse indivíduo precise.

Dessa forma, a pandemia tem sido a catalisadora da urgência da educação financeira na vida dos cidadãos desde cedo. Os mercados financeiro e securitário se surpreenderam com o aumento de pessoas juntando dinheiro para formar uma reserva financeira e das contratações de seguro de vida em um cenário de retração na economia e de desemprego.

De acordo com uma pesquisa da Neon baseada nas “principais contas digitais do país”, o mercado financeiro viu o número de pessoas das classes A, B e C, que juntaram dinheiro para formar  uma reserva emergencial, saltar de 44% em abril de 2020, no início da pandemia, para 57% em junho de 2021.

Por meio dos dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), foi possível identificar que o segmento de seguros encerrou o ano de 2020 com alta de 11,3% frente a 2019 e, no primeiro trimestre de 2021, viu o crescimento de 14,6% em relação ao mesmo período de 2020.

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Apesar de os números apontarem que há uma maior preocupação dos brasileiros com relação ao seu dinheiro e com o futuro é importante frisar que “guardar dinheiro”, possuir uma conta de investimento ou ter um seguro de vida não significa ser educado financeiramente.

A educação financeira vai muito além do dinheiro, do sentimento de perda momentânea do controle da própria vida financeira e do impulso inconsciente de se colocar em movimento para gerar a sensação de que algo está sendo feito.

A educação financeira tem poder transformacional, que gerará um impacto na vida das pessoas que a receberem e que será transportada por gerações dentro das famílias, tal como a artéria que leva o sangue, rico em nutrientes e oxigênio para todo o corpo. Requer mais que um período de crise para que seu ensinamento se torne um hábito, pensando na tranquilidade e bem-estar para o futuro, e não apenas uma medida emergencial.

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Nota

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Silvia Alambert Hala

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