Afinz, ex-Sorocred, mira relacionamento fora da Faria Lima para ser fintech de crédito

A Afinz, antiga Sorocred, deu um grande passo em busca do seu crescimento no mês passado. Com a autorização do Banco Central (BC), a companhia poderá se tornar um banco múltiplo, ampliar seu horizonte e mercado-alvo. Com uma plataforma de serviços financeiros, a empresa não quer perder seu core business, que é conceder crédito.

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Seu objetivo é se tornar uma fintech de relevância no cenário nacional, mesmo estando longe do centro financeiro, que fica na capital paulista.

Sediada em Sorocaba (SP), a Sorocred completaria 31 anos em abril de 2021. Quase sete meses atrás, a empresa foi remodelada para se tornar mais atrativa ao mercado, podendo sanar as necessidades dos clientes, sejam eles paulistanos ou do interior, de “A” a “Z”. Com isso, nasceu a Afinz.

Claudio Yamaguti, ex-Unibanco e Credicard, experiente do mercado financeiro e ex-conselheiro da Sorocred, topou o desafio de transformar a empresa voltada para a liberação de crédito para as classes C e D, atuante em um mercado de 45 milhões de pessoas, em uma fintech de crédito. O trunfo da instituição continuará sendo o relacionamento com os clientes. A sede permanece no interior do estado, próxima de suas origens.

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“Nós pensamos em algo que poderia revolucionar o mercado, mantendo o modelo simples e objetivo da Sorocred, que possa atender todas os sonhos e necessidades nos clientes finais. O nome da empresa vem de necessidade, de fintech, de Afinz“, disse o CEO da empresa ao SUNO Notícias.

Com um quadro de 500 colaboradores — sendo que mais de 400 estão na linha de frente atendendo e prospectando clientes — o agora banco quer multiplicar a base de clientes por dez nos próximos cinco anos, surfando a onda do seu negócio de cartões, além da plataforma de serviços que vende seguros e até saúde.

“A aprovação para banco múltiplo era muito importante para nós. Agora, poderemos aos poucos crescer a oferta de produtos. A parte do banco será apenas a letra “B” da Afinz”, afirma Yamaguti.

Mudança forçada pela necessidade de modernização

Nos primórdios da Sorocred, o modelo de negócios era atingir os desbancarizados de classe média baixa e pequenos comerciantes no interior de São Paulo.

Com um cartão de crédito com baixas taxas e liberação de crédito às vezes para clientes que sequer tinham como comprovar renda, a forma de ganhar dinheiro, ainda no fim dos anos 1990, era por meio de uma comissão na emissão da fatura. Anos depois, contudo, isso mudou.

Em 2010, a empresa virou uma financeira, processo que foi acompanhado pela modernização do sistema financeiro no Brasil, com a desconcentração dos grandes players do País. Essa tendência, que foi intensificada pelas mudanças regulatórias do BC nos últimos seis anos, acabou impactando fortemente a Sorocred.

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“Antes, a empresa era totalmente verticalizada. Era a própria emissora de cartões, adquirente, financeira. Tinha a própria bandeira de cartão”, lembra o CEO. “A Sorocred viu a dificuldade de manter tudo dentro de casa e precisou mudar.”

O redesenho custou à empresa. No ano passado, o grupo teve um lucro líquido de R$ 12,3 milhões, uma baixa de 33,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o volume transacionado em seus cartões subiu mais de 30% em 2020, ficando na casa de R$ 1,6 bilhão, dando um alento para os próximos trimestres.

Atualmente com uma rede de 150 varejistas, mais de seis milhões de cartões em circulação e cerca de 450 mil estabelecimentos ativos na adquirência, a empresa já tem o mapa de crescimento e rentabilização dos investimentos realizados.

Crescimento pautado em cinco pilares

A Afinz conseguiu definir em cinco pilares o caminho para crescer de forma sustentável. Segundo Yamaguti, são eles:

  • Investimento em gente;
  • Foco e distribuição do crédito;
  • Relacionamento forte com clientela;
  • Inteligência de negócios;
  • Otimização das operações.

Ao contrário do foco das últimas décadas, a liderança da Afinz não quer ser dona do “bolo” inteiro. As operações daqui para frente serão mais horizontais, com poucos e próximos executivos. “Assim se constrói um legado”, disse o CEO. “O investimento em gente será um dos nossos focos nos próximos anos. Um mindset alinhado é o diferencial frente às grandes instituições.”

A empresa também não quer abandonar o que mais entende, que é a concessão de crédito para os menos abastados. As operações serão tocadas com muita tecnologia, diz Yamaguti, com marketing agressivo no público-alvo. Isso tende a criar uma rede de relacionamento com a clientela, seja ela do interior do Brasil ou das grandes capitais.

O CEO da empresa mostrou otimismo ao falar da “fábrica de dados” e da inteligência artificial que estão sendo construídos. “Queremos utilizar a tecnologia e utilizar os dados para ter o mesmo tato do ‘olho no olho’ e personalização”, afirmou o executivo. Com mais tecnologia, a alocação de recursos também tende a ser mais efetiva.

Esse mundo digital também demanda menos gente na rua. “Não queremos ter um ponto da Afinz em cada esquina. Estaremos muito próximos dos clientes, como sempre fomos, por meio da internet. Queremos fazer com que isso não custe a experiência do cliente.”

Afinz aposta em plataforma ampla

A Afinz também quer ampliar sua plataforma de serviços, a qual chama de open insurance. Nela, a empresa vende produtos próprios e também de terceiros. “Somos uma plataforma aberta, não olhamos para a concorrência nesse sentido”, comenta Yamaguti.

Em uma outra função, os clientes também podem operar em um marketplace dito plug and play. A ferramenta é ideal para o pequeno comerciante, que tem dificuldades com o cálculo de impostos devidos e precificação de produtos, ou então que não possuem estoque para tocar as operações.

“Qualquer comerciante pode vender os produtos de outros ali dentro. São empreendedores digitais em um comércio eletrônico propriamente dito.”

A plataforma da Afinz também incentivará atendimentos de saúde. O banco prevê o parcelamento sem juros em até 12 vezes de exames médicos, pequenas cirurgias e procedimentos dentários, servindo como uma adquirente aos estabelecimentos. “Queremos propor um open mind ao mercado, e não apenas nos prepararmos para o open banking do BC.”

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Jader Lazarini

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