Banco Inter (BIDI4) vai à Nova York: tudo o que o acionista precisa saber sobre a mudança

Falta pouco para o Banco Inter (BIDI11) completar o processo migratório da Bolsa de Valores brasileira para a Nasdaq, em Nova York.

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Em entrevista ao Suno Notícias, a diretora financeira do banco, Helena Caldeira, explica o que vai mudar na reorganização societária e o que os acionistas da empresa devem saber sobre essa migração para a bolsa dos Estados Unidos.

Os planos da migração para Wall Street foram retomados após uma tentativa frustrada no final de 2021. Nas duas oportunidades, ano passado e em maio de 2022, os acionistas aprovaram a decisão da mudança. Desta vez, de acordo com a CFO do Banco Inter, mais de 75% dos acionistas minoritários participaram da assembleia e a aprovação foi de 85% entre eles.

“O Inter já vem falando de uma reorganização societária faz tempo”, disse Helena. “O nosso objetivo é fazer a listagem de uma holding na Nasdaq, e essa holding vai ter exatamente os mesmos ativos que o Banco Inter.” Isso significa que a migração conta com a incorporação de todas as ações de emissão do banco digital por sua controlada, a Inter Holding Financeira.

“Vamos ter ações chamadas de ‘Class A’, com o ticker INTR, negociado na Nasdaq. Essas ações que vão dar o lastro para o BDR, que é esse recibo negociado em algum outro mercado, e será negociado na B3, com o ticker INBR31“, explicou. Helena destacou também que a base de acionistas será a mesma. Um dos outros objetivos da operação é a possibilidade de o Inter levantar capital mantendo a estrutura de controle.

Veja o caminho desenhado pelo Banco Inter para a adaptação dos acionistas, após a mudança:

  • A data de conversão será no dia 20 de junho.
  • O último dia de negociação na B3 (B3SA3) de BIDI3, BIDI4BIDI11 será 17 de junho, uma sexta-feira.
  • No dia 20 e 21 de junho, haverá apenas BDRs do Banco Inter disponíveis para negociação.
  • Depois disso, no dia 22 de junho, com os ativos sob custódia, os acionistas já terão passado pelo processo de liquidação (D+2). “Então, vai funcionar como se fosse a liquidação de um ativo negociado em bolsa”, disse a CFO.
  • Com o ativo em mãos, o acionista pode tomar a decisão de querer negociar em BDRs ou mudar a posição acionária para negociar diretamente na Nasdaq, que começará, de fato, a ser listado como INTR em Class A no dia 23 de junho.

Como funcionou com o cash-out para o Banco Inter

O Banco Inter movimentou um volume de R$ 1,13 bilhão com as suas opções de cash-out – quando o acionista prefere receber o valor das suas ações em dinheiro. A informação foi divulgada em Comunicado ao Mercado arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na segunda-feira (23), após o pregão.

Os acionistas do Banco Inter tinham até o dia 20 para informar se prefeririam receber BDRs ou dinheiro no lugar das ações BIDI3, BIDI4 ou BIDI11 que serão deslistadas, já que a fintech migrará a sua base societária para os Estados Unidos.

Quem não decidiu entre as duas opções automaticamente receberá o BDR do Banco Inter, já que o cash-out tinha um volume máximo de limite de 10% do capital circulante. Houve, conforme a diretora, um rateio das ações, já que a demanda foi mais alta do que o valor permitido.

Helena afirmou que o rateio foi proporcional para cada investidor que optou pela saída em dinheiro. Cerca de 21,5% do volume vai ser recebido em dinheiro e o restante vai ser convertido automaticamente em BDR. O período de eleição de cash-out ocorreu entre os dias 13 e 20 de maio. A escolha estava disponível para acionistas que tinham ações do Banco Inter no dia 15 de abril.

“Quando a gente vê o movimento que tivemos ano passado e o que temos agora, a gente teve uma definição de preço pelo valor pago por ação no cash-out, com o preço de negociação do mês de março. Desde então, a gente viu uma reprecificação das ações”, afirmou Caldeiras. “Como o preço pago está acima do preço de tela, a nossa expectativa era que sim, a gente teria um valor maior de solicitações de cash-out, porque para o investidor é uma oportunidade de receber um ‘prêmio’ na ação”.

Isso significa que, hoje, o investidor consegue recomprar os papéis do Banco Inter no mercado por um valor mais baixo.

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O que mudou na nova proposta do Banco Inter?

Na tentativa anterior de migração, o banco digital anunciou que os acionistas que não quisessem receber os recibos de ações (BDRs) relativos aos papéis do Inter listados nos EUA poderiam solicitar o resgate dos valores. O valor do resgate por unit foi fixado em R$ 45,84.

Porém, após a fixação do preço, as ações do Banco Inter caíram muito, o que gerou uma oportunidade para os investidores receberem uma valor maior pelos papéis do que a precificação no mercado. Com isso, os pedidos de resgate superaram o valor máximo que a administração tinha estabelecido para pagamentos.

Naquele momento, tinha sido pré-estabelecido o montante máximo de R$ 2 bilhões para pagamentos aos acionistas. Com isso, a operação foi cancelada.

O valor do resgate que o Inter estabeleceu agora é de R$ 6,45 por ação (BIDI3; BIDI4) ou R$ 19,35 por unit (BIDI11). Só serão elegíveis para o resgate os acionistas titulares de ações no final do pregão do dia 15 de abril, no limite de suas participações.

“Foi forte a aprovação da transação. Uma das coisas que nós tínhamos ficado frustrados com proposta de migração que foi feita em novembro foi justamente que também teve uma participação boa do nosso float, com o voto a favor, e a gente não conseguiu executar, por causa da dinâmica de preço”, ressaltou a CFO do Inter.

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E quais são os motivos para a migração?

O racional para a migração é: o Banco Inter quer estar em um ambiente com mais visibilidade, que tenha mais oportunidade de acessar uma base de investidores mais diversa, principalmente em relação a investidores institucionais.

Ao mesmo tempo, o banco procura manter o relacionamento com a base atual de acionistas, que tanto pode ter as ações class A ou podem continuar com os BDRs, mas, de toda forma, com o objetivo de ampliar os vários tipos de investidores.

“Além disso, quando a gente pensa em crescimento de longo prazo, potenciais aumentos de capitais da companhia, ou transações estratégicas tipo M&A (fusões e aquisições), que podem gerar novas diluições, é algo que entendemos que, na nova estrutura do Inter, também podem dar essa maior opcionalidade de longo prazo, algo que buscávamos e estamos felizes de estarmos no caminho para implementar”, conclui a CFO.

Um dos objetivos do Banco Inter para migrar as ações para a Nasdaq também é o dar força ao posicionamento como uma empresa de tecnologia global, assim como o acesso ao mercado de capitais mais maduro do mundo. Mais: a bolsa americana oferece algumas vantagens – como captações em dólar e um eventual carrego cambial. A estratégia do Inter também visa replicar seu modelo de negócio internacionalmente.

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Mesmo com volatilidade no mercado acionário — seja no Brasil ou nos Estados Unidos –, o Banco Inter acredita que não sofrerá tanto impacto da flutuação. As ações já estão sendo precificadas dentro do cenário macroeconômico mundial. A única dificuldade seria, de acordo com Helena, se o banco procurasse por captação. Como não é o caso, apenas o ambiente está sendo trocado, a situação é mais indiferente, de certo modo.

Cotação

No fechamento do Ibovespa desta quarta-feira (25), as units do Banco Inter encerraram em queda de 6,3%, a R$ 13,24.

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Victória Anhesini

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