Qual a avaliação do Copom sobre a taxa Selic em alta?
Na ata da última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) enfatizou que a atual política monetária restritiva, já tem gerado efeitos no mercado de crédito, bem como em indicadores empresariais, no câmbio e no mercado de trabalho. Segundo o documento, “a moderação de crescimento” já é perceptível, e o impacto dos juros se expandirá ao longo dos próximos trimestres. Atualmente, a taxa Selic está em 14,75%.

Adicionalmente, o Copom alertou sobre o aumento da dívida das famílias, o que pode resultar em uma queda na demanda por novos empréstimos. Essa situação é crucial para a composição de um cenário onde a política monetária se mantenha eficiente sem obstáculos que limitem sua eficácia.
O comitê também comentou sobre a resiliência do mercado de trabalho, que ainda sustenta o consumo e a renda no Brasil. Entretanto, avisou que quaisquer mudanças nesse cenário devem ser acompanhadas de perto.
O Copom reitera que a manutenção das condições necessárias para uma política monetária eficaz é primordial para a convergência da inflação à meta do Banco Central, apontando que a construção da confiança é um fator crucial para determinar o nível adequado de restrição monetária ao longo do tempo.
O relatório Focus, do Banco Central, também reduziu a projeção do IPCA, inflação oficial do Brasil, de 5,53% para 5,51% ao fim de 2025. É a quarta baixa seguida do boletim divulgado pelo Banco Central que reúne as estimativas do mercado.
A meta do BC para a inflação é de 3%, com tolerância máxima de 4,5% ao ano. O aumento de juros tem o objetivo levar o IPCA para a meta estipulada.
O ciclo de alta da Selic deve acabar, mas o governo não pode “atrapalhar”
Na visão de André Muller, estrategista e economista da AZ Quest, a política monetária tem cumprido o seu papel, com os juros em um patamar bastante restritivo.
Até um tempo atrás, havia alguma desconfiança se de fato a política monetária estava gerando efeitos. “Isso ocorreu em um ambiente de crescimento que seguia surpreendendo para cima”, comenta o economista.
Tudo isso indica que possivelmente estamos no final desse ciclo de aperto monetário. O economista reforça que a discussão na próxima reunião se dará sobre a necessidade, já mencionada no comunicado, de uma calibragem adicional ou de uma alta residual dos juros.
O comitê mantém a flexibilidade para decidir se vai encerrar o ciclo na próxima reunião ou não. Na avaliação da AZ Quest, ainda deve haver uma alta de 0,25% na próxima reunião. “A razão principal é que há um cenário de inflação um pouco pior do que aquele apresentado pela própria autoridade monetária neste momento”.
Para que o ciclo de alta encerre, Muller comenta a importância do governo também fazer sua parte, no sentido de que a “política fiscal deve manter uma postura neutra, sem aceleração das despesas”. Tudo isso certamente teria repercussão sobre a própria condução da política monetária.