Bradesco (BBDC4) tem queda de 22,8% no lucro do 3T22, para R$ 5,22 bi

O Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 5,223 bilhões no terceiro trimestre de 2022 (3T22), caindo 22,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com o 2T22, a queda foi de 25,8%.

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O resultado do Bradesco no formato contábil foi positivo em R$ 5,211 bilhões no 3T22, com baixa de 21,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2021.

A forte baixa nos resultados do segundo maior banco privado do País se deveu ao aumento da inadimplência, que subiu de 2,6% em setembro do ano passado para 3,9% no mesmo mês deste ano, diante da piora nos segmentos de pessoas físicas e de pequenas e médias empresas. Como resultado, o Bradesco teve de expandir em 116,4% as despesas com provisões contra a inadimplência, que chegaram a R$ 7,267 bilhões.

O presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, disse em nota que o resultado está associado ao momento do ciclo de crédito. Segundo ele, o banco se mantém ao lado dos clientes, o que se reflete nos números.

“Entramos agora em um momento de aumento de provisões, tendência que deve se manter até parte de 2023. A inadimplência cresceu no segmento massificado, para pessoas físicas e micro e pequenas empresas”, disse.

O executivo afirma que há sinais de melhora na inadimplência, e que o banco projeta, diante dos ajustes que fez neste ano, que os atrasos vão se estabilizar e depois, melhorar no decorrer de 2023.

“Temos convicção na nossa capacidade operacional de entregar um melhor nível de retorno. Vamos perseguir essa meta e continuar os ajustes necessários para retomar a trajetória de rentabilidade”, afirmou ele, que disse ainda que no trimestre, o Bradesco seguiu focado em sua transformação digital, e que tem um posicionamento único, com operação bancária e a maior seguradora do País.

O balanço trimestral do Bradesco também mostrou um crescimento anual de 13,6% na carteira de crédito, alcançando os R$ 878,571 bilhões até o final do mês de setembro.

O total de despesas com provisões para devedores duvidosos foi de R$ 7,267 bilhões, aumentando 13,6% frente ao mesmo trimestre de 2021. O índice de inadimplência terminou o período em 3,9%. Ao final do 3T21, esse número estava em 2,6%.

O Bradesco diz que ao longo do 3T22 enfrentou “desafios com desempenho resiliente nas receitas”.

Complementou dizendo que “as principais razões para esse resultado foram o desempenho da margem financeira com mercado, negativamente afetada pelo nível atual da Selic, o aumento da PDD Expandida causado pelo cenário de inadimplência, o reforço da PDD complementar e o impacto da deflação do IPCA no resultado financeiro de seguros”.

A receita do Bradesco na área de serviços foi de R$ 8,856 bilhões no terceiro trimestre de 2022, representando uma alta anual de 1,1%. Já as despesas operacionais chegaram a R$ 12,4 bilhões, com avanço de 4,5% em relação ao 3T21.

O Retorno sobre patrimônio (ROE) registrado pelo Bradesco foi de 13% no último trimestre, apresentando alta de 18,6% na comparação com o terceiro trimestre de 2021.

Mudanças nas projeções do Bradesco

Quanto à projeção de seus gastos com provisões para devedores duvidosos (PDD), o Bradesco revisou o valor para entre R$ 25,5 bilhões e R$ 27,5 bilhões, — antes estava na faixa de R$ 17 bilhões a R$ 21 bilhões.

Enquanto isso, houve a manutenção na projeção de crescimento da carteira ampliada de crédito na casa dos 10% a 14%, ficando em 13,6% nos três primeiros trimestres deste ano.

Quanto à estimativa de aumento da margem com clientes do Bradesco, ela ficou entre 18% a 22%, enquanto o percentual já realizado no ano é de 23,4%, considerando os nove primeiros meses de 2022.

A projeção da expansão da receita de serviços permaneceu em 4% a 8%, com 4,8% já realizado neste ano. Nas despesas operacionais, já foi realizado 4,6%, fazendo com que a estimativa continuasse em 1% a 5%.

“Seguimos avançando no cumprimento de nossa meta de Negócios Sustentáveis. R$ 157,6 bilhões já foram realizados, sendo destaque nesse trimestre estruturações de operações de empréstimos para empresas que empregam ações sustentáveis, totalizando R$ 773 milhões”, conforme destaca o relatório de resultado do Bradesco no 3T22.

Bradesco: margens

A margem financeira do Bradesco subiu 3,7% no período de um ano, para R$ 16,283 bilhões. A margem com clientes, que embute ganhos com crédito, por exemplo, subiu 24,7%, para R$ 17,527 bilhões, diante do maior volume de operações, de um mix de crédito mais rentável e da melhora na margem de passivos com banco.

Este desempenho foi compensado parcialmente pela margem com mercado, que reflete o resultado da tesouraria. Nesta área, o Bradesco teve perda de R$ 1,243 bilhão.

Sob impacto do aumento da taxa Selic, a tesouraria do banco tem tido resultados negativos desde o segundo trimestre deste ano. Este efeito se manteve, embora o banco o tenha compensado em parte pelo resultado maior do capital de giro próprio, e por maiores ganhos em operações como as de arbitragem.

O spread foi de 10,1%, alta de 1,1 ponto porcentual em um ano, e de 0,1 p.p. em um trimestre.

Ativos e rentabilidade

No final do primeiro trimestre deste ano, os ativos do conglomerado somavam R$ 1,891 trilhão, um aumento de 10,2% em base anual, e alta de 7,6% em termos trimestrais.

O patrimônio líquido do Bradesco era de R$ 156,884 bilhões em março, variação positiva de 6,3% em 12 meses, e de 2,7% em três. Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco fechou trimestre em 13%, baixa de 5,6 pontos porcentuais em um ano.

É o menor retorno desde o segundo trimestre de 2020, quando, sob o peso das provisões extras que fez diante da pandemia da covid-19, o Bradesco teve retorno de 11,9%.

Bradesco: Índice de Basileia é de 15,8% no 3º trimestre, alta de 0,6 p.p.

O Bradesco fechou o terceiro trimestre deste ano com índice de Basileia de 15,8%, um aumento de 0,6 ponto porcentual em relação ao mesmo intervalo de 2021. Ante o trimestre imediatamente anterior, a alta foi de 0,2 p.p.

De acordo com o banco, a capacidade de geração de lucro líquido absorveu, no trimestre, o pagamento de juros sobre o capital próprio. Também foi suficiente para compensar o aumento do risco do banco, medido pelo crescimento da carteira de crédito.

O capital de nível 1, de maior qualidade, foi de 13,6%, variação negativa de 0,1 ponto em 12 meses, mas positiva em 0,3 ponto em três. O capital principal ficou em 12,1%, queda de 0,6 p.p. no comparativo anual.

Cotação do Bradesco nesta terça (8)

As ações do Bradesco, negociadas com o ticker BBDC4, encerraram a sessão de hoje (8) em queda de 0,96%, a R$ 18,58.

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Com informações do Estadão Conteúdo

João Vitor Jacintho

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