Gabriel Diniz Junqueira

Da festa ao velório: o que mudou nos 100 mil pontos do Ibovespa

Nosso querido Ibovespa atingiu sua máxima histórica de 130.776 pontos em 7 de junho de 2021. Mas uma hora a conta desta festa teria que ser paga.

No dia 18 de março de 2019 o Ibovespa, principal índice acionário da B3, atingiu pela primeira vez a marca de 100.000 pontos. Naquele ano a bolsa brasileira ainda chegaria à expressiva marca de 115.000 pontos e bateria diversos recordes. Estávamos no meio de um ciclo de alta iniciado em 2016. A marca dos 100.000, no entanto, ficou muito marcada, seja para representar um momento de prosperidade ou por simbolizar um patamar nunca antes visto! Memes e figurinhas viralizaram com convites para a suposta festa de comemoração desta marca histórica. Passados 4 anos o Ibovespa se aproxima novamente deste patamar, no entanto, pelo caminho reverso, da queda. A festa virou velório, os memes inverteram e o pessimismo tomou conta da cena. Afinal o que tanto mudou nestes 4 anos para tamanha invertida de sentimento? 

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Em 2019, o mundo se encontrava em um cenário muito positivo para investimentos. Os juros baixos trouxeram fluxo para ativos de risco, as principais guerras se aproximavam do fim e o ambiente de negócios prosperava. No cenário nacional não era diferente, reformas haviam sido aprovadas, outras tramitavam e os investidores brasileiros começavam a deixar a poupança para se arriscar mais. Tudo indicava para um longo ciclo positivo. Mas em 2020 o jogo começou a virar. A pandemia da COVID-19 e o lockdown da economia global desestabilizaram as cadeias produtivas, necessitando um afrouxamento extremo das políticas monetárias afim de evitar uma crise ainda maior. As consequências desses atos, totalmente previsíveis, puderam ser notadas nos anos seguintes. 

A forte injeção de dinheiro e juros ainda mais baixos causaram em 2021 um forte rally nos mercados. Nosso querido Ibovespa atingiu sua máxima histórica de 130.776 pontos em 7 de junho de 2021. Mas uma hora a conta desta festa teria que ser paga e é exatamente esse movimento que estamos presenciando atualmente e que já dura 18 meses! 

Com a estabilização da pandemia e o gradual retorno das atividades econômicas, o mundo deparou-se com uma inflação galopante que corroeria por completo o poder de compra da população. A situação se tornou ainda mais crítica quando no início de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia trazendo a guerra de volta ao continente Europeu depois de quase 30 anos. Tendo que lidar com o dragão da inflação, Bancos Centrais ao redor do mundo tiveram que elevar o tom e reverter suas políticas monetárias. Iniciou-se então um dos maiores ciclos de aperto monetário na história recente.

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As taxas de juros subiram e como já disse o grande investidor Warren Buffet: “Quando a maré baixa é que vemos quem está nadando pelado”. Sem a facilidade de conseguir dinheiro, muitos negócios estão enfrentando dificuldade para se manter de pé e somado aos escândalos recentes em grandes empresas nacionais e internacionais, tudo indica para além dos juros altos que uma crise de crédito está próxima de explodir com grandes bancos passando por dificuldades. 

Com tudo que vimos nos últimos anos, o mercado oscilou e apresentou muita volatilidade. Em um primeiro momento de euforia e posterior “ressaca”. É muito importante para o investidor entender que o mundo se encontra em uma conjuntura complicada e os Banco Centrais não terão vida fácil. A missão de estabilizar a economia mundial após a pandemia nunca pareceu ser fácil e novas crises podem ocorrer, o essencial é buscar entender quem sairá vencedor e mais fortalecido, pois como diz um famoso provérbio chinês: tudo passa!   

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Nota

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