BlackRock vê nos ativos alternativos líquidos a opção entre volatilidade e retorno

O novo momento de taxas de juros baixas, ou até mesmo negativas, levou o investidor a buscar mais opções para manter um retorno positivo das carteiras. A BlackRock, gestora de US$ 8,6 trilhões, percebeu essa necessidade e passou a ver nos ativos alternativos líquidos um caminho para gerar retornos aos cotistas, mas por meio de uma volatilidade controlada e sem correlação com investimentos mais tradicionais, como Bolsa e CDI.

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Esses investimentos alternativos líquidos, que agradam a BlackRock, visam oferecer os benefícios potenciais e as características dos hedge funds, que possuem mais liberdade para investir e alocar recursos como quiser, mas com a liquidez de um fundo mútuo, ou seja, de um fundo de ações, por exemplo.

De acordo com Cristiano Castro, diretor da BlackRock, em entrevista exclusiva ao SUNO Notícias, a indústria de hedge funds vem em uma crescente desde o início do ciclo de juros baixos no mundo.

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“Desde 2015, a indústria começou a abrir um leque de oportunidades e esses fundos são estruturados para atender ao investidor de varejo, que dá fluxo e expansão da base para eles”, disse Castro.

No Brasil, apesar da semelhança com os já tradicionais multimercados, a estratégia chamada de Global Event Driven conta com componentes diferentes, como apostar no mercado de segmentos corporativos.

Segundo a gestora, esses eventos corporativos, como as fusões, têm resultados de investimento mais definidos. Por exemplo, a aquisição “empresa A compra a empresa B” é regida por um contrato que a desvincula de mercados de equity e crédito mais amplos, gerando retorno ao investidor.

Além das fusões e aquisições, qualquer mudança de direção em uma companhia que ainda não esteja totalmente capturada pelo mercado também vira estratégia.

“Uma empresa mandou embora o CEO e contratou um novo para fazer o turnaround dessa companhia. Isso vai levar dois anos. E quando o gestor desse fundo vê que uma empresa está fazendo uma mudança drástica, eles compram e escolhem de 3 a 5 ações de empresas concorrentes e fazem um short”, afirma o diretor.

Dessa forma, ao apostar na ação que passará por um turnaround, sem deixar de lado as concorrentes, o gestor conseguirá capturar os ganhos do papel principal, mas também limitar os riscos ao fazer o short das concorrentes. Assim, apesar de o investimento ser alternativo, há também um controle da volatilidade e uma liquidez rápida possível.

“Então [nesta estratégia] são fusões e aquisições, alianças estratégicas, spin-off, e sinergias entre duas empresas. Olhamos também o que chamamos ativismo colaborativo, que é uma série de gestores chegando em uma empresa para propor algo”, disse.

Segundo a BlackRock, essas estratégias vêm ganhando apelo entre os investidores. O fundo da gestora tem quase R$ 500 milhões em patrimônio líquido, dos quais mais de R$ 300 milhões foram alocados desde o começo deste ano.

“É um fundo super descorrelacionado de Ibovespa e CDI, primeiro porque ele foca muito apenas em estratégias de eventos de mercados desenvolvidos, reduzindo a influência de mercados emergentes. Segundo porque é um fundo absoluto, com risco baixo, mas que tira a direção de mercado”, disse.

Para a gestora, a estratégia busca manter o investidor fora de qualquer risco relacionado a eventos, moeda ou risco regional. Além disso, o fundo da gestora no Brasil, chamado BlackRock Global Event Driven, é aberto apenas para investidores qualificados, ou seja, com mais de R$ 1 milhão investidos.

“Colocamos investimento mínimo de R$ 10 mil. Está nas grandes plataformas que utilizam varejo de alta renda e private bank também. Além disso, vários dos gestores usam esse fundo como estratégia de diversificação e descorrelação de risco”, afirmou Castro, da BlackRock.

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Vinicius Pereira

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