Azul (AZUL4): ações vão voltar a subir? Veja projeções para o futuro da companhia
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Neste ano, a Azul (AZUL4) figura entre os principais destaques negativos do Ibovespa. A ação iniciou 2025 sendo negociada a R$ 3,64, e agora vale cerca de R$ 0,60, o que representa uma queda de mais de 80%. Contudo, segundo analistas ouvidos pelo Suno Notícias, a companhia ainda tem chance de transformar o atual pessimismo em oportunidade.

Em 28 de maio deste ano, a AZUL4 entrou com um pedido de reestruturação nos Estados Unidos, movimento conhecido como Chapter 11, o que serviu como um balde de água fria para a empresa.
“Inicialmente, a Azul apresentou um guidance positivo, apostando em maior EBITDA impulsionado pela alta demanda por viagens. Contudo, com o ingresso da companhia no Chapter 11 nos EUA, esse guidance foi suspenso. Desde então, o mercado enxerga 2025 como um teste decisivo para o plano de reestruturação da Azul“, afirma Antonio Pavesi, economista e especialista em investimentos.
O que está pressionando as ações da Azul (AZUL4)?
Assim, de acordo com Pavesi, o principal obstáculo neste ano é garantir que todas as etapas do processo de recuperação judicial da Azul sejam cumpridas com sucesso.
“A companhia precisará implementar seu plano de desalavancagem, eliminando passivos e captando recursos de forma eficiente e com custos menores. Será essencial encerrar rotas ineficientes, concentrar operações em hubs estratégicos, renegociar contratos de leasing para reduzir custos fixos e adotar práticas mais vantajosas na compra de combustíveis”, complementa.
Pessimismo exagerado
Nesse sentido, Felipe Moura, gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos, acredita que o pessimismo com as ações AZUL4 é exagerado, sobretudo no que diz respeito à reestruturação da dívida da Azul.
“O mercado pesou muito nas ações da Azul, mas vejo excesso de pessimismo. A reestruturação da dívida foi bem feita, inclusive antes do Chapter 11. Conseguiram alongar passivos e renegociar contratos importantes. Agora, o jogo é mostrar que a empresa consegue voltar a ser operacionalmente rentável”, explica.
Neste momento, incluisve, o especialista aponta que o ambiente macroeconômico começa a ser favorável para essa reestrutuação operacional da aérea.
“O dólar caiu e o preço do petróleo diminuiu bastante nos últimos meses, o que pode trazer alívio significativo para os custos. Quando esses fatores começarem a aparecer nos resultados, acredito que o mercado pode mudar a percepção sobre a Azul”, projeta.
Azul tem vantagens competitivas em relação às concorrentes
Pavesi, por sua vez, cita vantagens competitivas da Azul frente às concorrentes, como Gol (GOLL4) e Latam que podem servir de trunfos para a companhia neste momento.
“A Azul se destaca por operar diversas rotas em cidades de menor porte, concentrando voos em hubs como Viracopos e Confins. Ja a Gol prioriza centros de alta demanda, enquanto a Latam mantém forte presença em rotas internacionais, embora fique atrás da Azul no âmbito doméstico”, afirma.
Apesar dos especialistas enxergarem um possível horizonte positivo para a ação da Azul, tanto J.P. Morgan quanto o Bradesco BBI mantêm recomendação de venda para os papéis.
Para o J.P. Morgan, o foco dos investidores deve permanecer no andamento do processo de recuperação judicial. Já o Bradesco BBI mantém preço-alvo de R$ 0,50 para os papéis da Azul e projeta que a companhia saia do Chapter 11 nos Estados Unidos entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026, quando poderá concentrar esforços na recuperação operacional.
Neste sentido, Antonio Pavesi relembra que a estimativa mais clara a respeito da conclusão do Chapter 11 da Azul abre caminho para retomar o projeto de fusão com a Gol, o que também seria outra boa notícia para a empresa.
“Esse movimento traria ganhos de escala relevantes em um mercado altamente concentrado e regulado. Ainda assim, será fundamental avaliar desafios regulatórios e potenciais impactos na estrutura de governança da nova companhia resultante da fusão entre Gol e Azul (AZUL4)“, complementa.