Argentina: Governo projeta inflação de 30% em dezembro e fala em ‘processo longo’

O porta-voz da presidência da Argentina, Manuel Adorni, afirmou nesta quarta (3) que o governo local projeta uma taxa de inflação de aproximadamente 30% em dezembro, embora os dados oficiais ainda não estejam disponíveis.

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Em coletiva de imprensa, Ardoni disse que a atual administração sabe como acabar com a inflação na Argentina, e que será um “processo longo”.

O porta-voz indicou que havia distorções nos preços em quase toda a economia do país, destacando os combustíveis, além das questões cambiais.

“Vai levar um tempo para sairmos desta situação inflacionária devido ao desastre que deixaram na política, que no governo anterior foi uma bomba inflacionária, que estamos tentando resolver”.

A inflação de dezembro será informada oficialmente no dia 11 de janeiro.

Em carta, Milei anuncia que Argentina não participará do Brics

O Governo da Argentina informou na sexta (29), que enviou carta aos países integrantes do Brics para manifestar que “não considera oportuno” participar do grupo de nações emergentes.

O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O documento foi assinado pelo presidente Javier Milei, que assumiu a Casa Rosada em 10 de dezembro. 

A adesão da Argentina ao Brics tinha sido acordada durante encontro de cúpula do bloco em agosto, em Johanesburgo, África do Sul. À época, o país vizinho era presidido por Alberto Fernández. Caso não houvesse a desistência de Milei, a Argentina passaria a fazer parte do Brics a partir de 1º de janeiro de 2024. 

Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a carta de Milei foi enviada para os presidentes Cyril Ramaphosa, da África do Sul; Xi Jinping, da China; Vladimir Putin, da Rússia; e para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. 

Milei é um ‘completo outsider’ e não pode ser comparado a Bolsonaro, diz Macri

Segundo o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, o recém-empossado presidente do país, Javier Milei, não é comparável ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL).

Durante o Fórum Político, evento da XP Investimentos, Mauricio Macri declarou que Milei é ‘um completo outsider’, e não alguém que tinha raízes na política.

“Esse governo é dos libertários, como eles se chamam, e é um verdadeiro caso de outsider, não é um caso de ‘semi outsider’. Não é comparável a Bolsonaro, que veio de dentro do sistema, que era parlamentar. Donald Trump, como outro exemplo, era do partido Republicano. Milei, que trabalhou muito no segundo turno, é um outsider. Ele usou isso [mostra o celular] e ganhou a eleição. É impressionante”, declarou Macri durante evento da XP.

O ex-presidente da Argentina destacou que a prioridade máxima de Milei, no momento atual, deve ser uma reforma fiscal que limite os gastos exacerbados.

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Fazendo uma analogia, defendeu que o máximo de austeridade possível fosse adotado de imediato, dado o passado recente do país latino.

“Na Argentina, temos um problema com gastos públicos como um alcóolatra tem com bebida. [um alcóolatra] sabe que não pode beber um gole de cerveja. Na Argentina em 95% dos anos tivemos déficit fiscal. Precisamos acabar com o déficit fiscal e acabar com a crise do Banco Central imediatamente”< declarou.

Outro ponto relevante a ser buscado por Javier Milei já nos primeiros 100 dias de governo, segundo Macri, deve ser resolver as pontas soltas do país no comércio exterior, já que atualmente a Argentina tem uma cifra de US$ 30 milhões em mercadorias que ainda precisa pagar.

Durante o painel, Macri destacou que Milei tem um ambiente inicial de governabilidade muito pior do que o seu quando assumiu a cadeira de presidente da Argentina.

“Estamos frente a um novo presidente que tem uma margem política menor do que eu, com 20% da Câmara e um total de zero governadores. Mas vou deixar uma mensagem de otimismo porque ele não só tem qualidade e uma clareza para resolver os problemas”, disse.

Apesar desse cenário, o ex-presidente disse que a reforma tem chances concretas de ser aprovada em breve, em função da urgência do tema e pelo fato de o eleitorado ter se unido para tirar o peronismo do poder.

“Nessas eleições fizemos como os franceses. Deixamos de votar em necessariamente quem gostamos e votamos para retirar quem não gostamos”, disse.

Também em suas falas, Macri reiteradamente criticou o peronismo e as políticas econômicas passadas, afirmando que a Argentina foi o “paraíso do populismo” e a que há uma “inflação escandalosa deixada por Massa [ministro da Economia do governo anterior]”.

Segundo o ex-presidente, a eleição de Milei se deu pois “a Argentina não aguentaria mais um dia sequer sendo governada com políticas de Estado mafiosas”.

Com Estadão Conteúdo

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Eduardo Vargas

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