Americanas (AMER3) possui o maior passivo a descoberto entre empresas de capital aberto, diz jornal

O passivo a descoberto da Americanas (AMER3), divulgado nesta quinta-feira (17), é o segundo maior do país, segundo o jornal Valor Econômico. Considerando apenas as companhias de capital aberto, a varejista, que está em recuperação judicial, assume a liderança com um patrimônio líquido anual negativo de R$ 26,67 bilhões.

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Segundo as demonstrações contábeis da Americanas, divulgadas ontem, o patrimônio teve um impacto negativo de R$ 20,2 bilhões, resultado classificado pela empresa como fraude contábil, diz a publicação. Além disso, a conta de passivos da varejista traz R$ 6,9 bilhões de baixas de ativos e R$ 2,5 bilhões referentes a baixa de impostos.

Essa conta é parcialmente compensada pelo efeito positivo de R$ 5,7 bilhões decorrentes da incorporação da B2W, lembra o Valor.

Passivo a descoberto, ou patrimônio negativo, é um termo utilizado para quando os passivos de uma companhia são maiores do que os ativos. O patrimônio líquido, por sua vez, é uma das principais contas das demonstrações contábeis, que mostra o valor que cabe aos acionistas da companhia.

Veja a lista de empresas com os maiores passivos a descoberto do país:

  • Samarco Mineração: R$ 71,95 bilhões
  • Americanas (AMER3): R$ 26,67 bilhões
  • Oi (OIBR3): R$ 21,85 bilhões
  • Gol (GOLL4): R$ 21,36 bilhões
  • Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários (Cobrasma): R$ 20,4 bilhões

Americanas (AMER3) anuncia prejuízo líquido de R$ 12,9 bilhões em 2022 e lucro milionário de 2021 vira perda bilionária

Após quatro adiamentos, a Americanas, em recuperação judicial, apresentou na quinta-feira (16) os resultados de 2022 e republicou os de 2021. O último balanço divulgado pela varejista foi o do terceiro trimestre de 2022, em novembro do ano passado.

Em 2022, a varejista teve um prejuízo líquido de R$ 12,9 bilhões e corrigiu a última linha de seu balanço em 2021: a Americanas reportou um prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões, ante lucro líquido R$ 544 milhões divulgado anteriormente.

Assim, a perda líquida da Americanas aumentou 107% entre 2021 e 2022.

Já o lucro bruto da Americanas em 2022 foi de aproximadamente R$ 5,0 bilhões e a margem bruta atingiu a marca de 19,5% da receita líquida, “impactada pelo real custo de mercadorias vendidas, que já não contava com a fraude de lançamentos de contratos fictícios de verba de propaganda cooperada (VPC) que reduziam o custo”, explicou. “Outro impacto relevante foi a provisão de obsolescência de estoques no valor de R$ 744 milhões, que teve contrapartida na linha de custos de mercadoria vendida”.

receita líquida consolidada da Americanas atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões em 2022, com o varejo digital e o físico como unidades de negócio de maior representatividade (aproximadamente 87%). O valor é 14,6% superior aos R$ 22,521 bilhões reportados um ano antes.

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente da Americanas ficou negativo em R$ 2,927 bilhões em 2022. O capital de giro da Americanas ficou em R$ 2,5 bilhões, com uma piora de R$ 1,2 bilhão na comparação anual, “com a redução dos recebíveis não sendo suficiente para compensar a redução do financiamento dos estoques”, disse.

Ao fim do ano passado, a dívida líquida da Americanas era de R$ 26,3 bilhões. No final de 2021, a dívida líquida real da companhia era de R$ 13,9 bilhões, ante caixa líquido de R$ 1,73 bilhão divulgado originalmente.

O resultado financeiro da Americanas foi negativo em R$ 5,23 bilhões no ano passado, “já considerando as despesas de juros dos contratos de risco sacado e contratos de capital de giro devidamente contabilizados”. A Americanas informou, também, que tinha um endividamento de curto prazo de R$ 37 bilhões ao final de 2022.

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Números da Americanas em 2021

A Americanas encerrou o ano de 2021 com um prejuízo líquido de R$ 6,237 bilhões, ante lucro líquido de R$ 544 milhões anunciado anteriormente. Já o Ebitda recorrente da Americanas ficou em R$ 1,780 bilhão, representando uma correção negativa de R$ 4,077 bilhões em relação ao Ebitda de R$ 2,3 bilhões anunciado anteriormente.

receita líquida da Americanas em 2021 ficou em R$ 22,521 bilhões, uma revisão negativa de R$ 175 milhões comparado aos R$ 22,696 bilhões reportados anteriormente.

O resultado de caixa líquido da Americanas de R$ 1,738 bilhão no balanço de 2021 anterior foi revisado em R$ 15,583 bilhões, passando a uma dívida líquida de R$ 13,945 bilhões, conforme os ajustes apresentados.

De acordo com a Americanas, “o perfil de endividamento teve uma mudança relevante em consequência dos ajustes da fraude. Os contratos de risco sacado e de empréstimo de capital de giro, indevidamente contabilizados na conta de fornecedores, foram reclassificados para endividamento, o que resultou em um aumento de R$ 15,6 bilhões na dívida bruta da companhia”.

A companhia explicou ainda que houve a necessidade de reclassificação de todas as dívidas de longo prazo para curto prazo, em decorrência dos efeitos dos demais ajustes, passando, mesmo as mais longas, a serem exigíveis em curto prazo.

No comunicado, a Americanas afirmou que foi vítima de “fraude sofisticada”, baseada na “manipulação dolosa” de seus controles internos por parte de sua antiga gestão, o que tornou o refazimento das demonstrações financeiras extremamente desafiador, complexo e extenso, requerendo trabalho minucioso e rigoroso.

A empresa informou que não vai revisar os resultados anuais antes de 2021 e de antes do primeiro trimestre de 2022.

Projeções da Americanas para 2025

A Americanas também divulgou projeções para 2025, considerando uma eventual aprovação do plano de recuperação judicial, atualmente negociado com os principais credores da empresa.

Segundo a varejista, a expectativa para 2025 é de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões, com um alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda de menos de 0,75 vez.

Além disso, espera atingir uma dívida bruta financeira entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, e que o patrimônio da Americanas volte a ficar positivo.

“A projeção aqui divulgada é baseada nas expectativas da companhia sobre o futuro dos negócios. Essas expectativas dependem, substancialmente, de fatores alheios à vontade da companhia, tais como condições de mercado, desempenho da economia brasileira, do setor e dos mercados internacionais”, disse a Americanas.

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Giovanni Porfírio Jacomino

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