Bolsa de valores B3 (B3SA3) chega perto de 4 milhões de investidores

Com a queda nos juros e alta nas ações, a bolsa de valores se aproxima dos 4 milhões de investidores, mais do que dobrando o valor de mercado da monopolista do setor no Brasil, a B3 (B3SA3) – fruto da fusão das antigas BM&F Bovespa e Cetip.

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A Bolsa de valores teve fusão há quatro anos atrás, saindo de um valor de R$ 40 bilhões para R$ 100 bilhões, em escaldada ocasionada em grande parte pela entrada massiva de pessoas físicas no mundo dos investimentos.

O impulso para a alta do número de investidores foi conjuntural, já que as aplicações de renda fixa ficaram menos atrativas com a queda dos juros.

Tanto é assim que, antes do boom atual, a bolsa de valores tentou várias formas de promover o mercado acionário. De tendas nas praias paulistas e em sindicatos a uma campanha publicitária com Pelé, nada parecia adiantar em um cenário em que o investidor podia ganhar mais de 10% ao ano sem correr risco.

Queda de juros impulsionou B3

Com a queda dos juros, vieram as plataformas de investimento em bolsa de valores. De repente, o cliente se viu bombardeado de todos os lados: bancos, casas de análises e corretoras.

“O que fez diferença foi o crescimento de plataformas e do mercado de assessores, que levam conhecimento às pessoas físicas”, afirma o sócio da Eleven Financial, Raphael Figueredo.

A advogada Bruna Garner, de 27 anos, é uma dessas novas investidoras. Suas primeiras ações foram compradas há cerca de um ano, quando garimpou papéis que caíram muito no início da pandemia, como a Azul (AZUL4), a Gol (GOLL4) e a agência de turismo CVC (CVCB3).

“Comecei para ter uma forma de rendimento. Nossos pais pensavam em previdência e imóveis, mas isso já não traz um retorno tão bom como ações”, comenta Bruna, que tem 10% de sua carteira em renda variável – o restante segue em renda fixa.

Já o analista de dados Yago Rodrigues, 28 anos, começou a investir um pouco antes do começo da pandemia, testando fundos imobiliários e ETFs, que seguem índices acionários. Hoje, Rodrigues tem 50% de sua carteira em ações, incluindo papéis de uma das queridinhas do mercado, o Magazine Luiza.

Número de empresas listadas avançou

O aumento do total de empresas listadas também serviu de incentivo à Bolsa de valores brasileira. Desde o início de 2020, mais de 60 empresas já fizeram ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês), número que ainda vai subir até o fim do ano.

Apesar do crescimento acelerado, a B3, que já esteve na quinta posição entre as Bolsas de Valores do mundo, viu sua posição cair por conta do real enfraquecido, já que esse ranking é feito em dólar.

O ranking é liderado pelas americanas Nyse e Nasdaq, gigantes com US$ 20 trilhões em capitalização das empresas listadas. Na B3, esse valor é de cerca de US$ 1 trilhão.

Com alta na Bolsa de valores, mais concorrência chega no radar

Apesar da expansão recente, a B3 ainda navega sozinha no mercado acionário local. A eventual chegada de uma concorrente para a Bolsa de valores brasileira é um assunto recorrente.

Nos últimos meses, com rumores de uma nova movimentação para criar uma rival, a B3 perdeu cerca de 28% em valor de mercado. O assunto retornou após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocar o tema em audiência pública, encerrada há poucos meses. Os resultados dessa consulta ainda estão sendo analisados.

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Especialistas consultados acreditam que essa competição virá, mas não na forma de uma Bolsa tradicional como a B3, mas na forma de fintechs que vão focar em serviços específicos de negócio, caso da Mark 2 Market, focada em registro de Certificados de Recebíveis do Agronegócios (CRAs).

Professor de Direito Econômico da FGV-Direito, Caio Mario Pereira Neto destaca que a própria regulação pode abrir espaço para a competição, como ocorreu no setor bancário, que hoje é puxada pela atuação das fintechs.

Por outro lado, há uma longa lista de potenciais rivais para a única bolsa de valores que não prosperam. A ATS Brasil chegou a fazer um pedido para a abertura de uma Bolsa à CVM, em 2013, mas a ideia acabou não avançando. Mesmo destino teve o projeto da gestora Claritas, em parceria com a Bats Global Markets, operadora global do setor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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Eduardo Vargas

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