Frederico Cavalcanti

Como a aversão à perda afeta seus investimentos

As finanças comportamentais são o estudo de como esses comportamentos podem afetar a nossa tomada de decisão na gestão financeira, e como podemos fazer para evitar que erros sejam cometidos levando em conta essa resposta automática do nosso cérebro.

Uma questão que afeta todos os investidores, tanto os iniciantes quanto os mais experientes, são os vieses comportamentais. São tendências que nós, como seres humanos, apresentamos inconscientemente na nossa tomada de decisão. Esses pensamentos automáticos estão presentes em todas as esferas da vida, inclusive na dos investimentos.

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As finanças comportamentais são o estudo de como esses comportamentos podem afetar a nossa tomada de decisão na gestão financeira, e como podemos fazer para evitar que erros sejam cometidos levando em conta essa resposta automática do nosso cérebro.

Esses vieses, ou heurísticas, fazem com que nossas decisões não sejam racionais e bem pensadas, mas feitas de forma emocional e automática. Um exemplo disso é a heurística da disponibilidade, quando a pessoa julga a probabilidade de um evento acontecer com base nas poucas informações que possui à disposição, apesar delas serem insuficientes. Por exemplo, você pode perguntar para duas pessoas uma estimativa do número de assaltos que ocorreram em uma cidade em um determinado período. Se uma delas tiver o costume de acompanhar notícias sobre a violência urbana, essa vai estimar um número superior ao da pessoa que não acompanha.

Outra heurística é o chamado viés de confirmação. Se uma pessoa busca apenas opiniões que vão ao encontro da sua, ela não vai ter um quadro fiel da realidade, e pode deixar passar alguma informação relevante para a sua tomada de decisão.

Mas a heurística que eu gostaria de tratar com maior foco deste artigo é o viés da aversão à perda. É muito comum no mundo dos investimentos pessoas esperando uma ação retornar ao preço médio de compra para poder vender.

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Esse tipo de comportamento é derivado do medo natural que o ser humano possui de aceitar uma perda. Por exemplo, digamos que um indivíduo investiu na ação da empresa X a um preço médio de R$ 20,00 por ação. Essa empresa exercia um monopólio no setor em que atuava.

Porém, algum tempo depois o cenário do mercado mudou e a empresa perdeu o seu monopólio, passando a ter a competição de novos players no seu segmento.

Depois que isso aconteceu, a ação da empresa chegou a um preço de R$ 10,00 por ação. O investidor entende que essa mudança de paradigma alterou completamente a atuação da empresa no setor, e a partir desse momento ela não apresenta mais os fundamentos que possuía no momento de realizar o investimento.

O investidor, então, precisa tomar a decisão do que fazer com as ações. O nosso investidor decide evitar o prejuízo e aguardar o preço da ação retornar para o seu preço médio de R$ 20,00.

Um dos novos concorrentes da empresa X começa a ganhar relevância no mercado e se torna o líder do setor. Enquanto isso, as ações da empresa X continuam caindo, e chegando ao patamar de R$ 5,00. O investidor, entretanto, segue alocado na ação e espera que ela volte ao seu preço inicial. A empresa X eventualmente acaba tendo que fechar o capital e o investidor fica com um prejuízo grande na sua operação.

A decisão racional a ser tomada nessa situação seria a venda das ações no momento em que o mercado foi alterado e a empresa perdeu seus fundamentos. Contudo, a aversão à perda do dinheiro fez com que o investidor tomasse a decisão emocional e equivocada, e que no longo prazo lhe causou uma grande perda.

Portanto, o fato de esperar a ação voltar ao seu preço médio para poder vender, tende a ser um erro bastante comum dos investidores que no longo prazo faz com que o prejuízo seja maior.

Em um estudo realizado pela Universidade de Sussex, pesquisadores perceberam que para torcedores de times de futebol a tristeza quando o time perde tende a ser 2 vezes maior do que a felicidade quando o time ganha.

Esse comportamento faz com que nós tenhamos esse receio na hora de admitir uma derrota. Ninguém gosta de perder dinheiro! Porém, na gestão de investimentos nós não podemos deixar essa resposta automática poluir o nosso julgamento, diminuindo a qualidade da nossa tomada de decisão.

Os investimentos devem avaliar como os ativos vão se comportar daqui pra frente, não o seu resultado passado. O preço médio não deve ser o fator determinante para manter o investimento em determinada ação.

Os ativos devem ser escolhidos seguindo a estratégia que foi determinada para o seu portfólio, e não baseados nas decisões emocionais. Devemos olhar para o melhor custo de oportunidade para a alocação de capital, e não esperar o preço da ação voltar para o preço médio para poder vender.

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Esta matéria foi escrita pelo time da Suno Consultoria. Para conhecer melhor este serviço da Suno, clique aqui

Nota

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