Caoa admite interesse para a fábrica da Ford

A Caoa admitiu nesta terça-feira (26) que está negociando para a compra da fábrica da Ford de São Bernardo do Campo (SP). As negociações estariam sendo levadas adiante junto com a montadora norte-americana e o governo do estado de São Paulo.

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Na manhã desta terça-feira o governador de São Paulo, João Doria, tinha admitido que três empresas estavam interessadas na planta da Ford. Entretanto, ele não revelou nome, salientando apenas que duas eram multinacionais e uma era brasileira.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), tem apenas duas montadoras brasileiras. A Caoa e a Agrale. Entretanto, a Agrale, que produz caminhões, tratores e utilitários, negou qualquer interesse pela fábrica da Ford.

A Caoa já é uma produtora de veículos, tendo uma planta própria em Anápolis, no interior de Goiás. Ela produzi veículos da marca sul-coreana Hyundai. Além disso, ela tem uma planta em Jacareí, no interior de São Paulo, onde produz veículos da marca chinesa Chery, detendo 51% das operações.

Tentativa dos sindicatos de reverter o fechamento

Nesta terça-feira, a reunião entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a direção mundial da Ford foi marcada para o dia 7 de março. O objetivo do encontro é reverter a decisão de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo.

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Entenda o caso

Na última terça-feira (19), a Ford anunciou o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo.

A montadora norte-americana informou que vai sair do mercado de caminhões. De acordo com a Ford, essa medida é uma dos passos para “o retorno a lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul”.

O fechamento da planta na Grande São Paulo deverá ocorrer ao longo de 2019. Hoje a fábrica de São Bernardo produz caminhões e o modelo Fiesta. Segundo a Ford, o custo dessa operação será de cerca US$ 460 milhões, entre indenizações trabalhistas, de concessionárias e de fornecedores, além da depreciação de ativos.

Consequências do fechamento

O fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo pode afetar 24 mil trabalhadores. Um número quase dez vezes maior do que as 2,8 mil demissões anunciadas pela montadora norte-americana.

O cálculo foi realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

De acordo com o Dieese, distribuidores e fornecedores da planta de São Bernardo acabarão falindo nos próximos meses. Isso por causa da impossibilidade de substituir a demanda de produtos e serviços da Ford. Esse efeito cascata, segundo o Dieese, é ainda difícil de mesurar com precisão.

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Entretanto, a montadora norte-americana já deixou claro que não remanejará praticamente nenhum funcionário.

Isso porque unidades da Ford em Taubaté (SP) e Camaçari (BA) já têm seu orgânico completo. Além disso, a nova fábrica na Bahia seria distante demais para realizar um reajuste de funcionários paulistas.

Carlo Cauti

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