Água no chope: volume fraco de produção de bebidas da Ambev (ABEV3) deve pesar sobre ações da empresa, diz XP

Os analistas financeiros estão preocupados com as ações da Ambev (ABEV3). É que após um período de desempenho sólido, a ponto de superar expectativas e gerar otimismo entre os investidores antes da divulgação dos resultados do primeiro trimestre deste ano (1T24), a produção de bebidas começou a mostrar sinais de grande queda, ocasionando dados fracos em março e abril, segundo relatório da XP Investimentos.

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Os analistas observam que dados de abril da Ambev indicam uma queda, seguindo uma tendência já observada em março, confirmando a perda de momentum na produção de bebidas, mesmo com um clima mais quente do que o usual nos últimos meses.

“Estimamos que esses dados fracos do setor pesarão sobre as ações da Ambev, uma vez que o forte desempenho operacional no Brasil foi, de certa forma, a única razão pela qual o mercado manteve algum otimismo com a tese”, diz o relatório.

Especialistas dizem que tanto a produção da Ambev tanto de de bebidas alcoólicas como a de não alcoólicas ficaram abaixo das estimativas em abril, com uma diferença de 3,7% e 2,5%, respectivamente.

Com a atualização do modelo de regressão com os dados de abril, os analistas da XP dizem que identificam riscos significativos para as estimativas de volume de Cerveja Brasil, indicando uma possível queda da Ambev de 3,6% para o segundo trimestre e de 9,5% para o terceiro e quarto trimestres.

‘Farra’ de crescimento na participação de mercado acabou, diz BTG

A “farra” de aumento de participação de mercado da Ambev parece ter terminado. A declaração vem do BTG Pactual, em análise do cenário atual para empresas de Comestíveis e bebidas, no dia 29 de maio. Os analistas do BTG, Thiago Duarte e Guilherme Guttilla, recordam que após a pandemia a Ambev teve um crescimento de market share descrito como “surpreendente”.

“Foi um milagre de participação de mercado da ABEV3 no pós-pandemia no mercado de cerveja do Brasil”, exaltava o banco com a evolução da marca entre 2020 e 2022.

Durante esse período, a fabricante de bebidas brasileira conseguiu recuperar quase totalmente a participação de mercado que parecia ter perdido nos anos anteriores. “Fez isso de tal forma que colocou alguns de seus concorrentes em uma posição mais frágil, como foi o caso do Grupo Petrópolis”, relembra o relatório do BTG.

As cervejas da Ambev estavam se aproximando de um momento fundamental nesta época.

“À medida que a participação de mercado se recuperava e a Ambev continuamente reorganizava seu portfólio de marcas, era hora de mostrar se algum de seu lendário poder de precificação faria um retorno”, recapitulam os analistas.

Nessa linha, a expansão das marcas da Ambev e das propostas de portfólio, incluindo alguns ajustes e lançamentos de marcas bem-sucedidas nos últimos anos, garantiram um crescimento da marca no setor.

No entanto, em uma indústria que está mostrando sinais crescentes de maturação, o poder de precificação se torna um fator ainda mais crucial para a expansão dos lucros.

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Ambev: lucro e receita caem no 1T24

No dia 8 de maio, a Ambev divulgou um lucro líquido ajustado de R$ 3,817 bilhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24). Esse valor representa uma diminuição de 0,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

A redução no lucro ajustado da Ambev, conforme declarado pela empresa, foi resultado da menor dedutibilidade fiscal do JCP das subvenções governamentais relativas aos impostos sobre vendas no Brasil e ao impacto da desvalorização cambial da Argentina.

O lucro líquido da Ambev atingiu R$ 3,804 bilhões, uma queda de 0,4% em comparação com os R$ 3,819 bilhões registrados no mesmo período de 2023.

A receita líquida da Ambev no trimestre foi de R$ 20,276 bilhões, uma redução de 1,2% em relação aos R$ 20,531 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 6,534 bilhões, um aumento de 1,4% em comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Ambev, o volume consolidado do 1T24 ficou praticamente estável (+0,1), com desempenhos positivos no Brasil (+6,5% em NAB e +3,6% em cerveja) e na América Central e Caribe (CAC) (+5,6%), compensando as quedas na América Latina Sul (LAS) (-12,7%) e Canadá (-7,7%), onde os volumes continuaram a ser afetados principalmente por indústrias em declínio.

No período de outubro a dezembro, o resultado financeiro da Ambev ficou negativo em R$ 405,9 milhões, uma melhora de R$ 591,9 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior.

O fluxo de caixa das atividades operacionais da Ambev cresceu quase R$ 1,3 bilhão em comparação com os R$ 576,3 milhões do 1T23, principalmente devido ao melhor desempenho do capital de giro impulsionado pelas contas a pagar.

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Murilo Melo

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