Maioria do Cade aprova fusão da BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3); decisão final é adiada
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A maioria dos conselheiros do Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) votou nesta quarta-feira (20) a favor da aprovação da operação entre Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3). No entanto, a decisão final foi adiada após um pedido de vista, estendendo ainda mais a novela envolvendo a operação.

O pedido foi feito pelo conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes, penúltimo a votar. Com isso, o caso deverá retornar ao tribunal da autarquia em até 60 dias para julgamento definitivo da fusão entre Marfrig e BRF.
Por que o Cade adiou novamente a decisão?
O adiamento da análise ocorreu mesmo com a maioria dos conselheiros acompanhando o voto do relator e presidente do Cade, Gustavo Augusto de Lima, que recomendou a aprovação sem restrições da fusão BRF e Marfrig.
A questão central do debate foi a participação da empresa saudita Salic, acionista da BRF com 11,03% e da Minerva, concorrente da Marfrig, com 24,49%.
Os conselheiros entenderam que uma possível influência política da Salic na nova companhia deverá ser avaliada posteriormente. O relator propôs que a aprovação seja condicionada à suspensão temporária dos direitos políticos da Salic até que o Cade analise especificamente essa questão.
Entenda a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3)
Anunciado em maio deste ano, o acordo prevê a incorporação da BRF pela Marfrig, que já possui 58,87% do capital da companhia. A operação tornará a BRF uma subsidiária integral da Marfrig, encerrando a negociação de suas ações na bolsa.
A transação deve gerar sinergias de cerca de R$ 485 milhões por ano, com ganhos de eficiência, redução de custos e expansão de receitas. A empresa resultante terá faturamento estimado em R$ 152 bilhões anuais, consolidando-se como um dos maiores grupos do setor de proteínas do mundo e rivalizando de forma mais direta com a JBS.
A proposta, no entanto, enfrentou críticas quanto à relação de troca de ações. De acordo com um relatório da Genial Investimentos, os acionistas da BRFS3 podem estar arcando com um deságio estimado em 15%, além da ausência de prêmio de controle, prática normalmente esperada em operações desse porte.
O processo também foi alvo de revisões pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que solicitou informações adicionais sobre a metodologia usada para calcular a troca de ações.
Apesar disso, a fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) segue avançando no campo regulatório, restando apenas a análise final do Cade para que a operação seja concluída.