Americanas (AMER3) despenca 10,6%; entenda o que aconteceu com a ação

A ação da Americanas (AMER3) caiu 10,63%, cotada a R$ 15,22, nesta sexta-feira (10). O índice Bovespa, por sua vez, despencou 1,51%, aos 105,5 mil pontos.

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O que fez o papel da Americanas tombar de forma contundente e liderar as baixas do Ibovespa? De acordo com Alexandre Achui, head da Mesa Private de ações e sócio da BR Advisors (BRA), a queda intensa vem de uma “combinação cruel de inflação alta, taxa básica de juros projetando 13,75% até o final do ano e aumento na inadimplência”. Todos esses fatores fazem que o setor varejista sofra com projeções de receita menores.

“As ações já caíram 49% em 2022. Só teremos alguma reversão, em termos de recomendações de compra nesse setor, quando a curva de juros melhorar com uma pista melhor de como vai ficar a politica fiscal no próximo governo. O básico já está caro (comida, saúde, transporte). O restante só repõe em caso de emergência”, disse.

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Mesmo sem notícias de impacto por parte da Americanas, Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA, destaca que, ao observar o fluxo do dia, alguns grandes players estão na ponta vendedora, o que pode ajudar para intensificar o movimento baixista.

Em um contexto macroeconômico, a alta acima do esperado da inflação nos Estados Unidos prejudica todo o setor de varejo.

“Isso afeta bastante os juros futuros, com o índice abrindo um pouco mais aqui no Brasil. Isso é um fator que bate bastante nos varejistas, sobretudo Americanas, Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), que tem bastante exposição ao segmento de linha branca, de eletroeletrônicos e eletrodomésticos”, diz Lívia Rodrigues, analista de Research da Ativa Investimentos.

Os dados de inflação nos EUA projetam um quadro de alta de juros. Carlos Vaz, CEO e fundador da Conti Capital, comenta: “Embora a leitura da inflação de maio nos EUA seja certamente mais ampla do que muitos esperavam, após certo otimismo impulsionado pela leitura mais baixa de abril, acredito que a inflação americana está, provavelmente, perto de seu pico e será moderada nos próximos meses. Essa avaliação baseia-se nos fatores subjacentes dos aumentos de preços e dos nossos próprios modelos macroeconômicos.”

Ele acrescenta: “A inflação ainda é muito alta e há probabilidade de que o Federal Reserve eleve as taxas de juros em um ritmo rápido, incluindo dois prováveis aumentos de 50 pontos-base. Se há algum sinal positivo nisso, é que os preços principais – que excluem as categorias mais voláteis de alimentos e energia – não aceleraram, mas subiram no mesmo nível observado em abril, 0,6%. Com isso, imagino que teremos um total acumulado de 250 pontos-base de aumentos de taxas até o final de 2022, o que é um ritmo relativamente rápido, vale pontuar. No entanto, podem haver razões para acreditar que o aumento das taxas pode ser menor ou maior, dependendo das outras leituras da inflação que ocorrerão durante o ano.”

Os juros futuros fecharam a sessão regular nesta sexta de lado, após passarem a maior parte do dia em alta moderada, determinada pelo exterior, corrigindo parte do movimento de ontem e alinhadas à reação dos ativos ao salto da inflação ao consumidor nos Estados Unidos em maio maior do que o esperado e que pode levar a uma ação mais agressiva do Federal Reserve já na reunião da semana que vem. No fim da sessão regular, porém, ajustes técnicos junto com uma melhora no câmbio levaram à zeragem da alta. Já para o Copom, o mercado está bem ajustado para uma alta de 0,5 ponto porcentual da Selic na próxima quarta-feira. No balanço da semana, a curva teve forte aumento de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,37%, de 13,385% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 fechou em 12,99%, estável. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,495%, mesmo nível de ontem, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 12,47% para 12,49%. Na semana marcada pela piora do risco fiscal, cautela no exterior e IPCA aquém da mediana das estimativas, as taxas curtas ficaram estáveis e as longas avançaram cerca de 20 pontos-base em relação ao fechamento da última sexta-feira.

O índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) saltou de 0,3% em abril para 1% em maio, ante consenso de 0,7%. “Número altíssimo. Padrão brasileiro”, destacou Alexandre Póvoa, da Meta Asset. Em termos anuais, chegou a 8,6%, pico desde 1981. “Os mercados sofrerão enquanto esse processo de ajuste (do Fed) não ficar definido. Ruim para as bolsas e para as curvas de juros e dólar fortalecido no mundo”, acrescentou.

Para a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, mais do que ficar acima do consenso, o que mais impressionou no CPI foi o ritmo de alta de um mês para outro, dando a dimensão do desafio do Federal Reserve. “Os ativos traduzem a dúvida do mercado sobre se o Fed conseguirá controlar a inflação e as expectativas. E, se conseguir, seja pelas ações e seja pelo discurso, será muito positivo para o Brasil”, afirma. “A inflação alta nos EUA é ruim para o mundo todo”, disse.

Caso as ações e a comunicação, não somente do Fed como dos outros BCs, sejam efetivas para reduzir a inflação global, o Copom não precisaria esticar tanto o aperto da Selic. Na pesquisa do Projeções Broadcast com 50 instituições, 46 preveem elevação de 0,5 ponto na quarta-feira, o que levaria a taxa básica para 13,25%, que também é a mediana para o fim de 2022.

A piora do risco fiscal, porém, deve levar o Copom a deixar ao menos a porta aberta para mais altas à frente, como precificado na curva do DI, mesmo com a surpresa positiva com o IPCA de ontem. “O pacote para combustíveis é mais inflacionário do que desinflacionário, porque devolve a inflação para 2023, e ainda pressiona o câmbio”, disse Veronese.

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Ativa troca Americanas (AMER3) por Magazine Luiza (MGLU3); veja as recomendações

A Ativa Investimentos divulgou sua carteira semana composta por cinco ações. O objetivo é buscar papéis com tendência de alta no curto e médio prazo, Na análise, os especialistas optaram por trocar Americanas (AMER3) pelo Magazine Luiza (MGLU3).

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A mudança pelo Magazine Luiza não foi a única da Ativa. A empresa também retirou os papéis da Vale (VALE3) e incluíram os da Embraer (EMBR3).

A performance da carteira da Ativa ficou abaixo do Ibovespa, com rentabilidade de -4,56%, ante 0,75%. Por isso decidiu fazer outros ajustes.

Além da Americanas e Vale, a empresa retirou do seu portfólio a MRV (MRVE3) e acrescentou a BrasilAgro (AGRO3). Ficaram mantidas na carteira a Sabesp (SBSP3) e a Weg (WEGE3).

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Com informações do Estadão Conteúdo

Victória Anhesini

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