Entenda o que é o Plano Safra 25/26 e o que está em jogo no crédito rural

O governo federal lançou nesta segunda-feira (30) o novo Plano Safra 25/26, que destinará R$ 89 bilhões à agricultura familiar. Desse total, R$ 78,2 bilhões irão para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que completa 30 anos em 2025. Segundo o governo, trata-se do maior volume já destinado ao setor, com foco no financiamento da produção de alimentos básicos, como arroz, feijão, leite, frutas e hortaliças.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/06/Artigos-e-Noticias-Banner-Materias-01-Desktop_-1420x240-1.png

As linhas de crédito continuam oferecendo juros reais negativos. Produtores que cultivam alimentos da cesta básica pagarão até 3% ao ano; para práticas agroecológicas e cultivos orgânicos, a taxa pode cair para 2%. Já microcréditos especiais, como o Pronaf B Agroecologia e Quintais Produtivos, oferecem juros de 0,5% com bônus de adimplência de até 40%.

Além do crédito, o plano inclui recursos para programas de seguro, compras públicas, assistência técnica, habitação e regularização fundiária. Também foram criadas linhas para adaptação às mudanças climáticas, conectividade rural e acessibilidade para pessoas com deficiência.

“O Plano Safra anunciado hoje é mais do que um conjunto de medidas financeiras, é uma ferramenta de transformação social”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

A nova edição do programa chega em um momento de juros elevados na economia e busca garantir crédito acessível para quem abastece o mercado interno com alimentos básicos. O governo aposta que, com subsídios bem direcionados, será possível melhorar a renda de pequenos produtores e manter os preços dos alimentos sob controle.

“Neste Plano Safra realizamos um esforço histórico para garantir juros reais negativos a quem coloca comida de verdade na mesa do povo brasileiro”, disse a secretária-executiva do MDA, Fernanda Machiaveli.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/06/Artigos-e-Noticias-Banner-Materias-02-Desktop_-1420x240-1.png

O que muda com o Plano Safra 25/26?

Uma das principais novidades é a criação de linhas de crédito específicas para adaptação climática, como irrigação com energia solar, práticas de convivência com o semiárido e apoio à transição agroecológica. Os limites variam entre R$ 40 mil e R$ 250 mil, com prazos de reembolso de até 10 anos e carência de até 3 anos.

Também foram lançadas linhas voltadas à inclusão produtiva de mulheres rurais, por meio do Pronaf B Quintais Produtivos, e o Pronaf Acessibilidade Rural, que financia adaptações de moradia e equipamentos para pessoas com deficiência. Além disso, o plano passa a apoiar com mais força cooperativas formadas por povos indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.

Outro marco é a institucionalização do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que visa reduzir o uso de defensivos químicos e ampliar o uso de bioinsumos, assistência técnica qualificada e monitoramento ambiental. O programa integra diversas pastas ministeriais e reforça a estratégia de transição para modelos sustentáveis de produção.

Na área de comercialização, foi lançado o Programa SocioBio Mais, que substitui o PGPM-Bio e passa a garantir preços mínimos para produtos da sociobiodiversidade, como borracha, babaçu e pirarucu. Já o edital Central Abastece busca ampliar a participação da agricultura familiar em mercados como a CEAGESP.

Mesmo com os avanços, há quem destaque os limites da política pública. Segundo Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) vêm ganhando espaço no financiamento do agronegócio justamente por atenderem perfis que ficam fora do escopo do Plano Safra.

“A verdade é que o Plano Safra não consegue atender a todas as necessidades do setor. A previsibilidade que os FIDCs oferecem é um diferencial valioso para o produtor rural que precisa planejar a próxima safra com meses de antecedência”, afirmou Assis.

O Plano Safra 25/26 reforça o papel da agricultura familiar como motor de segurança alimentar, geração de renda e sustentabilidade. Com a ampliação do crédito, a criação de novos programas e o foco em tecnologias adaptadas ao campo, o governo aposta em uma produção mais diversificada, acessível e resiliente — mesmo que, como ressaltam os especialistas, soluções complementares do mercado privado continuem sendo fundamentais para dar conta de toda a complexidade do setor.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2025/06/Artigos-e-Noticias-Banner-Materias-03-Desktop_-1420x240-1.png

Maíra Telles

Compartilhe sua opinião