Rebeca Nevares

Novas regras de ESG da B3 para aumentar a diversidade

Levantamento realizado pela própria bolsa mostra que, dentro do universo de mais de 400 empresas listadas, mais de 60% não contam com nenhuma mulher na diretoria estatutária

No dia 16 de setembro, foi encerrado o prazo para participação da audiência pública promovida pela B3 com o objetivo de aumentar a diversidade de gênero e representatividade de minorias em cargos de alta direção dentro das companhias listadas.

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Um levantamento realizado pela própria bolsa mostra que, dentro do universo de mais de 400 empresas listadas, mais de 60% não contam com nenhuma mulher na diretoria estatutária. Em quase 40% delas, sequer no conselho de administração.

Quando observados outros recortes, a disparidade fica ainda maior. Das mais de 70 respondentes do ISE 2022, quase 80% informaram possuir algo entre 0% e 11% de pessoas de pele negra em cargos de diretoria.

A questão, no entanto, não é exclusividade brasileira. Locais como Estados Unidos e Reino Unido, por exemplo, também reconheceram as disparidades e, por isso, têm adotado metas específicas para minimizar o problema.

Novas regras na Nasdaq pedem que as empresas tenham ao menos uma mulher e integrante de comunidade minorizada para o conselho de administração. No Reino Unido, cerca de 40% dos comitês agora devem ser compostos por profissionais do gênero feminino e ao menos um representante de minoria “não branca”.

No Brasil, o escopo da iniciativa prevê que todas companhias listadas na B3 elejam ao menos uma mulher e uma pessoa de minorias sociais para posições de autoridade, seja conselhos ou diretorias.

Os negócios que já possuem ativos negociados em bolsa terão até 2025 para comprovar a eleição do primeiro membro e até 2026 para o segundo. Os IPOs seguirão o mesmo mecanismo, porém, sempre com o prazo de dois anos para a efetivação dos novos membros.

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Caso as medidas não sejam cumpridas, a proposta da B3 é utilizar o mecanismo chamado “pratique ou explique”, no qual aqueles que não estiverem cumprindo as regras deverão fazer um “acerto de contas” sobre as iniciativas adotadas.

Não cabe aqui avaliar se as diretrizes adotadas vão funcionar ou se precisam de ajustes. Neste sentido, críticas construtivas que tenham como finalidade enriquecer o projeto são sempre bem-vindas.

Porém, acredito que poucos vão discordar da necessidade de uma proposta como a organizada pela B3. Em um mundo tão desigual, seja por questões de gênero ou sociais, tais iniciativas são fundamentais para inserir todos os segmentos da sociedade na economia como um todo.

Para dar uma ideia do tamanho do que estou falando, um cálculo do economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, publicado pelo jornal Valor Econômico, mostra que a redução da disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho poderia acrescentar até 0,3% no PIB ao longo de duas décadas.

Ou seja, para que um país possa se tornar uma potência, a inclusão e adoção de políticas que aumentem as oportunidades profissionais das pessoas é algo indispensável. Pense nisso!

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Rebeca Nevares
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