Ibovespa abre semana em queda em meio a tensões no Oriente Médio

O Ibovespa começou a semana em queda de 0,41%, com fechamento a 136.550,50 pontos nesta segunda-feira (23), depois de oscilar entre 135.835,25 e 137.130,13 pontos. O giro financeiro da sessão ficou em R$ 20,5 bilhões.

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No mês, o índice da B3 recua 0,35%, ainda acumulando ganho de 13,52% no ano. As hostilidades em andamento no Oriente Médio — que envolveram ao longo do dia ataques telegrafados pelo Irã a bases norte-americanas no Catar — mantiveram o apetite por risco na defensiva.

As Forças Armadas do Irã confirmaram o ataque à base americana de Al-Udeid, no Catar, alertando que violações à sua “integridade territorial” terão resposta, em comunicado divulgado no período da tarde (horário de Brasília). Por sua vez, o governo do Catar afirmou que se reserva o direito de “responder diretamente, de maneira proporcional à natureza e à gravidade dessa agressão descarada”.

Contudo, relato do jornal “The New York Times” aponta que o Irã coordenou os ataques à base aérea norte-americana no Catar com autoridades catarianas: avisou com antecedência que os ataques estavam chegando para minimizar as baixas, de acordo com três autoridades iranianas familiarizadas com os planos. As mesmas autoridades disseram que o Irã precisava simbolicamente revidar os EUA, mas, ao mesmo tempo, agir de forma que permitisse a todos os lados uma saída negociada.

Na primeira declaração pública após os ataques a bases americanas no Catar, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o país não aceitará ser alvo de ofensivas estrangeiras. “Não agredimos ninguém. E não aceitaremos nenhum tipo de agressão de ninguém, sob nenhuma circunstância”, afirmou em publicação no X (antigo Twitter).

Mesmo com as tensões sem um desfecho previsível, os preços do petróleo Brent e WTI recuaram mais de 6,5%, devolvendo parte dos prêmios de risco que haviam se acumulado na commodity desde que Israel iniciou, na madrugada do último dia 13, ataques ao Irã. A situação parecia se tornar ainda mais sensível com o envolvimento direto dos Estados Unidos, neste sábado (21), em ataques a instalações associadas ao programa nuclear do Irã, em ação inédita no país envolvendo os aviões bombardeiros B-2 Spirit.

Ainda assim, apesar da recomendação feita pelo Parlamento iraniano, o Estreito de Ormuz, por onde passam 20% do fluxo global de petróleo, permanece aberto, o que reforça a expectativa de que o Irã esteja, de fato, interessado em uma trégua negociada, e não no acirramento de tensões. Ali perto, no Bahrein, está a frota naval americana que assegura o tráfego de petroleiros pelo Golfo Pérsico.

“Todos os olhos estão voltados para a extensão da retaliação do Irã”, diz Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury. De certa forma, acrescenta o analista, os investidores se agarram, no momento, à expectativa de que venha a prevalecer uma distensão entre as partes em disputa, apegados à constatação de que a reação do Irã se mostra, até aqui, relativamente limitada, e também pela indicação da Casa Branca de que o ataque do fim de semana foi uma ação única, que não se repetirá, “e não o início de uma guerra total”.

“A grande questão é a capacidade real das forças de segurança iranianas de fechar o estreito de Ormuz”, diz Igor Lucena, economista e doutor em relações internacionais, CEO da Amero Consulting. “Estamos falando de uma região por onde passam entre 20 e 24 milhões de barris de petróleo por dia. É claro que países como a Arábia Saudita ainda contam com gasodutos e oleodutos que possibilitam o escoamento de parte dessa produção, mas esse volume não deve ultrapassar 4 a 5 milhões de barris. Ou seja, está longe de ser suficiente.”

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Segundo ele, há outras questões importantes em aberto relacionadas ao conflito, como o impacto sobre o custo dos fretes em escala global — principalmente no Oriente Médio —, bem como sobre seguros e operações financeiras associadas, com potencial para afetar o comércio internacional.

Ibovespa: confira as principais altas e baixas do dia

Com a queda que chegou a superar 7% nos preços do petróleo durante a sessão, as duas classes de ações da Petrobras fecharam em baixa (PETR3, -2,81%; PETR4, -2,50%). Por outro lado, a principal ação da carteira, Vale (VALE3), subiu 1,26%, a R$ 50,55, na máxima do dia no fechamento e exceção entre as blue chips a avançar nesta segunda-feira.

Outro segmento de peso, o financeiro, registrou em geral perdas em torno ou pouco acima de 1% durante a sessão, com destaque negativo no fechamento para Santander (SANB11,  -1,19%) e Banco do Brasil (BBAS3, -1,22%).

Bolsas de Nova York sobem após alívio com retaliação fraca iraniana

As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta segunda-feira, 23, em uma sessão volátil, na qual acompanharam intensamente o noticiário relativo aos confrontos no Oriente Médio. Os ataques norte-americanos às instalações nucleares do país chegaram a colocar amplos receios no mercado, especialmente por um potencial reflexo no petróleo.

Por sua vez, após a retaliação de Teerã sem maiores impactos sobre a infraestrutura da base norte-americana no Catar, o mercado operou com alívio. O forte impacto nos preços do petróleo, que tombou quase 7%, acabou pressionando companhias do setor, que recuaram.

Confira os fechamentos do dia em Nova York:

  • Dow Jones: 42.581,78 (+0,89%)
  • S&P 500: 6.025,17 (+0,96%)
  • Nasdaq: 19.630,97 (+0,94%)

O bombardeio norte-americano de instalações nucleares no Irã marca uma grande escalada de tensões no Oriente Médio, aponta o UBS. Um possível fechamento do Estreito de Ormuz teria implicações muito maiores, lembra. O parlamento iraniano solicitou o fechamento do Estreito após os ataques, mas a decisão final cabe ao Conselho Supremo de Segurança Nacional.

Entre as empresas, Chevron (-1,80%) e Exxon Mobil (-2,58%) recuaram. Já a Tesla subiu 8,23% após o lançamento do serviço de robô-táxi, em Austin, Texas, que possui tecnologia de direção autônoma baseada em inteligência artificial (IA) desenvolvida internamente pela companhia de Elon Musk.

Apesar do lançamento ter sido restrito a uma área limitada e com poucos usuários selecionados para os testes e início das operações, o veículo foi considerado seguro e eficiente por analistas. Contudo, o cenário ainda traz desafios, como a necessidade de cumprir regulações estaduais e a forte concorrência de outras empresas.

A Novo Nordisk anunciou nesta sexta o término da sua colaboração com a Hims & Hers, acusando a empresa americana de vender versões “enganosas e ilegítimas” do medicamento para emagrecimento Wegovy. Em comunicado, o grupo farmacêutico dinamarquês alegou que as cópias colocavam a segurança dos pacientes em risco e prometeu continuar a disponibilizar medicamentos autênticos por meio da NovoCare Pharmacy. A Hims & Hers despencou 34,63% com o anúncio.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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