Bitcoin tem uma inflação menor do que o dólar. E por isso está ainda nas alturas

O Bitcoin é uma moeda digital. Surgiu como criptomoeda desvinculada do controle dos bancos centrais. E se tornou o instrumento de troca no mundo virtual.

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Entretanto, nesta fase histórica, o Bitcoin é percebido também – e cada vez mais – como uma reserva de valor.

Mais do que uma ferramenta para pagar os gastos, visa se tornar uma espécie de ouro digital e, portanto, preservar o capital da inflação.

O Bitcoin representa um experimento (tem apenas 12 anos de vida face à história milenar do ouro) e como tal, a criptomoeda terá que superar um caminho cheio de obstáculos.

Iniciando pelas incógnitas relacionadas com uma possível regulação pública até aquelas, ainda maiores, relacionadas ao grau de confiança que os usuários/investidores depositarão ao longo do tempo.

Para prosseguir em seu caminho, o Bitcoin precisa de um número cada vez maior de pessoas e/ou instituições que aceitem utilizá-lo como moeda.

A história vai nos mostrar qual será o futuro da cripto. Enquanto isso, o presente indica que em muitas partes do mundo o Bitcoin parece já ter passado a fase de teste.

Bitcoin herói contra a inflação

A confirmação de seu valor inicia justamente nos países forçados a viver com uma fraqueza crônica de sua moeda, como a Venezuela (onde a inflação é de 3.012% ao ano), mas também Argentina e Turquia.

Na Venezuela, onde a moeda local, o bolívar, não vale mais nem o papel onde está impresso, a troca de criptomoedas com sistemas peer to peer e sem intermediários é generalizada.

Nas principais plataformas, os volumes registrados nesta modalidade de negociação são iguais aos realizados nos Estados Unidos.

Na Turquia, mais de 20% da população possui criptomoedas direta ou indiretamente.

Isso apesar do fato do Banco Central turco ter proibido os pagamentos oficiais em criptomoedas, enquanto se aguarda uma nova regulamentação restritiva tanto para as exchange quanto para os custodiantes.

Situação semelhante na Argentina, um país onde até os dólares começam a ser uma alternativa escassa.

De 2020 até hoje, os argentinos possuidores de criptomoedas aumentaram 1000%. Atualmente, são mais de dois milhões de contas, uma para cada 20 habitantes.

Onde a inflação está fora de controle, o Bitcoin está provando ser uma salvação para cidadãos e poupadores.

Criptomoeda proteção contra inflação no mundo desenvolvido

Mas sua função de proteção contra a erosão do valor da moeda começa a despertar certo apelo também no mundo desenvolvido.

Especialmente depois que bancos centrais e governos implementaram um pacote sem precedentes de medidas monetárias e fiscais expansionistas para lidar com os efeitos da a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Basta dizer que o novo presidente dos EUA, Joe Biden, montou um pacote de estímulos de US$ 6 trilhões (cerca de R$ 30 trilhões).

Ao mesmo tempo, o balanço do Federal Reserve (Fed) – que imprime massivamente notas dólares, em um ritmo de US$ 120 bilhões por mês – se expandiu para um recorde de US$ 8 trilhões.

Medidas que estão tendo algum efeito na economia real. No primeiro trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em base anual cresceu 6,4%.

Com isso, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, indicou que o momento em que as taxas de juros aumentarão poderia não estar longe.

Até porque a inflação nos EUA, no acumulado dos últimos 12 meses, chegou a 5%.

O maior aumento anual desde agosto de 2008.

Enquanto, por outro lado, a inflação gerada pelo Bitcoin caiu abaixo de 2% e em 2024. E a previsão é que continue abaixo de 1%.

Isso principalmente graças ao sistema da criptomoeda, que prevê um “halving” a cada quatro anos.

Ou seja, uma redução pela metade da “extração digital” da cripto até um máximo de 21 milhões de unidades por volta de 2140.

E esta é uma das razões pelas quais muitos grandes investidores estão diversificando parte da liquidez de dólares para o Bitcoin.

No entanto, o poder do Bitcoin para proteger grandes países da inflação real ainda não foi verificado, uma vez que a inflação permaneceu relativamente baixa desde a crise financeira de 2008.

O futuro próximo nos dirá quando ficarão mais claros os efeitos do estímulo monetário ocorrido no ano passado na esteira da Covid. Assim como a intenção de manter as taxas de juros baixas por parte do Fed e de outros bancos centrais.

Ethereum entre em jogo

No entanto, este jogo também pode incluir a Ethereum, a segunda criptomoeda em valor de mercado do mundo.

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Uma espécie de grande computador global onde são executados contratos inteligentes, software que permitem realizar um grande número de operações sem intermediários (de finanças descentralizadas a arte através de NFT, etc.).

Em julho deveria ser introduzida uma atualização do Ethereum segundo a qual as comissões recebidas pelos mineradores pela validação das transações serão queimadas.

Se as transações na rede Ethereum forem em número elevado o suficiente para gerar comissões superiores a dois Ether – ou seja, superior ao prêmio que os mineradores recebem hoje validando as transações a cada  aproximadamente 13 segundos – tecnicamente o sistema monetário Ethereum, que hoje gera uma inflação acima de 4%, vai virar para a deflação.

Com isso, a Ethereum poderia, em teoria, competir com o Bitcoin.

Todavia, enquanto os investidores se sentem mais confiantes de que o Bitcoin não ultrapassará as 21 milhões de unidades, dado que a rede descentralizada muito dificilmente uma proposta de mudança tão radical no algoritmo idealizado em 2009 por Satoshi Nakamoto, o Ethereum continuará sendo o número dois no mundo das criptomoedas.

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Carlo Cauti

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