Banco do Brasil (BBAS3) vai pagar dividendos? Entenda o que o banco anunciou
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As ações do Banco do Brasil (BBAS3) iniciaram as negociações desta sexta-feira (15) em queda, na primeira sessão após a divulgação dos resultados referentes ao segundo trimestre. Além do lucro abaixo das expectativas, o mercado aguardava o anúncio de novos proventos, que não veio.

O Banco do Brasil anunciou a redução da projeção de payout de 40% para 30%, o que significa menos recursos distribuídos aos acionistas. Segundo a instituição, os pagamentos de juros sobre capital próprio referentes ao primeiro semestre já foram realizados integralmente em 21 de março e 12 de junho, sem novos anúncios previstos para este momento.
Os analistas já esperavam um trimestre fraco para o banco, especialmente após dados preliminares do Banco Central.
BBAS3 anuncia dividendos menores
A decisão de cortar o payout, de acordo com o Banco do Brasil, busca “dar flexibilidade à gestão do capital” em um cenário de maior inadimplência, especialmente no agronegócio.
O BTG Pactual observou que a instituição também revisou o crescimento da carteira de crédito para 3% a 6% no ano, contra 5,5% a 9,5% anteriormente, e projetou provisões de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões. O novo intervalo de lucro líquido ajustado para 2025 é de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões.
Em relatório, o Itaú BBA destacou que “o payout foi cortado para 30%, implicando um dividend yield de 6%, e que as novas projeções indicam crescimento mais lento da carteira de crédito e provisões para perdas praticamente dobrando em relação ao ano anterior.
Com o corte no payout, analistas veem agora um retorno em dividendos do Banco do Brasil de apenas um dígito, possivelmente entre 5% e 8%.
Resultados do Banco do Brasil decepcionam
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no 2T25, queda de 60,2% na comparação anual e de 48,7% em relação ao trimestre anterior. As projeções de analistas indicavam lucro entre R$ 4,64 bilhões e R$ 5 bilhões.
A rentabilidade medida pelo ROE caiu para 8,4%, recuo de 1.316 pontos-base em 12 meses e de 823 pontos-base frente ao 1T25. Nenhuma das projeções de mercado indicava um resultado tão baixo — a mais conservadora previa 10,2%.
A carteira de crédito ampliada somou R$ 1,294 trilhão, crescimento de 11,2% em 12 meses e de 1,3% no trimestre. O avanço veio principalmente de pessoa jurídica (+14,7%, para R$ 468 bilhões), seguida por pessoa física (+8%, para R$ 342,6 bilhões) e agronegócio (+8%, para R$ 404,9 bilhões).
A margem financeira bruta foi de R$ 25,1 bilhões, recuo anual de 1,9%, mas alta de 4,9% na comparação trimestral. A margem com o mercado caiu 51% em 12 meses, para R$ 2,8 bilhões, enquanto a margem com clientes subiu 12% na mesma base, totalizando R$ 22,3 bilhões.
Segundo o BTG Pactual, o principal fator de pressão sobre o resultado foi o aumento das provisões, que ficaram 33% acima das expectativas, com crescimento de 57% no trimestre e de 74% no ano, somando R$ 17,4 bilhões. O maior impacto veio do segmento de empresas, seguido por agronegócio e pessoa física.
O Itaú BBA observou que, apesar do crescimento de 1,3% na carteira no trimestre, o guidance do Banco do Brasil (BBAS3) para o segundo semestre indica desaceleração no crédito para empresas e agronegócio, com tendência semelhante para o segmento de varejo.