Arbitragem em ofertas: saiba mais sobre essa operação para não perder oportunidades

Existem muitas dúvidas sobre arbitragem em ofertas. Muita gente quer saber como se obtém lucros com essa operação, como ela funciona e quais são as melhores estratégias e os seus riscos. Outra operação que o investidor precisa conhecer é uma semelhante à arbitragem – a flipagem. Entender como elas funcionam pode fazer com que não se percam oportunidades importantes no mercado financeiro.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240-Banner-Home-4.png

É essencial que o investidor não mergulhe de cara nessas operações de arbitragem em ofertas. É preciso primeiro pesquisar, se informar e até mesmo simular cada operação, como um treino – caso contrário, a expectativa pode se tornar uma grande frustração.

Para evitar ser pego de surpresa ou para que não se perca uma boa oportunidade numa arbitragem, explicaremos aqui os conceitos, estratégias e riscos dessas duas operações. Apesar de semelhantes, cada uma tem suas particularidades.

Arbitragem

A arbitragem é uma operação na qual o investidor visa obter lucro vendendo um ativo e depois recomprando por um preço menor, ou vice-versa, realizando o lucro sobre a diferença de preços em diferentes mercados.

A arbitragem não precisa, necessariamente, que o investidor disponha do dinheiro para fazer a compra do ativo novo – ele pode fazer após a venda do antigo.

Grosso modo, é como comprar um quilo de frutas, fiado, por R$ 2 no Ceasa e vender na feira por R$ 10, ganhando a diferença de R$ 8, por exemplo.

No mercado financeiro, no entanto, as coisas não são tão óbvias e, claro, as operações são feitas com ativos do mercado, como ações, moedas estrangeiras, derivativos, opções, títulos ou cotas de um fundo, por exemplo.

Arbitragem: mostrando na prática

Quando um investidor com cotas de um fundo imobiliário (FII) detém a preferência na compra de novas cotas a serem emitidas pelo mesmo fundo, ele pode vender suas cotas existentes ao preço de mercado e adquirir as novas cotas com o valor promocional prometido, lucrando com essa diferença e mantendo a mesma quantidade de cotas.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/04/1420x240_TEXTO_CTA_A_V10.jpg

Tipos de arbitragem

Agora que já entendeu o conceito, vamos falar sobre os tipos de arbitragem. Existe a cambial, que é a operação de troca entre moedas em duas praças financeiras diferentes, com objetivo de lucrar na diferença de preços.

A arbitragem de bolsa a bolsa, que tem como objetivo a compra e venda dos mesmos ativos negociados em bolsas diferentes. E a operação à vista contra a prazo, que consiste em realizar um lucro decorrente da diferença entre o preço à vista de um ativo e o preço deste mesmo ativo a prazo.

Como você pode ver, não importa o tipo, o objetivo é sempre vender a um preço maior do que comprou e colocar a diferença na conta.

Flipagem

A flipagem tem poucas diferenças da arbitragem e ocorre em condições muito parecidas.

A maior diferença é que na flipagem, utilizando o mesmo exemplo das cotas de um fundo, o investidor já tem o dinheiro para fazer a compra da nova emissão, por isso ele não precisa se desfazer das cotas que já possui apenas para gerar o caixa que possibilitará a compra das novas cotas.

Dessa forma, a ideia é exercer o direito de preferência comprando as cotas recém lançadas e imediatamente vendê-las no mercado secundário, lucrando a diferença de preço.

“Um exemplo na prática é quando o investidor entra em uma emissão, via follow-on ou IPO, e vende o ativo logo em seguida, em um curto espaço de tempo, simplesmente para ter um ganho daquele spread momentâneo”, explicou Jacinto Santos Neto, portfólio management da Suno.

Na prática

Se em uma abertura de capital (IPO) de uma empresa, ou mesmo de um fundo, a ação é lançada a R$ 100, o investidor pode comprá-la e, logo que a ação subir a R$ 105, R$ 110, vender aquele lote de ações, embolsando a diferença.

Viu como a diferença é pequena?

Uma das flipagens mais famosas do mercado, segundo o professor Marcos Baroni, head de Fundos Imobiliários da Suno, foi no IPO do Fundo de Investimento Imobiliário BBPO11 – Banco do Brasil Progressivo II, um fundo imobiliário focado em alugar imóveis para abrigar agências do próprio Banco do Brasil.

Segundo Baroni, em dezembro de 2012, os ativos do BBPO11 chegaram a se valorizar 22% logo após a oferta inicial. “Foi emblemático”, disse Baroni. Com uma procura muito grande, a oferta que era de R$ 1,6 bilhão teve demanda de R$ 20 bilhões, com 48 mil investidores interessados.

A cota foi lançada a R$ 100 e, em poucos minutos, quem tinha conseguido comprá-la na oferta inicial viu a procura crescer tanto que estavam pagando até R$ 122 pela mesma cota. Foi uma grande oportunidade de flipar que muitos investidores aproveitaram.

Riscos da flipagem

Agora que você já sabe o que é flipagem, é preciso lembrar que, assim como a arbitragem, não existe 100% de garantia de lucros no mercado financeiro. São negociações elaboradas que necessitam de experiência e conhecimento prévio. No entanto, é possível fazer bons negócios.

“São estratégias usadas por investidores mais experientes, que já têm o hábito do mercado, enquanto o iniciante pode ficar muito exposto, e no fim do dia acabar ganhando muito pouco”, afirma o professor Baroni.

Outro ponto levantado por Baroni é que, na prática, as operações de flipagem não são tão simples, pois muitas vezes a diferença entre o preço de mercado e da emissão (spread) é muito pequena, fazendo sentido só para quem opera com grandes quantidades.

“Na prática as coisas não são tão claras nem possuem a mesma segurança: no caso de um fundo, o cotista pode vender suas cotas a preço de mercado, e o fundo cancelar a oferta das novas cotas. Para recomprá-las, ele terá de fazer a preço de mercado, que pode estar acima do valor que ele vendeu”, completa Baroni.

Há ainda o risco de o investidor não calcular o imposto de renda que se paga na venda dos ativos e a diferença líquida final ficar no zero a zero, ou até mesmo no prejuízo.

Vale a pena?

Como disse Jacinto Santos Neto, existem muitos riscos. São estratégias muito arriscadas, mas os investidores que se utilizam delas sabem desses riscos e “se por acaso derem errado, paciência, é do jogo, investidores experientes já estão acostumados”.

Além disso, com o tanto de tecnologia e robôs atuando nos mercados, a velocidade das transações muitas vezes é imperceptível, com preços corrigidos de forma muito rápida e robôs fazendo esse tipo de operação, havendo menores chances de se achar grandes oportunidades todos os dias.

Por fim, mesmo sabendo que são operações de alto risco e que são recomendáveis somente a quem é mais experiente, boas oportunidades podem aparece. Estando ciente de como elas funcionam, o investidor pode tomar uma decisão mais racional e fazer um bom negócio com a flipagem ou a arbitragem.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2023/04/1420x240-Planilha-vida-financeira-true.png

Redação Suno Notícias

Compartilhe sua opinião