Selic e juros dos EUA: o que esperar de mais uma Super Quarta?

As decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos movimentam o mercado nesta quarta-feira (18), Aqui, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anuncia, depois do fechamento do mercado, se manterá a Selic em 14,75% ao ano ou se fará uma nova elevação, de 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano. 

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Nos Estados Unidos, os juros básicos devem ser mantidos no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano, e as principais expectativas estão no comunicado, que deve sair no meio da tarde. Analistas e operadores vão tentar identificar no texto sinais de quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) retomará o processo de queda dos juros.

Em mais um dia em que o mercado convencionou chamar de “Super Quarta”, por concentrar decisões relevantes num curto espaço de tempo, analistas estão divididos entre duas possibilidades para a Selic. Mas o economista-chefe da Suno, Gustavo Sung, aponta que o comunicado do Copom será tão importante quanto os números.

Para ele, o comitê precisa manter uma postura “hawkish”, ou seja, sinalizar que continua disposto a manter os juros altos o tempo que for necessário para controlar a inflação, apesar da impopularidade da medida. “Em qualquer dos cenários, o comunicado desta reunião deverá adotar um tom bastante duro para preservar a confiança na política monetária e ancorar as expectativas”, aponta o analista.

Sung destaca que dados recentes trouxeram certo alívio ao cenário de juros e de pressão inflação: os dados do IPCA de maio, que mostraram melhora na margem, e dados iniciais de atividade econômica que começaram mais fracos no segundo trimestre de 2025. 

Mesmo assim, o economista acha que é cedo para inverter os sinais da política monetária, diante de outros números, como os resultados do mercado de trabalho, que ainda se mostra fortalecido. “O atual estágio do ciclo exige cautela adicional e flexibilidade para preservar a credibilidade e o compromisso da nova diretoria com a meta de inflação.

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Selic em aberto no Brasil; nos EUA, pressões de Trump

Nos Estados Unidos, o consenso entre especialistas é que, mesmo com o aparente alívio nas pressões inflacionárias, o Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed deverá deixar inalteradas as taxas de juros americanas pela quarta vez consecutiva — a despeito dos pedidos do presidente Donald Trump e do vice-presidente J.D. Vance.

Os dois se manifestaram na semana passada pedindo a queda dos juros para ajudar a acelerar a economia do país, mas em tom menos alarmante do que antes da reunião de maio, quando Trump chegou a ameaçar a demissão do presidente do Fed, Jerome Powell, que tem mandato até maio de 2006.

O consenso entre analistas é os diretores do BC americano manterão a postura de “esperar para ver”, de olho nos impactos das tarifas de comércio exterior e de tensões geopolíticas sobre as expectativas inflacionárias dos EUA. Assim, da mesma forma que no caso do Copom e da Selic, será importante analisar o tom adotado pelo comunicado para atualizar as projeções sobre os cortes de juros — no momento, esperado apenas para o encontro de setembro do Fed.

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Fernando Cesarotti

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