Braskem (BRKM5): o que diz a companhia sobre o rompimento parcial de mina em Maceió?

A Braskem (BRKM5) se manifestou na manhã de hoje (11) sobre o rompimento parcial da mina 18, em Maceió, no início da tarde de domingo (10). Com a ruptura, a água da lagoa Mundaú, no bairro Mutange, entrou na mina.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/Lead-Magnet-1420x240-1.png

“Na data de ontem, às 13h15, câmeras que monitoram o entorno da cavidade 18 registraram movimento atípico de água na lagoa Mundaú, no trecho sobre esta cavidade, indicando movimento no solo da lagoa (potencial colapso)”, disse a petroquímica, por meio de fato relevante divulgado nesta segunda-feira (11)

No texto, a Braskem informou ainda que “toda a área, que vem sendo monitorada nos últimos dias, já estava isolada”. Pontuou, também, que “autoridades foram imediatamente comunicadas”, e que a companhia segue colaborando com elas.

“A companhia segue mobilizada e monitorando a situação de forma ininterrupta com as autoridades competentes e manterá o mercado informado sobre qualquer desdobramento relevante sobre o assunto”, acrescentou.

Ainda no início da manhã desta segunda-feira, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, seguiu para Brasília para uma agenda convocada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, além de reuniões com representantes do governo federal.

Caldas antecipou que vai reivindicar junto à União o pagamento imediato dos auxílios para pescadores e marisqueiros, que estão sem poder trabalhar. Outra providência será debater um estudo aprofundado nas águas da lagoa, que entraram em contato com a mina de sal-gema da Braskem e precisam ser analisadas.

Mais cedo, no domingo, antes da notícia do rompimento parcial da mina em Maceió, a última atualização da Defesa Civil do município informou a ocorrência de um deslocamento vertical acumulado de 2,35 metros na mina de sal-gema, com velocidade vertical de 0,52 centímetros por hora, apresentando um movimento de 12,5 centímetros nas últimas 24 horas.

Ministério descarta risco de novo rompimento em mina da Braskem

Equipes técnicas do Ministério de Minas e Energia avaliaram os dados da Defesa Civil de Maceió após o rompimento de parte da mina 18 da Braskem, e afirmam que o “incidente foi localizado, sem danos maiores aparentes”.

Por outro lado, especialistas fazem ressalvas e afirmam que o episódio pode ser o início do rompimento total da mina da Braskem.

O ministério afirma, ainda, que continua monitorando a situação da mina 18 da Braskem junto às autoridades locais, e atuando com foco na redução do impacto à população. Não há informações sobre feridos. As áreas ao redor da mina na capital alagoana estão desocupadas.

Também participaram da análise dos dados sobre a mina em Maceió o Serviço Geológico do Brasil e a Agência Nacional de Mineração. “As áreas adjacentes, das demais minas, seguem sem indícios de instabilidade. O evento ocorreu após um aumento na velocidade de subsidência do solo nas últimas 48 horas”, diz nota do ministério.

Especialistas alertam para risco de novos rompimentos em mina da Braskem

Dilson Ferreira, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), afirma que a movimentação pode indicar o início do rompimento total da mina em Alagoas e a possibilidade de impacto nas outras minas da região – são 35 ao todo.

“A mina tem 60% de sua área dentro da lagoa; os outros 40% estão no continente. A porção que está dentro da lagoa colapsou e iniciou um processo de rompimento. Nas próximas horas, teremos a noção se ela vai se estabilizar. Se a cratera abrir mais, ela pode atingir as outras minas do lado. Tudo é um processo com algumas etapas. Provavelmente teremos outros desmoronamentos até que ela se estabilize”, diz o especialista.

O rompimento este domingo não significa o colapso da cratera em Maceió, mas sim o começo do processo, de acordo com a engenheira geóloga Regla Toujaguez. “Ainda não é o colapso, mas esse rompimento é o início do processo. Para que o colapso aconteça de fato toda a circunferência deve ceder, algo que ainda não aconteceu, mas agora é preciso ficar em alerta”, diz a professora da Universidade Federal de Alagoas.

Ferreira reclama de falta de informações sobre o colapso em Maceió. “Os dados foram omitidos ou não foram coletados. Na universidade, não temos informações suficientes para prever o que vai acontecer. É um apagão de informações. A informação que temos é a informação que a Defesa Civil passa à população.”

Abel Galindo, professor de engenharia civil na Universidade Federal de Alagoas e primeiro a alertar sobre a possibilidade de desabamento de uma das minas da Braskem, décadas atrás, ressaltou: “Essa turbulência foi a água e o solo descendo para dentro da mina. Terminou a novela. A mina não existe mais, está cheia de rochas e pedras. Conforme eu havia dito.”

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/05/1420x240.jpg

Colapso em Maceió: o que aconteceu até agora

risco de colapso da mina em Mutange vem sendo feito desde o início do mês. Até 2019, a Braskem fazia a extração de sal-gema em 35 poços abertos na região. Desde então, quando foi identificado o problema, a Braskem vem assumindo um passivo de bilhões de reais para reacomodação da população que residia na região afetada, pelo risco de afundamento em decorrência de suas atividades, e para o fechamento das minas até 2025.

Nos últimos dias, o agravamento do incidente em Alagoas provocou a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com a primeira sessão prevista para a terça-feira (12), e a retirada da empresa do índice de sustentabilidade da B3.

A fatia controladora da Braskem, detida pela Nonovor (ex-Odebrecht) está sendo vendida e possivelmente os novos eventos podem desacelerar o processo.

Na sexta-feira (8), o boletim emitido pela Defesa Civil de Maceió apontava um afundamento de 5,7 centímetros em 24 horas naquele dia, chegando a um deslocamento vertical acumula de 2,06 metros, com uma velocidade vertical de 0,23 centímetros por hora.

Na quinta-feira (7), a Braskem confirmou que recebeu do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas autuações no valor de aproximadamente R$ 72 milhões.

*Com informações de Estadão Conteúdo

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Giovanni Porfírio Jacomino

Compartilhe sua opinião