Brasil poderá demorar dez anos para voltar ao investment grade, diz Fitch

A agência de classificação de risco Fitch informou nesta quinta-feira (6) que o Brasil poderia demorar dez anos para recuperar a nota de crédito (investment grade).

Segundo a Fitch, o País só recuperará a nota de crédito que tinha entre 2008 e 2014 em um prazo médio-longo. A agência de classificação de risco considera o Brasil com nota BB-, com perspectiva estável. Esse é um grau especulativo três degraus abaixo do investment grade.

“Países como a Colômbia e o Uruguai, por exemplo, demoraram de 10 a 11 anos para recuperarem o grau de crédito”, declarou nesta quinta Shelly Shetty, diretora sênior de ratings soberanos das Américas da Fitch.

Fitch aponta dificuldades do Brasil

Para Shetty, há pontos que preocupam no panorama econômico brasileiro, como as dificuldades de aprovar reformas durante um ano eleitoral como 2020, a alta relação dívida/PIB e a baixa confiança empresarial e dos consumidores.

“Existem riscos políticos e riscos sobre a capacidade de aprovar as reformas. Estaremos olhando para isso e para o processo de consolidação fiscal e procurando sinais que nos deixem mais confiantes de que a dívida brasileira vai se estabilizar no médio prazo”, explicou a executiva.

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Por outro lado, Shetty salientou que a atividade econômica brasileira deverá melhorar ao longo desse ano.

Entre os pontos positivos citados pela funcionária da Fitch estão a posição cambial do País e o nível baixo da taxa básica de juros (Selic).

Melhora do crescimento

A previsão da agência de classificação de risco para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil esse ano é de 2,2%.

Saiba mais: Fitch eleva previsão de crescimento do PIB brasileiro em 2019 e 2020

Em seu último relatório, a Fitch apontou ainda que o crescimento do crédito à pessoa física e a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) impulsionaram o consumo das famílias no terceiro trimestre. Já a construção civil e a produção de bens de capital ajudou a expansão dos investimentos.

Além disso, a Fitch salientou que aumento da produção de petróleo no País também motivou o avanço da economia entre julho e setembro. Em contrapartida, o desempenho abaixo do esperado da indústria de transformação refletiu de forma negativa na economia do País.

Carlo Cauti

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