Brasil suspende exportações de carne bovina para China após confirmação de caso de “vaca louca” no Pará

O Governo Federal suspendeu as exportações de carne bovina para a China a partir de quinta (23). O movimento ocorre após a confirmação de um caso de encefalopatia espogiforme bovina, doença conhecida como mal da “vaca louca”, no Pará.

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“No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira“, afirmou o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) em comunicado à imprensa.

Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne.

Carlos Favaro, ministro da Agricultura e Pecuária

O diagnóstico de “vaca louca” já havia sido confirmado pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepara). O animal macho tinha nove anos e estava em uma pequena propriedade em Marabá (PA).

“O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado”, ressaltou a pasta no comunicado.

O órgão não especificou o município, informando  apenas que o caso ocorreu numa pequena localidade no sudeste paraense, no pasto de uma propriedade com 160 cabeças de gado.

Segundo a agência, a propriedade já foi isolada, inspecionada e interditada preventivamente. Amostras foram enviadas a um laboratório no Canadá para verificar se a ocorrência se trata de um caso clássico, em que há transmissão de um animal para outro, ou atípico, em que a doença se desenvolve de forma espontânea na natureza, geralmente em animais idosos.

Em comunicado, a Adepará destacou que trabalha com a hipótese de caso atípico, sem risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano. O órgão informou estar em contato permanente com o Ministério da Agricultura e Pecuária e que trata do tema com transparência e responsabilidade.

Na segunda-feira (20), o Ministério da Agricultura informou que estava investigando um caso suspeito de vaca louca no Brasil. Na ocasião, a pasta não informou o local.

A morte em pasto aumenta as chances de que o suposto caso de vaca louca tenha se originado de forma “atípica”, espontaneamente na natureza, em vez de ser transmitido pela ingestão de ração animal contaminada. Isso, em tese, reduz as chances de imposições de barreiras comerciais.

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Sem casos transmissíveis

Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil ocorreram em 2021, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Na ocasião, os casos também foram atípicos, mas a China, maior comprador de carne do Brasil, suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, de setembro a dezembro daquele ano.

Até hoje, o Brasil não registrou casos clássicos de vaca louca, provocado pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados. Causado por um príon, molécula de proteína sem código genético, o mal da vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja.

Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos dos animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível. No fim dos anos 1990, houve um surto de casos de mal da vaca louca em humanos na Grã-Bretanha, que provocou a suspensão do consumo de carne bovina no país por vários meses. Na ocasião, a doença foi transmitida aos seres humanos por meio de bois alimentados com ração animal contaminada.

“Vaca louca” deixa sequelas no mercado financeiro

Antes da confirmação do caso de vaca louca, a suspeita já havia preocupado os agentes econômicos. No Ibovespa hoje desta quarta (22), as ações de empresas frigoríficas desabaram. Confira:

  • Minerva (BEEF3): 7,92%
  • BRF (BRFS3): 6,71%;
  • Marfrig (MRFG3): 4,71%.

As últimas ocorrências do mal da “vaca louca” foram confirmadas em 2021 pelo Governo Federal, em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e Nova Canaã do Norte (MT).

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O controle sanitário é bem rígido em casos como estes e, na ocasião, as exportações de carne bovina do Brasil para a China também haviam sido suspensas temporariamente.

Em relatório enviado ao mercado, o time do Itaú BBA recordou que os casos anteriores de vaca louca causaram impactos variados no setor, conforme as proibições determinadas pelas autoridades.

Além disso, o Bradesco BBI ressaltou que a China corresponde a 50%/60% das exportações de carne bovina brasileira. Assim, o diagnóstico do caso suspeito e os próximos passos das autoridades neste caso podem trazer impactos para as operações de empresas como a Minerva, BRF, Marfrig, entre outras.

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Erick Matheus Nery

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