Venda da Braskem (BRKM5) pode destravar indenizações em Maceió, diz Renan Calheiros
|
Em meio às negociações para a venda do controle da Braskem (BRKM5), o senador Renan Calheiros (MDB–AL) defendeu que a transação seja acompanhada de garantias de reparação às vítimas da tragédia ambiental em Maceió. O desastre, causado pela extração de sal-gema em bairros da capital alagoana, já deslocou mais de 55 mil pessoas e gerou bilhões em passivos ambientais e sociais. Em vídeo divulgado nesta segunda-feira (21), o parlamentar afirmou que a possível mudança de controle representa uma nova chance de justiça.

“Tenho me empenhado há anos para assegurar a indenização da Braskem para todas as cidades atingidas, o Estado de Alagoas e, principalmente, às vítimas do maior crime ambiental urbano do mundo”, disse o senador.
A manifestação ocorre no contexto da negociação para que o empresário Nelson Tanure compre a participação da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem. A operação já recebeu sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e conta com o apoio da presidência da Petrobras, segunda maior acionista da petroquímica.
Senador cobra compensações e saída da Braskem do Pontal da Barra
Renan afirmou que o Estado de Alagoas é o maior credor da companhia e destacou a necessidade de assegurar compensações adequadas no processo de venda. O parlamentar avalia que a negociação pode representar um ponto de virada na reparação dos danos causados à capital alagoana.
“Se fala na venda da Braskem. Esta possibilidade abre novas perspectivas, traz novas esperanças, para que a empresa pague o Estado de Alagoas pelos prejuízos causados”, declarou.
“Também é preciso assegurar que esta venda garanta a justa e correta indenização às vítimas da tragédia.”
O senador ainda defendeu a retirada da unidade da Braskem localizada no bairro do Pontal da Barra, região próxima à área impactada pelo afundamento de solo.
“Outro ponto inafastável é a remoção definitiva da fábrica da península do Pontal da Barra”, completou.
Justiça vistoria áreas afetadas e moradores pedem indenizaçãoNesta semana, a Justiça Federal realizou uma vistoria no bairro do Bom Parto, uma das regiões ainda habitadas dentro da área afetada pelo afundamento de solo em Maceió. Moradores relataram à equipe de técnicos e representantes do Judiciário que rachaduras persistem nas casas, mesmo após reparos, e que a insegurança permanece alta.
A principal demanda da comunidade é antiga: realocação imediata e direito à indenização. O bairro está há dois anos classificado como “área de monitoramento” pela Defesa Civil de Maceió, o que significa que, apesar de não integrar o “mapa de risco”, segue sob constante avaliação técnica.
Relembre o caso Braskem
O colapso do solo em Maceió começou a se intensificar em fevereiro de 2018, após fortes chuvas e um tremor de magnitude 2,5 atingirem o bairro do Pinheiro, gerando rachaduras em ruas e imóveis. Estima-se que entre 55 mil e 60 mil pessoas foram afetadas por um desmoronamento gradual causado pela extração inadequada de sal-gema por décadas — ao menos desde os anos 1970 — pela mineradora, que operava 35 poços sob áreas urbanas como Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol. Em 2019, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) confirmou a relação entre a atividade mineradora e o afundamento. A empresa então encerrou as operações no local, passou a custear R$ 1,7 bilhão para realocação de famílias e mais R$ 1 bilhão para fechar os poços.
Com a venda em andamento, Renan acredita que a nova composição acionária pode permitir um avanço no processo de responsabilização e compensação pelas consequências do desastre. Segundo ele, a expectativa é de que os recursos sejam destinados ao Estado e às vítimas da tragédia causada pela atuação da Braskem.